Debate Grupo Amigos do Concelho de Palmela

Palmelões querem vida no centro histórico

Os habitantes de Palmela querem “devolver a vida” ao Centro Histórico da vila. Está desertificado, envelhecido. As ruas demasiado estreitas, a falta de estacionamento, de comércio e de serviços, bem como as condições impostas pelo Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico (IGESPAR), aquando da reforma dos edifícios, são os principais entraves ao desenvolvimento da zona. É este o ponto de vista de vinte Palmelões que se reuniram na Sociedade Filarmónica “Os Loureiros”, numa organização do Grupo dos Amigos do Concelho de Palmela (GACP), a 20 de Novembro. Para Jorge Mares, presidente da direcção, “Palmela está parada, Palmela não cresceu. Para quem aqui tem raízes isto é uma tristeza”. Acrescentou que a falta de requalificação do parque habitacional faz com que as pessoas procurem outras localidades para viver e passear. Passeios que poderiam ser feitos no Castelo que, segundo o mesmo, está a precisar de obras e de iluminação. Criticou o facto de as visitas no ponto mais alto estarem interditas e de o Posto de Turismo estar fechado ao fim-de-semana, referindo-se ainda ao Parque Venâncio da Costa como “abandonado”. No entanto, afirmou não querer que se pense que Palmela é medonho, lembrando que o concelho é dos mais industrializados do país e considerando que “tem gente com capacidade para fazer muito mais”. No entanto, “pedimos a vossa ajuda para sensibilizar quem de direito”.
Apesar de a plateia ser pequena, não faltaram intervenções, praticamente todas a defender a reabilitação do Centro Histórico. António Barradas, membro da Assembleia de Freguesia de Palmela, referiu a inexistência de casas de banho no Castelo, o que leva os turistas a fazerem as necessidades nas imediações do mesmo. Quanto a jovens habitantes, explicou que estes não querem morar no local, as casas “são muito estreitas”. Assim, falou das limitações que condicionam as obras, considerando que “isto tem de evoluir”. 




A opinião de quem lá vive... 

Eduardo Machado tem a mesma opinião, mas, ainda assim, tem apostado na requalificação da zona, tem 30 inquilinos. Para a falta de estacionamento, sugeriu o matadouro antigo como alternativa. Entre várias opiniões, Anabela Rito foi a única a discordar das afirmações de que o Centro Histórico está envelhecido. Afinal, ela é jovem e mora numa dessas ruas. Observou que há pessoas a visitar Palmela e deu os exemplos das Festas das Vindimas, do Festival do Moscatel e do Festival Internacional de Música – Palmela “terra de cultura”, que passa pela antiga zona. João Garrido, tesoureiro do GACP, respondeu a Anabela Rito, observando que a jovem habita no Centro Histórico, porque mora na casa dos pais, adiantando que a mesma, quando sair, não vai, “quase de certeza”, morar na casa ao lado. Mais uma vez, foi referida a necessidade de remodelar as habitações. Pedro Rosário, presidente da assembleia-geral do GACP, observou que existem edifícios com loja no rés-do-chão e habitação no primeiro andar, mas “para isso há engenheiros e arquitectos, tudo depende da vontade local”.

Vereadores também opinaram  



Apesar de irem assistir ao colóquio como munícipes, as várias intervenções levaram aos discursos dos vereadores da autarquia local, como foi o caso de Natividade Coelho (PS) e Luís Calha (CDU). Segundo Natividade Coelho, o Centro Histórico nunca esteve no top das prioridades autárquicas. De qualquer forma, não ilibou as responsabilidades do Ministério da Cultura e do IGESPAR. Já Luís Calha, argumentou que “não é a lançar campanhas negativas que conseguimos ir ao encontro daquilo que nos une a todos, o desenvolvimento. O desenvolvimento que é um processo que deve ser partilhado”. Destacou que a administração central não vai fazer qualquer investimento no concelho, e informou acerca do projecto de recuperação do Centro Histórico. Tem, até ao momento, 11 parceiros estratégicos, entre bancos, Direcção Regional de Cultura de Lisboa e Vale do Tejo, Agência de Energia da Arrábida, Instituto de Emprego e Formação Profissional. Quanto aos agentes locais, 26 associações estão interessadas em colaborar. “Palmela continua a ser um concelho de oportunidades, mas tem de se conjugar a Câmara com a sociedade civil e as empresas”. No final do encontro, recomendaram-se novas sessões, com o intuito de atrair mais Palmelões, incluindo a população que tem interesses económicos no Centro Histórico, como é caso dos comerciantes.

Helena Correia 

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