Força sem-abrigo a pedir empréstimo em Almada e sai em liberdade

Um encontro insólito num rali acabou numa acusação de sequestro 

Um homem foi detido pela Polícia Judiciária em Almada por alegadamente ter sequestrado um sem-abrigo com perturbações mentais na Figueira da Foz, com o objetivo de o forçar a contrair um empréstimo bancário em seu nome. Contudo, o Tribunal de Almada considerou tratar-se apenas de um crime de coação e libertou o suspeito, alegando que a vítima nunca foi privada da sua liberdade.
Suspeito detido em Almada foi libertado pelo tribunal

O caso teve início em Maio de 2025, durante o Rally de Portugal, onde o suspeito conheceu o homem em situação de sem-abrigo. Para conquistar a sua confiança, terá começado por lhe oferecer dinheiro. Ao longo de cerca de um mês, forneceu-lhe também estupefacientes.
A 15 de Junho, o suspeito avançou com o plano que as autoridades classificaram como sequestro. Juntamente com familiares, levou a vítima da Figueira da Foz até Almada. Durante o percurso, o homem foi ameaçado: diziam-lhe que iriam vender os seus órgãos e até matá-lo, caso não colaborasse.
A situação foi denunciada pela namorada do sem-abrigo, depois de ter sido ameaçada quando tentou entregar-lhe a medicação. Foi ela quem alertou a Polícia Judiciária para o que estava a acontecer.

Tribunal dá liberdade ao suspeito e reduz a gravidade do crime
Apesar de ter sido inicialmente detido por sequestro, o tribunal decidiu que o comportamento do arguido correspondia apenas a um crime de coação - uma infração com pena mais leve.
A decisão teve por base o facto de a vítima ter estado sempre com o telemóvel e respetivo carregador, ter abastecido o carro durante a viagem sem pedir ajuda e, já em Almada, ter permanecido numa casa onde podia sair pelas janelas.
O suspeito já tinha antecedentes. Foi recentemente condenado em Viseu por liderar um grupo com mais de 20 elementos que comprava carros de gama alta através de sites como o OLX. O esquema envolvia fraude e burlas organizadas.

Defesa nega qualquer crime: “nunca houve sequestro”
O advogado do arguido, afirmou que a decisão do tribunal foi “extremamente coerente”, desvalorizando por completo a acusação de sequestro:
“O homem em causa nunca foi privado da sua liberdade. Aceitou entrar no carro de forma voluntária, viajou espontaneamente e não foi obrigado a fazer nada”. 
A defesa insiste que não houve qualquer crime - nem sequestro, nem coação, nem burla - e acredita que a acusação será desmontada em tribunal.

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