Pais encerram quatro escolas na Costa da Caparica


Todos contra a agregação de escolas

Os encarregados de educação dos 1700 alunos da Costa da Caparica, em Almada, encerraram ontem a cadeado as quatro escolas da cidade, em protesto contra a agregação do Agrupamento Vertical de Escolas da Costa da Caparica à Escola Secundária do Monte da Caparica. Alunos, pais e comunidade educativa concentraram-se em frente às escolas, neste que foi o segundo dia sem aulas, de onde prometem não sair enquanto o Ministério da Educação e Ciência não os ouvir. Ministério da Educação já deu sinais de que a agregação é mesmo para avançar. 

1700 alunos ficaram sem aulas dois dias devido a protestos 

"Neste momento está aqui uma grande confusão. Os pais fecharam as escolas a cadeado durante a noite e as quatro escolas estão encerradas. A polícia partiu os cadeados mas os alunos não têm aulas", assegurou Liberta Quadrio, presidente da associação de Pais da E.B./J.I da Costa da Caparica.
"Não queremos perder identidade. Queremos que a Costa da Caparica tenha ensino secundário, porque temos todas as condições para isso. Com a criação deste mega-agrupamento [determinada há uma semana pelo Ministério da Educação e Ciência] e a passagem da sede de Agrupamento para a Escola Secundária do Monte, vamos enfrentar muitos problemas", alertou a responsável.
Os pais temem que esta alteração leve ao agravamento das dificuldades económicas, ao aumento do abandono escolar e da insegurança, bem como à perda da qualidade de ensino.
"A Escola Básica 2, 3 da Costa da Caparica, que até agora era sede do Agrupamento, tem ótimas condições. Isto é como uma família, um colégio particular que não se paga. Se os nossos filhos passarem para a secundária do Monte da Caparica, a nova sede do mega-agrupamento, tudo isso se vai perder. O meu filho para o Monte da Caparica não vai", garantiu Inês Abecassis, encarregada de educação de aluno do 6º ano.

Diretor não concorda com ministério
Para o diretor do Agrupamento de Escolas da Costa da Caparica, a decisão do Ministério da Educação foi uma "completa surpresa", razão pela qual está "solidário" com a luta dos pais.
"Percebo e estou solidário com o que está a acontecer. Não fomos ouvidos, no sentido de atenderem às nossas reais necessidades. Sempre mostramos a intenção de abrir já em Setembro duas turmas de ensino secundário, o que num prazo de três anos se estenderia a seis turmas, e contámos com o apoio do conselho geral, da junta de freguesia e da Câmara Municipal de Almada. Não estávamos à espera que esta escola fosse agregada à Escola Secundária do Monte da Caparica", garantiu João Fonseca.
Neste momento encontra-se a circular pela cidade e pela comunidade educativa um abaixo-assinado com vista à desagregação das escolas.

Agregações de escolas foram feitas “de forma absolutamente natural”
Enquanto, pais, alunos e professores protestam em Almada, o secretário de Estado do Ensino Básico e Secundário, João Grancho, considera que “a larguíssima maioria” das agregações de escolas foi feita de forma “absolutamente natural”, sublinhando a aposta “na melhoria da qualidade da educação” resultante deste processo.
À margem da cerimónia de abertura do seminário internacional “Projectos educativos municipais – dinâmicas de construção, implementação e monitorização”, que decorre até quinta-feira no Porto, o secretário de Estado do Ensino Básico e Secundário foi questionado sobre a contestação em torno da agregação das escolas – no dia 16 o Ministério da Educação e Ciência anunciou a constituição de 67 novos agrupamentos escolares – e recordou que este processo “já tem pelo menos três anos” e tem “vindo a ser desenvolvido de uma forma gradual”.
“As centenas de agregações que foram feitas foram-no de uma forma consensualizada, cabendo naturalmente à administração central - depois de colhido quer parecer, quer sensibilidade não só dos municípios, como também das próprias escolas - decidir em função daquilo que é o interesse dos próprios alunos”, explicou.
Segundo João Grancho, não é possível que “todos” estejam de acordo, mas, “a grande maioria, a larguíssima maioria das situações de agregação foi feita de uma forma absolutamente natural”.
“Agora, é óbvio que quando estamos a agregar realidades aparentemente diferentes, haverá sempre interpretações diferentes”, disse.
Para o secretário de Estado, os resultados da avaliação das agregações “entretanto constituídas” dão ao Governo o “conforto” de que está “a apostar na melhoria da qualidade da educação através deste processo de agregação”.

Agência de Notícias

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