As noites loucas do Pátio Caramelo

Pátio apostou em espectáculos de grande qualidade

É o espaço de excelência dos mais novos que visitam as Festas Populares. A meio caminho entre a zona comercial e os divertimentos dos carrocéis, o Pátio Caramelo é um ponto de encontro de gerações. Este ano, por força da zanga de uns, o recinto ficou mais pequeno [e mais arrumado diga-se]. A aposta da qualidade foi outra das novidades do ano. Dos concertos que vimos... destacamos  três pela diferença: Sal´two Alto, a revelação. Mendigos e Ladrões, pela qualidade e o concerto da escola de música de Pinhal Novo, Rock GP que juntou a animação total com picos de qualidade. Notas muito positivas também para as bandas de Pinhal Novo: Fogo à Peça e Nomeless Theory.

A animação andou sempre presente pelo Pátio Caramelo 

 Pelas 22 horas, são mais as pessoas que entram no túnel que dá acesso ao pátio, do que aquelas que saem. Uma filha, admirada, puxa a mãe: “Nunca entraste ali? Anda”. E ambas foram na multidão...
Passado o túnel e um primeiro pátio de casas caiadas, [a antiga pensão Santa Rosa] começa a adivinhar-se o enorme espaço que ao longo da noite se há-de compor ainda mais e ainda melhor.
As noites no Pátio Caramelo foram preparadas para os mais jovens, mas pelo grande espaço ao ar livre também passam pais com filhos adolescentes ou empurrando carrinhos de bebés. A hora familiar estica-se para lá da actuação dos DJ´s . É por lá, que muitas noites, acabam para uns. Ou começam para outros.
Este ano um dos proprietários [Xavier Santana] deste espaço não disponibilizou a sua parcela de terreno para as festas. Logo foi necessário reconfigurar e redimensionar o espaço. Aquilo que poderia ser mau resultou bem. O espaço ganhou outra vida. É mais acolhedor para o público e a disposição do palco foi muito bem conseguida. “Com esta nova reconfiguração está muito mais agradável para o público”, dizia João Guedes enquanto ouvia Mendigos e Ladrões. “Dá para estar a beber uns copos com os amigos e espreitar o palco e quando a música chama podemos ir para a frente do palco dançar”.
A qualidade da programação também ajudou à melhoria do Pátio Caramelo.
O Pátio Caramelo começou na Tertúlia Caramela há 16 anos, onde agora é a gastronomia. A “Tertúlia”, era o único bar do género. Entretanto, nasceram outros e só em 2003 se criou o Pátio Caramelo. Mas João Carlos preferia os primeiros anos, quando era “uma brincadeira”. Agora, diz, está tudo mais “industrializado”.
As crianças correm e até jogam à bola. Riem muito entre as cambalhotas, indiferentes às divergências. Os pais estão sentados nas mesas, sempre de olho.
Com o avançar da hora, a multidão vai crescendo. Insistem em ficar perto dos bares. Atrás dos balcões das roulottes da Super Bock, rapazes e raparigas vão tirando imperial, atrás de imperial. “Este é um mundo há parte. Esta é a nossa festa”, dizia Rute e mais três amigas que por ali andavam no último dia de festa.

As histórias cantadas de Mendigos e Ladrões
Mendigos e Ladrões, uma das mais surpreendentes bandas no recinto 
Mendigos e Ladrões visitaram o espaço da sexta, o dia em que a enchente estava mais pelo leste de Pinhal Novo [leia-se palco principal]. Mas estes Mendigos e Ladrões mereciam muito mais do que alguns [poucos] ouvidos atentos. São uma banda com um ano de vida e apresentam-se a cantar em português e com letras que nos deixam a pensar nesta coisa chamada vida. São um caso sério, muito sério, de qualidade. A voz de Nuno Ramos é forte e intimista. Cantaram “canções e emoções” para poucos mas deixaram um rasto de qualidade.
Mendigos e Ladrões são uma espécie de contadores de histórias. “Histórias que nos acompanham e que nos marcam são as histórias que estão espelhadas na nossa música através de uma sonoridade simples e genuína. Gritamos para que nos dêem liberdade, rendemo-nos à loucura da expressividade, e só deixaremos de ser assim quando as respostas às nossas interrogações forem servidas num copo de mosto que nos faça esquecer as lembranças de tantas coisas que vivemos. Nesta utopia vivemos e rendemo-nos ao que desconhecemos. A música é o caminho certo!”, dizem no Palco Principal.
Neste ano de vida tocaram – e ganharam – vários festivais de música e andam na luta. Caminho Certo, Dá-me Liberdade,  Frágil e Louco és tu!, são as provas reais de um grande projecto musical que passou pela  “casa da juventude” nestas Festas Populares.
Veja as fotos do concerto AQUI

