Sindicato dos Jornalistas desafia jovens a apostarem
em projectos online
O presidente do Sindicato dos Jornalistas (SJ), Alfredo Maia, disse que a aposta em projectos de informação online dinamizados por jovens poderá contribuir para combater o desemprego entre os recém-licenciados em Jornalismo. Alfredo Maia falou ainda na hipótese de um órgão com uma redacção descentralizada, constituída por recém-licenciados, desempregados e "desencantados".
Sindicato dos Jornalistas quer mais empreendedorismo nos jovens |
Alfredo Maia falava na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra (FLUC), num colóquio de homenagem ao jornalista João Mesquita, antigo presidente do SJ, que morreu há quatro anos. Alfredo Maia abordou alguns dos actuais problemas da profissão, como a precariedade, o desemprego e os sucessivos despedimentos no sector em Portugal.
Perante uma plateia constituída sobretudo por
estudantes de Jornalismo da FLUC, o sindicalista desafiou os jovens
profissionais a organizarem-se em torno de “projectos em linha”, tirando
partido das novas tecnologias, propondo mesmo a criação de um título que
poderia designar-se “Portugal real”, com uma redacção a funcionar de forma
descentralizada no país.
“Entendo que os recém-licenciados, mas também os
desempregados e mesmo os desencantados devem começar a desenvolver alternativas
e esta seria economicamente aceitável”, disse o presidente do SJ à agência
Lusa, no final do debate.
Alfredo Maia respondia a diversas questões colocadas
por um jovem, que disse conhecer o caso de um licenciado em Jornalismo que já
realizou quatro estágios profissionais em empresas de comunicação social, sem
nunca ter conseguido emprego.
“É urgente melhorarmos o nosso próprio desempenho”,
numa época em que, por diversas razões, algumas imputáveis aos jornalistas, “os
leitores estão a afastar-se de nós”, defendeu.
Despedimentos
colectivos criticados
Alfredo Maia criticou o que definiu como “algum
fechamento e indisponibilidade para proceder a melhorias” por parte de diversos
meios de comunicação e criticou os despedimentos colectivos e outros que se têm
verificado no sector nos últimos anos.
Além de favorecer a precariedade dos jovens
jornalistas, com o afastamento dos mais experientes profissionais, esses
despedimentos criam, defendeu, “um défice enorme de espírito crítico” nas
redacções, onde também “a memória e a capacidade reivindicativa” acabam por
perder-se.
“A divergência
é sempre mais útil”
O professor universitário José Nobre-Correia, que
trabalhou na Bélgica durante 45 anos, discordou do argumento de que Portugal “é
um país pequeno”, o que explicaria a extinção de jornais e a perda de leitores,
bem como a existência de uma imprensa regional que não tem a força de outros
países europeus, incluindo a Espanha.
Recentemente, surgiram na Itália quatro novos jornais,
exemplificou o especialista em comunicação social e jornalismo.
Alfredo Maia, lembrando “o genuíno amor que João
Mesquita tinha à liberdade” e à discussão de ideias, disse que “a divergência é
sempre mais útil dentro do Sindicato”, sendo esta “uma herança que importa
valorizar” em homenagem ao antigo presidente do SJ.
O encontro “Jornalismo e cidadania: João Mesquita
(1957-2009)” foi organizado pela secção de Jornalismo da FLUC. Nos debates,
moderados pelos docentes João Figueira e Carlos Camponez, intervieram ainda os
jornalistas José Pedro Castanheira, Fernando Paulouro e Paulo Martins.
Agência de Notícias
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