Retratos da campanha eleitoral - Cavaco Silva


Cavaco preparado para vencer na primeira volta 




Cavaco Silva sai à rua e está no seu melhor. Não há banhos de multidão, mas há sempre muita gente. Diz quem sabe que o actual presidente está à vontade e solto na campanha. “Sou um homem do povo, sinto-me bem no meio do povo”, dizia a semana passada num acção de campanha pelo Norte de Portugal. Ao fim de duas semanas na estrada e quase quatro mil quilómetros percorridos por 16 distritos, Cavaco Silva confessa que "é do povo", da "gente da nossa terra", que lhe vem a força para "aguentar estes dias todos de campanha".
Curiosamente, o homem do povo não fará campanha no Distrito de Setúbal. Esteve em Almada, Montijo e Setúbal antes da campanha eleitoral, no início do ano, e mostrou-se satisfeito por ter sido "novamente muito bem recebido", garantindo ser "um candidato de Portugal inteiro e não apenas do norte ou do sul do país". Cavaco Silva acha que Setúbal é uma "lição para o país" e, por isso, pretende que seja "um exemplo bem conhecido da população nos tempos difíceis" que o país atravessa. Cavaco recordou “os tempos dos salários em atraso e do desemprego", uma vez que foi ele, enquanto primeiro-ministro, que deu resposta a esses problemas, dando o exemplo da inauguração da Autoeuropa. "Os peritos da mentira e da manipulação não conseguem esconder estas realidades".
O tema da pobreza voltou ao discurso de Cavaco Silva. No distrito, o candidato Presidente não falou das bandeiras negras em Setúbal, dos tempos de Mário Soares como primeiro-ministro, mas são esses tempos de dificuldade que o Cavaco quer evitar na Península de Setúbal. “Lembrar o que foram os tempos dos salários em atraso, dos tempos da pobreza e da miséria, neste distrito e Setúbal não pode voltar atrás. E uma das razões porque me candidato é precisamente para dar a minha experiência e o meu conhecimento para que Setúbal não volte àqueles tempo, em que a voz do Bispo Manuel Martins tinha que se erguer para que os políticos se lembrassem da Península de Setúbal”, afirmou lançando uma farpa ao Governo de José Sócrates.
O candidato à Presidência da República foi confrontado com relatos na primeira pessoa, na visita que fez a Almada. Na resposta, Cavaco Silva aconselhou a quem enfrenta situações de carência, a procurar ajuda, não nas instituições públicas, mas nas instituições privadas. 

Também o ex-presidente Ramalho Eanes, que preside à comissão de honra da candidatura de Cavaco Silva, acredita que o actual Presidente é o candidato que "tem melhores condições para ajudar o país a sair da crise", uma vez que tem "experiência política, conhece o país e tem relações internacionais especiais". Por isso, mostra-se convencido de que o país irá ultrapassar as "carências e o desemprego" que enfrenta.
Pelo mesmo diapasão são também as palavras do mandatário distrital, Carlos Beato, que conta que o actual presidente [e candidato] "fez muito por Setúbal", pelo que a população "foi mais uma vez fraterna e hospitaleira" na recepção ao candidato. Por isso, acredita que o distrito de Setúbal vai contribuir para a reeleição de Cavaco Silva, sendo "decisivo" para a sua vitória logo à primeira volta, "tal como nas eleições de 2006". O presidente da câmara de Grândola afirma que Cavaco Silva "pode ser aquele clique que as pessoas esperam e precisam em tempos de crise para ultrapassar as dificuldades".




Para o candidato apoiado pelo PSD, CDS-PP e MEP, no entanto, o principal adversário será a abstenção. “Em tempos reconhecidamente difíceis como aqueles em que vivemos, não é aceitável que existam Portugueses que se considerem dispensados de dar o seu contributo, por mais pequeno que seja.O alheamento não é uma forma adequada – nem, certamente, eficaz - de enfrentar os desafios e resolver as dificuldades. Quando estão em causa questões que a todos dizem respeito, nenhum de nós se pode eximir das suas obrigações, sob pena de a gestão da coisa pública ficar sem esse escrutínio indispensável que é o
voto popular”.

Paulo Jorge Oliveira 

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