Sal’two Alto on fire...
Sal'two Alto chegou e "cativou" o público do Pátio Caramelo 

No domingo aconteceu, provavelmente, o melhor concerto da semana do Pátio Caramelo. Casa cheia, gente divertida e muita alegria fora e dentro do palco. Era dia de Sal´two Alto, logo era dia de energia positiva.
E há qualquer coisa de bom nesta banda. A um baixo, uma guitarra, uma bateria e uma voz feminina de grande qualidade são os trunfos base da banda. Mas não é só. A vocalista, Cátia Amorim, trata o público nos olhos e solta-se em palco com um à-vontade pouco visto neste tipo de bandas. Inovadora, eloquente, com carisma e um toque de sensualidade. O poder da voz e das guitarras fazem o resto. Apesar de letra e música serem “mais do mesmo”, [são covers] soam muito bem ser interpretados nessa maneira.
Cátia tanto é perita em português onde arrasou na interpretação de “A Máquina” como é intensa em inglês onde surpreendeu em temas dos AC/DC ou da Anastácia. E acabou em delírio com um intenso Sex on Fire.
“A vocalista é um animal em palco. Cativa só de a olhar e é impossível não resistir a acompanhar a banda”, dizia a beira do palco um rapaz que cantava aquilo que a Cátia cantava.
Veste-se de preto, saltos altíssimos cor-de-rosa forte, voz funda, olhar desafiante. O resultado é poderoso. E o público responde e pede mais. Para já, Cátia Amorim, surge como uma artista singular, capaz de mostrar que o que quer fazer, em palco é o que tem na alma. Nada mais e nada menos. 
E como diz Cátia, no seu facebook, "Cantando agente inventa. Inventa um romance, uma saudade, uma mentira... Cantando a gente faz história. Foi gritando que eu aprendi a cantar: sem nenhum pudor, sem pecado. Canto pra espantar os demónios, pra juntar os amigos. Pra sentir o mundo, pra seduzir a vida". Do melhor que ouvimos este ano por cá e que justifica, sem dúvida, outros voos pela música...
Veja as fotos do concerto AQUI


Rock GP, a escola do rock
Telma, uma das agradáveis revelações do ano... 
No último dia de festa o palco foi inteiro da Escola de Música RockGP, de Pinhal Novo. Alunos e professores mostraram ao Pinhal Novo que a música também se ensina e aprende. Uns melhores, outros mais nervosos, outros ainda mais comunicativos e todos com a mesma vontade de dar música, muita música. Entre as muitas boas surpresas da noite houve uma actuação que sobressaiu: Telma Moreira. Boa voz, interage com o público, boa presença em palco e, sobretudo, uma grande cantora que vale a pena seguir com atenção. Mas não foi a única. Esta é a prova vital de que Pinhal Novo tem muito talento. Eles andam por ai escondidos e só esperam uma oportunidade para se mostrar. O concerto acabou em euforia, com alunos a cantar e a tocar, professores a cantar e os fãs a puxarem por todos, os pais a tirar fotografias e as mães a filmar para mais tarde recordar a festa grande. O pátio estava à pinha! No meio da multidão uma ruiva fazia a festa e mostrava um cartaz que dizia: “Faz-me um filho Gervase”. Não se sabe se o Gervase fez a vontade à ruiva. Talvez na próxima festa se possa comemorar a vinda de mais um à festa da música da Rock GP.
Veja as fotos do concerto AQUI

Paulo Jorge Oliveira 

Comentários

  1. Um Obrigada GRANDIOSO a todos os responsáveis pela nossa presença neste palco fantástico. Ao público enérgico que nos contagiou e nos mimou minuto após minuto. Pelo carinho, a alegria, a emotividade e todo a folia contagiante, um bem-haja do fundo do coração! São pessoas como vós e noites como esta que nos alimentam e nos fazem continuar, nesta conquista de nos tornarmos sempre mais e melhor com e para vocês *
    Que a música esteja sempre convosco! Banda Sal'Two Alto **

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