O nosso fado


Uma Luz na Austeridade by Ana Esperança


O nosso fado

Nos dias que correm as palavras de ordem são austeridade, crise e contenção…
Pois bem, caros leitores, é minha intenção nestas breves linhas dar-vos conta das boas noticias de que os canais de televisão não falam e as páginas do jornal apenas mencionam em letras tão pequenas que nem damos por elas.
Chamemos-lhe “uma luz na austeridade”.



Por mais incrível que possa parecer, esta semana a minha questão foi decidir que boa noticia deveria partilhar com os leitores. Felizmente, diversos bons acontecimentos marcaram os últimos dias.
No entanto, dois deles, embora em áreas bem distintas, destacaram-se largamente no passado domingo.
Depois da longa e nervosa espera portuguesa, pelas 20h15m em Bali, Indonésia, após a leitura do relatório dos peritos – que haviam considerado a candidatura portuguesa excelente –, o Fado foi aprovado por unanimidade, sendo agora Património da Humanidade.
"Houve aplausos e cumprimentos, que ainda estão a acontecer. Estamos a ser felicitados por todas as delegações", disse minutos depois Rui Vieira Nery, principal responsável pela Comissão Científica da candidatura.
António Costa, que também esteve em Bali, sublinhou o "grande tributo que a UNESCO prestou aos fadistas" e agradeceu a todos os criadores e intérpretes que "asseguram a grande salvaguarda do Fado, dando-lhe futuro e perenidade".
Quanto às consequências práticas da aprovação, Rui Vieira Nery sublinha a "curiosidade acrescida". "É natural que haja ainda mais convites a artistas para actuarem no estrangeiro, bem como mais gente a vir a Portugal para frequentar casas de fados e para comprar discos."
Resumindo, Portugal anda nas bocas do mundo mas desta feita por uma boa causa, que ainda pode vir a dar-nos muitas alegrias e fazer esquecer os maus números...
Mas não ficamos por aqui, ainda na noite de domingo e depois de um fim-de-semana de trabalho dos cerca de 36.000 voluntários, surgiu a alegre novidade de que o Banco Alimentar contra a fome angariou mais de 2.950 toneladas de alimentos.
A campanha que durou dois dias e se estendeu a 1.615 superfícies comerciais, conseguiu em ano de crise e contenção o equivalente ao ano passado, mostrando desta forma que nós portugueses, mesmo possuindo muito pouco, ainda não perdemos a capacidade de partilhar.
Após a celebração da Eucaristia nos armazéns de Alcântara pelo Padre Antonio Vaz Pinto, um dos fundadores do Banco Alimentar, a presidente da Federação dos Bancos Alimentares Contra a Fome, Isabel Jonet, referiu em comunicado que "tanto as quantidades recolhidas como o número de voluntários ultrapassaram todas as expectativas".
Fica ainda a nota de que os géneros alimentares recolhidos vão ser distribuídos na próxima semana a mais de 2.047 Instituições de Solidariedade Social que os vão entregar a 329 mil pessoas com carências alimentares. E os mais distraídos, poderão ainda contribuir através de doações no site do Banco Alimentar e nos supermercados através da aquisição de talões que se convertem em alimentos.
Pode dizer-se que cantando e partilhando, vamos vivendo a austeridade que nos foi imposta, porque tristezas não pagam as dividas à Troika… 
Boa semana e boas noticias!

Ana Esperança
Pinhal Novo


[Ana Esperança relata todos os sábados as boas notícias em tempo de crise. Afinal há sempre uma luz no fundo da austeridade]  

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