Shalom mata a fome a centenas de pessoas


 Cabazes alimentares chegam a 450 famílias de Setúbal

Perto de meio milhar de famílias, reconhecidamente carenciadas, levantaram, este sábado, o cabaz de alimentos natalícios, na associação Shalom, sedeada na Rua Moinho do Frade, em Setúbal. Devido à época festiva, esta instituição de solidariedade ainda promoveu uma festa natalícia destinada aos filhos das famílias carenciadas.

Centenas de cabazes alimentares chegaram a famílias carenciadas 

Quem não sabe, até poderia pensar tratar-se de uma qualquer manifestação, aquilo que aconteceu este sábado, na Rua Moinho do Frade. Mas não. Na verdade, as 450 pessoas que lá se concentraram (repartidas pelos turnos da manhã e tarde), foram levantar o seu cabaz de alimentos, um pouco mais enriquecido que nos restantes meses, devido à época natalícia.
Vieram em passo acelerado e nas mãos traziam a esperança e muitos sacos para o caminho  as pessoas, de diferentes escalões etários e freguesias, mas registadas como carenciadas, esperavam pela vez da sua senha para levar para casa o avio fornecido pela associação Shalom, que faz distribuição de alimentos na cidade de Setúbal todos os meses.
 “Só aqui vem quem está no limiar da pobreza”, explica Marisa Bossa, directora técnica da Shalom, instituição de solidariedade social. “A lista de espera para esta e outras ajudas, é enorme”, avançou a técnica, adiantando que, para além dos avios mensais, esta IPSS fornece, diariamente, 140 refeições quentes, entre almoços e jantares.
Também na Rua Moinho do Frade, a Shalom possui uma cantina social, serviço apoiado em 80 por cento pela Segurança Social, sendo que “a maioria das pessoas, devidamente identificadas, prefere levar a refeição para casa”.

Cantina Social a funcionar desde Outubro
Novidade é que, desde Outubro, e por medida governamental, esta instituição de solidariedade social passou a ter uma nova valência, a chamada cantina social de emergência, a qual fornece mais 80 refeições diárias.
Os cabazes de Natal - preparados em função das diversas tipologias dos agregados familiares – incluem leite, arroz, esparguete, massas variadas, salsichas, feijão enlatado, tomate em polpa, bolachas, manteiga, azeite, óleo, farinha, açúcar, cereais, doces, queijo e sumo.
Todos estes produtos são provenientes do Banco Alimentar Contra a Fome de Setúbal, bem como dos chamados excedentes da União Europeia, via Segurança Social.
Ana Tenreiro, assistente técnica da associação Shalom, explica que todas estas pessoas “estão devidamente registadas como carenciadas, e fazem prova anual da sua situação económica e social”.
O pior é que a lista de espera não pára de aumentar. “Vamos dando as respostas possíveis às inúmeras famílias que auxiliamos, mas há cada vez mais gente a bater-nos à porta na esperança de também serem contempladas com tais apoios,” conclui a técnica.
Mariana, 49 anos. Três filhos e um neto de meses para criar. O marido “abalou-me” de casa e “só eu trabalho a lavar escadas de prédios”. Confessa “passar fome” muitas vezes e só consegue sobreviver com ajuda desta associação e dos amigos que lhe oferecem “papas e fraldas para o meu neto”. O estado? “Somos esquecidos…”, garante. “Este saco de comida pode parecer pouco – e é – mas já serve para nos deixar melhores nesta época de Natal”, confessa.

Agência de Notícias

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