Maquinistas da CP e as greves sem fim
Os maquinistas e a CP estão em conflito há vários anos. Depois de uma paralisação
imoral no Natal e no Ano Novo, no ano passado, os maquinistas iniciaram já este
ano greve ao trabalho extra e na semana passada a paralisação aumentou de tom. O
prejuízo já é de milhões à empresa do Estado [paga por todos nós] e os
passageiros são os maiores prejudicados. Do Governo há um silêncio absoluto. Até
quando?
Não se
retire daqui um manifesto antigreve. Entenda-se, antes, uma resistência à
banalização desta forma de protesto consagrada na Constituição Portuguesa. Não
é necessário ser nenhum iluminado para perceber o quão danoso representa para
as contas da empresa, para os próprios trabalhadores e para os utentes a
utilização indiscriminada deste direito. Trata-se de um jogo singular com um
resultado conhecido ainda antes do início da partida. O resultado é que todos
perdem.
Refiro-me aqui à greve dos maquinistas da CP. Não está em causa o uso desse
direito. O que se questiona em termos de ética social é a oportunidade e a
manifesta desproporcionalidade de uma luta – ou lutas – que prejudicam sistematicamente
quem precisa de viajar para trabalhar. Isto porque os esses ditos “trabalhadores
do Estado” não perdem, absolutamente nada com a greve, já que o seu sindicato
lhes paga os dias e as horas em que fazem greve. Ao contrário de todos os
outros.
Em primeiro lugar, a CP é uma empresa que presta um importante serviço público, sendo financiada pelo seu negócio, mas também beneficiando do esforço dos contribuintes. Depois, trata-se de um grupo de profissionais que, embora constituindo uma parte minoritária dos trabalhadores da empresa, pode paralisar substancialmente a actividade da mesma.
Além do mais, os maquinistas abusam da circunstância monopolista da empresa onde trabalham. Houvesse concorrência e a situação apresentar-se-ia bastante diferente. Na realidade este é um problema sem fim à vista e, ao que parece, sem ninguém se importar com isto.
Em primeiro lugar, a CP é uma empresa que presta um importante serviço público, sendo financiada pelo seu negócio, mas também beneficiando do esforço dos contribuintes. Depois, trata-se de um grupo de profissionais que, embora constituindo uma parte minoritária dos trabalhadores da empresa, pode paralisar substancialmente a actividade da mesma.
Além do mais, os maquinistas abusam da circunstância monopolista da empresa onde trabalham. Houvesse concorrência e a situação apresentar-se-ia bastante diferente. Na realidade este é um problema sem fim à vista e, ao que parece, sem ninguém se importar com isto.
Segundo a CP, houve uma greve todos os dias desde o início do ano. Já foram
suprimidos 15 mil comboios – qualquer coisa como 55 por dia – e a empresa [já de
si muito descapitalizada] terá perdido 3,5 milhões de euros. Os prejuízos dos
utentes ninguém contabiliza – como os de uma mulher que mora na Moita e
trabalha em Sintra e raramente consegue apanhar os três comboios mais barco que
utiliza diariamente e, por isso, tem o seu emprego em risco.
Os maquinistas que ganham, em média, entre mil e quatro mil euros mensais
reclamam por direitos difíceis de aceitar em tempos de crise ajuda e instabilidade social. As greves, prejudicam sobretudo as
pessoas mais vulneráveis e com rendimentos modestos que não têm alternativa de
transporte próprio e assim se vai descredibilizando um importante instrumento
laboral que devia ser usado como derradeiro e proporcionado recurso. Nunca como
norma habitual.
E o Governo disfarça, assobia para o ar, como se nada tivesse a ver com o
assunto. Não vi, até hoje, Álvaro Santos Pereira ou Passos Coelho a “mexer uma
palha” para resolver o assunto de vez nem vi o Presidente da República –
perante tantos silêncios políticos e abusos grevistas – a chamar uns e outros à
razão em nome de quem paga o passe e tem de trabalhar.
O prejuízo da CP aumenta com as greves. Montante
que, portanto, não será utilizado para abater à dívida pública. E que,
portanto, todos nós cidadãos iremos pagar com mais impostos, menos estado
social, ou outra qualquer solução troikiana. Ou seja, são greves em que toda a
gente perde. A única excepção é o sindicato, o qual ganhou umas rosas cujos
espinhos ficam bem espetados na pele e na carteira dos cidadãos contribuintes
deste país.
Como reconhece Vítor Gaspar, “o povo português é
o melhor do mundo”. Aguenta isto tudo! Até quando?
Paulo Jorge Oliveira
Director da ADN – Agência de Notícias
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