Musicalidades - Viviane

Janela entreaberta para... a música de Viviane


Dona de uma das vozes mais carismáticas da música portuguesa, Viviane ainda é conhecida como a “pequena flor” que gravou em 1990 ainda com os Entre Aspas. A cantora deixou cair as “aspas” mas continua fiel à música. Regressou na primavera deste ano com “as pequenas gavetas do amor” repletas de sonoridades novas, embalada por fragmentos sul-americanos e bocadinhos de “musette” francesa e aromas de fado. É o que hoje sobe ao palco do Cine-teatro Municipal João Mota, em Sesimbra, quando forem 21.30 horas.  
Viviane actua esta noite em Sesimbra 




Viviane iniciou a sua carreira musical em 1990, quando formou com Tó Viegas o grupo Entre Aspas, que após alcançar o 3.º lugar no concurso de música moderna da Câmara Municipal de Lisboa assinou contrato com a multinacional BMG, através da qual gravou cinco álbuns. E através de canções como "Perfume", "Criatura da Noite", "Tropecei nas Escadas" ou "Uma Flor", a sua voz tornou-se numa das mais emblemáticas da pop nacional dessa década. Contudo, a certa altura, houve necessidade de experimentar outros territórios e a banda terminou o seu percurso em 2005. 
"Quando decidimos colocar um ponto final foi porque todos tínhamos os nossos projectos. Foi um ciclo que se fechou porque estava a começar outro. Esta vontade de fazer o que faço hoje talvez já estivesse presente nos últimos anos dos Entre Aspas mas a banda tinha uma filosofia, uma linha estética muito própria. Eu não podia impor-lhe este tipo de mudanças", recordou Viviane numa entrevista.

O inicio a solo

Carreira a solo começou em 2005 




Em 2005, após a extinção do grupo, Viviane começa a sua carreira a solo com o álbum Amores Imperfeitos, co-produzido com Tó Viegas, que representa uma viragem na carreira da artista que trilha um novo caminho na procura de novas sonoridades. 
Regressa em 2007, com um novo trabalho em formato acústico, com o título homónimo Viviane, em que se firma uma dialéctica enriquecedora entre as linguagens universais do fado, do tango – o acordeão e a guitarra portuguesa como notas dominantes – embalados por uma fragrância de musette, inspirada nas suas memórias de adolescência.







As pequenas gavetas do amor

Em 2009, Viviane integra o projecto Rua da Saudade , uma homenagem ao poeta Ary dos Santos, ao lado de Mafalda Arnauth, Susana Felix e Luanda Cozetti.
As Pequenas Gavetas do Amor é o álbum, lançado em Março deste ano, terceiro álbum de originais de Viviane, traz a poesia de grandes escritores portugueses como Vasco Graça Moura, José Luís Peixoto, Eugénio de Andrade, Fernando Pessoa, Ana Hatherly, Rosa Alice Branco e Ana Luísa Amaral. 

A cantora gosta da "profundidade da alma"
O novo disco continua a tendência que os anteriores já denunciavam, afastando-se das linguagens pop-rock para se aproximar dos universos do fado, do tango ou da chanson. "Há um certo dramatismo que é comum a estes três elementos. Todos falam do amor com letras maiúsculas e esse é um tema inesgotável e eterno. Há um fio condutor até porque todos estes estilos fazem parte de mim, não surgem do nada", explica a cantora. De resto, alguns destes géneros convivem com a cantora desde a infância. "Nasci em França e cresci lá a ouvir muita música francesa - Édith Piaf, Juliette Gréco e outros cantadores que marcaram uma época. E aí o acordeão estava muito presente, como está neste disco", sublinha.
Além da chanson e da musette, "As pequenas gavetas do amor" passa pela música da América Latina. "Tinha um avô que andou pela Argentina. Descobri alguns dos seus vinis com tangos e achei que era interessante explorar um bocadinho essa sonoridade".
Não se assumindo como fadista, Viviane inclui, ainda assim, alguns traços do fado nestas canções: "Sou portuguesa acima de tudo e acho que todos temos um bocadinho de fado dentro de nós. O que vou buscar ao fado é a profundidade da alma, dos sentimentos. O que deixaria de parte no fado é a questão da fatalidade e do destino. Esse aspecto não me interessa muito, prefiro a parte do seu carácter e personalidade".
Neste disco, a ex-vocalista dos Entre Aspas, junta a sua voz e a flauta, o seu instrumento de eleição, com a guitarra portuguesa, o acordeão, a viola, o baixo acústico e a percussão. Como convidados especiais a cantora teve ao seu lado António Zambujo, Luís Varatojo e Custódio Castelo.


Bilhete: € 10
Cineteatro Municipal João Mota
Rua João da Luz, n.º 5
2970-635 Sesimbra
Tel.: 21 228 87 15
E-mail:
 cineteatro@cm-sesimbra.pt
Horário da bilheteira
quarta a domingo, das 16 às 20h
O horário é prolongado em dias de espetáculo/cinema, até 30
minutos depois do início dos mesmos.
Informações e reservas: 21 223 40 34

Paulo Jorge Oliveira


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