Rua de Dentro já está em cena
O Teatro o Bando estreou a 25 de Novembro, às 21:00 horas, na quinta em Vale dos Barris, em Palmela, o espectáculo “A Rua de Dentro”, com encenação de Sara Castro e João Brites.
O texto é de Ana Vicente, desenvolvido em colaboração com as actrizes Ana Brandão, Crista Alfaiate e Paula Só, que protagonizam a acção. A obra reflecte sobre a condição feminina de três mulheres de idades diferentes.
O espectáculo tem direcção artística de João Brites, Rui Francisco, Jorge Salgueiro e Teresa Lima.
Segundo a autora e a encenadora, “o impulso que nos leva à concepção deste projecto, em última instância, deriva apenas de um único facto: somos mulheres. A importância disso para o projecto é tão significativa como pouco relevante. O próprio paradoxo do feminismo é esse mesmo: existe para que não faça sentido existir. A humanidade busca-se no real, não no especulativo, a universalidade está em cada um de nós. Não procuramos espelhar esse contexto, como uma imitação/ilustração da nossa vida quotidiana de mulheres: aceitamos a premissa de que a arte é artifício. No entanto, trabalhamos a partir das sensações concretas. É nesse paradoxo entre um contexto real e uma expressão cénica simbólica que pensamos encontrar a linguagem para este espectáculo. O teatro não se faz de ideias, faz-se de acontecimentos, do presente, do enigma, do inominável. A concretização caminha ao lado das ideias. À medida que o sonho avança, as ideias esclarecem-se. Todos os dias, nas nossas casas, na rua, no trabalho, na família, somos confrontadas com a incapacidade de redesenhar um novo limite. Queremos que este espectáculo exponha essa nossa contradição diária. As contradições da suposta mulher emancipada que se coloca na posição que teoricamente recusa. A capacidade de nos rirmos de nós próprias é também uma virtude da desconstrução e uma peça essencial para o nosso projecto. Definimos como cenário uma casa, uma casa que se altera, que se redefine pela intervenção das próprias personagens. Procuramos trabalhar com as actrizes (na oralidade, na corporalidade e na interioridade), ao nível do imaginário na sua abordagem ao feminino. As três personagens (uma mulher que foge; uma mulher de meia-idade, dona de casa, sozinha; e uma mulher preocupada e independente) foram assim construídas em função das inquietações e problemáticas das três actrizes (Crista Alfaiate, Paula Só e Ana Brandão), cuja especificidade se tornou causa e consequência dessa mesma criação”, concluem Ana Vicente (autora) e Sara de Castro (encenadora).
Texto ANA VICENTE
Encenação SARA DE CASTRO e JOÃO BRITES
Oralidade TERESA LIMA
Espaço Cénico JOÃO BRITES
Figurinos CLARA BENTO
Adereços FÁTIMA SANTOS
Música CARLOS BICA
Desenho de Luz JOÃO CACHULO com ANA BRANDÃO, CRISTA ALFAIATE e PAULA SÓ
Criação TEATRO O BANDO
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