Emoção e
lágrimas no Alfeite
Ao fim de cinco meses em missão de
combate à pirataria no oceano Índico, na Somália, a fragata Álvares Cabral e a
sua guarnição de 187 militares chegaram ontem ao Alfeite, ao som da música da
banda da Armada.
Reencontros emocionados na chegada a Portugal |
À chegada à base naval do Alfeite, em Almada,
os corações já estavam acelerados e as lágrimas já corriam nos rostos da maior
parte dos 187 militares da Marinha Portuguesa, que durante cinco meses
cumpriram missão na Somália, cujo objetivo foi combater a pirataria no mar.
À 'boleia' desde Pedrouços seguiam também a bordo a
secretária de Estado Adjunta e da Defesa, Berta Cabral, o chefe do
Estado-Maior-General das Forças Armadas, general Luís Araújo, e o chefe do
Estado-Maior da Armada, almirante Saldanha Lopes, numa presença simbólica que
serviu para assinalar o "prestígio e orgulho" de Portugal no
cumprimento de mais uma missão internacional.
A fragata da Marinha Portuguesa liderou desde o início
de Abril a Operação Atalanta, que pretende assegurar a protecção dos navios do
Programa Alimentar Mundial das Nações Unidas e, simultaneamente, combater a
pirataria no Mar Vermelho, Golfo de Áden, Golfo de Omã e em toda a Bacia da
Somália, incluindo a parte norte do Canal de Moçambique.
"Temos de continuar a cumprir estas missões
internacionais", defendeu a secretária de Estado da Defesa, em declarações
aos jornalistas a bordo da fragata Álvares Cabral, pouco antes do navio ter
atracado na base do Alfeite.
Sem se comprometer com o prolongamento da participação
de Portugal na Operação Atlanta, Berta Cabral disse apenas que o país
"continuará a desempenhar as suas funções e ponderará certamente do ponto
de vista operacional o futuro desta operação".
Questionada se existe verba para esse prolongamento, a
secretária de Estado adiantou apenas que a verba prevista no próximo Orçamento
para as forças nacionais destacadas "está ao mesmo nível dos anos
anteriores".
Missão
cumprida na totalidade
Governo acompanhou de perto chegada da Fragata a Almada |
O êxito da missão foi igualmente destacado pelo
comandante Jorge Novo Palma, o oficial português que comandou a missão da EU
NAVFOR (força naval da União Europeia) no terreno, que sublinhou a inexistência
de qualquer ataque de piratas nos cinco meses que durou a missão.
O comandante confessou, contudo, que inicialmente esta
foi uma missão encarada com "incerteza", um sentimento que se
combateu com "planeamento e com uma observação muito rigorosa da situação
no terreno".
"Mantivemos uma pressão constante e garantimos a
escolta dos navios do programa alimentar mundial garantindo a chegada de 21 mil
toneladas de alimentos à Somália", acrescentou.
Além das condições muito duras do clima, com alturas
em que o termómetro chegou aos 50 graus, as saudades foram outra das grandes
adversidades sentidas pelos militares que partiram de Portugal a 21 de Março.
O reencontro
familiar
Famílias reencontram-se |
Porém, para o chefe de serviços de comunicações, Bruno
Cortes Banha, as saudades desta vez foram sentidas de forma particularmente
dura, pois ao fim de um mês de sair de Portugal nasceu o seu segundo filho, o
Henrique.
A notícia foi recebida pela internet, com um misto de
"ansiedade e felicidade".
Ao final da manhã de ontem, depois da fragata Álvares
Cabral ter atracado na base do Alfeite, Bruno Cortes Banha conseguiu finalmente
conhecer o filho "ao vivo e a cores", que o esperava ao colo da mãe.
"Quando o conheci ele já era marinheiro, por isso
tenho de aguentar estas coisas", disse Carla Banha, sorridente.
Agência de Notícias
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