Fim do sonho: Tage Studios desiste de mega investimento em Pinhal Novo

Tage Studios desistem de Portugal por falta de apoios. O país e a região perdem 200 milhões

Cancelado. O ambicioso projeto dos Tage Studios, que prometia transformar o Pinhal Novo num centro internacional de cinema sustentável, foi oficialmente abandonado. A empresa rescindiu o contrato de aquisição do terreno, inviabilizando o investimento de 200 milhões de euros. Com o fim do projeto perdeu-se ainda a oportunidade da criação de milhares postos de trabalho especializado na região. 
Mega investimento cinematográfico abandona Portugal 

O sonho de instalar no Pinhal Novo aquele que seria o primeiro estúdio de cinema verdadeiramente ecológico da Europa chegou ao fim. A Tage Studios, liderada pelo cantor e empresário francês David Hallyday, rescindiu o contrato de promessa de compra e venda do terreno onde o complexo cinematográfico seria construído. A informação foi avançada pelo Jornal Económico.
O projeto, apresentado em 2021 como Tage – Centro Internacional do Audiovisual, previa um investimento inicial de 200 milhões de euros e a criação de milhares de empregos diretos e indiretos. Resultava de uma parceria entre a FreshWisdom e o Município de Palmela, com localização prevista para o Vale do Alecrim, no Pinhal Novo.
Apesar do apoio demonstrado pela Câmara Municipal e de várias prorrogações nos prazos acordados, o processo de licenciamento nunca chegou a ser finalizado — abrindo margem legal para a rescisão do contrato.

Incentivos “curtos” e entraves estruturais afastam grandes produtoras internacionais

Na origem do abandono estará o fraco incentivo à grande produção cinematográfica em Portugal. O atual modelo de cash-refund, criado no final de 2023 com um teto anual de 20 milhões de euros, é considerado insuficiente por produtoras internacionais. Estas apelam a um aumento progressivo até aos 100 milhões de euros em 2028, tornando Portugal mais competitivo face a outros países europeus.
Além do teto global, existem limites por projeto: seis milhões por obra e três milhões por episódio de série - entraves que afastam produções de grande escala. O novo programa SCRI.PT, ainda em consulta pública, poderá redefinir estas regras. Mas a incerteza e a lentidão podem custar a Portugal este Projeto de Interesse Nacional (PIN).
David Hallyday, numa entrevista ao The Hollywood Reporter, explicava que o objetivo era criar um estúdio de referência mundial, auto-sustentável desde o primeiro dia. O projeto previa o uso de painéis solares, sistemas de reaproveitamento de água e materiais reciclados. Claire Havet, gestora do projeto, destacava a escolha de Portugal pela abundância de sol e pelos avanços em energias renováveis.

Uma oportunidade que escapa
Estúdios verdes não sairão do papel no Pinhal Novo
O complexo seria composto por um palco principal com 5.200 m², seis estúdios secundários entre 2.000 e 3.600 m², uma área externa de 55 mil m² e até um tanque de água ao ar livre. Estava previsto competir com os maiores estúdios europeus, como Pinewood (Londres) e Babelsberg (Berlim).
A construção arrancaria no final de 2024 ou início de 2025 e colocaria Portugal no mapa do cinema internacional, promovendo também o turismo cinematográfico. Agora, com o cancelamento, o Pinhal Novo perde a possibilidade de se afirmar como centro nevrálgico da indústria audiovisual europeia.
O futuro do projeto poderá passar por outro país, dependendo da evolução legislativa em Portugal. Para já, o país perde uma oportunidade milionária que prometia transformar a paisagem industrial e económica da região.

Agência de Notícias 
Fotografia: DR

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