Crise de assistentes operacionais em Setúbal leva escola a fechar turnos e pais ao limite

Encerramentos sucessivos lançam alarme na Escola Luísa Todi e pressionam Câmara a agir

Três encerramentos em apenas quatro dias, turnos cancelados e centenas de pais a exigir respostas: a Escola Básica 2/3 Luísa Todi, em Setúbal, tornou-se o epicentro de uma contestação crescente desencadeada pela falta de assistentes operacionais. Entre a frustração e o receio pela segurança dos alunos, as famílias pedem uma intervenção imediata da Câmara Municipal de Setúbal, que já prometeu reforço de pessoal até segunda-feira. 
Falta de assistentes operacionais deixa turnos inteiros por assegurar

A sucessão de cancelamentos - ora de manhã, ora à tarde - não apanhou de surpresa muitos encarregados de educação, que dizem assistir a um problema que “não é de agora”. A gota de água levou um grupo de pais, entre eles Catarina Salgado, a transformar a indignação em ação: primeiro uma carta dirigida à presidente da Câmara, Maria das Dores Meira; depois, uma petição pública que rapidamente superou as 600 assinaturas.
O documento denuncia a “escassez” de assistentes operacionais que, afirmam, está a comprometer funções básicas: acompanhamento das crianças, apoio nas refeições, vigilância nos recreios e assistência a alunos com necessidades específicas. Um cenário que, alertam, pode violar normas legais que determinam o número mínimo de trabalhadores para o funcionamento seguro das escolas.

Pais relatam episódios que levantam dúvidas sobre segurança
A mobilização dos encarregados de educação nasce também de situações concretas. Catarina Salgado menciona o caso de um aluno com canadianas que, durante duas semanas, teve de subir até ao segundo andar sem o auxílio do elevador, porque não havia funcionários disponíveis para o acionar. E aponta falhas repetidas na vigilância dos intervalos, onde várias crianças ficam “abandonadas”.
As famílias afirmam ter comunicado o problema diversas vezes ao município mas dizem ter recebido respostas “sempre negativas” quanto ao reforço imediato de pessoal. A situação foi igualmente reportada à DGESTE – Direção Geral dos Estabelecimentos Escolares e ao Ministério da Educação.

Câmara fala em “situação anómala” e promete reforço imediato
Perante o cenário, a Câmara Municipal de Setúbal esclarece que se trata de uma “situação anómala”, explicada por um conjunto inesperado de baixas médicas que deixou fora de serviço cerca de uma dezena e meia de assistentes operacionais. A autarquia garante que a escola dispõe de 56 funcionários - ligeiramente acima do rácio nacional de 54 - e lembra que, recentemente, o agrupamento recebeu mais oito trabalhadores.
Apesar disso, o município afirma que já tem previsto um reforço adicional de pessoal “na próxima segunda-feira”, assegurando que a situação será “obviamente resolvida”. A Câmara frisa ainda que mantém contacto regular com a direção do agrupamento, embora estranhe que o encerramento tenha sido decidido pela DGESTE sem consulta prévia à autarquia, algo que, sublinha, não aconteceu em circunstâncias semelhantes.

Uma crise que dá força à reivindicação
Com a petição a ganhar adesão e as famílias a reivindicar o cumprimento da legislação, a comunidade escolar aguarda agora que o reforço prometido estabilize o funcionamento da escola. Para os pais, o objetivo é simples: garantir que todas as crianças têm direito a um ambiente seguro e a condições de aprendizagem dignas - um direito que, defendem, não pode continuar comprometido.

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