Forcado da Moita arrisca ficar paralisado


Todos querem ajudar Nuno Carvalho

Nuno Carvalho ainda está no hospital de Santa Maria, em Lisboa, mas cá fora já há quem se mobilize para o ajudar naquela que será, certamente, uma das fases mais difíceis da sua ainda curta vida. O forcado – segundo os especialistas em tauromaquia – é um dos melhores na cara no toiro. Na quinta-feira passada, o toiro foi mais forte e derrubou-o. Sofreu lesões vertebrais irreversíveis e pode ficar paraplégico.

Forcado do Aposento da Moita pegava o quinto toiro da noite 

O forcado do Aposento da Moita colhido na corrida de toiros de quinta-feira no Campo Pequeno, Lisboa, sofreu lesões vertebrais irreversíveis e vai ficar paraplégico, disse à Lusa o presidente da Associação Nacional de Grupos de Forcados.
“A informação de que disponho é que as lesões vertebrais são irreversíveis e que vai ficar paraplégico, apesar de todos querermos acreditar num milagre. Está consciente no hospital de Santa Maria e sabe da situação”, afirmou José Fernando Potier, presidente da associação.
Nuno Carvalho, de 26 anos, foi colhido quando tentava a pega do quinto toiro da corrida, da ganadaria de Infante da Câmara Herdeiros, tendo ficado inanimado na arena.
Esteve sempre consciente, tal como estava minutos depois de ser colhido e pisado pelo toiro, sendo retirado da arena e levado para a enfermaria do Campo Pequeno. Ao perceber que não era capaz de mexer as mãos e os pés, Nuno Carvalho terá exclamado: "Estou lixado para o resto da vida!" Logo de seguida foi levado de ambulância para o Hospital de Santa Maria.
Na sexta-feira ainda foi alvo de uma intervenção cirúrgica, mas não teve a sorte com ele e os médicos verificaram que as lesões são irreversíveis”, explicou José Fernando Potier.
O cabo do grupo de forcados, Tiago Ribeiro – que estava a poucos metros quando tudo aconteceu – disse que, apesar de a intervenção na fractura entre a quarta e quinta vértebra, com risco de esmagamento da medula, "ter corrido muito bem", serão necessárias "muitas cautelas" no pós-operatório. "Enquanto há vida, há esperança", concluiu, referindo que os médicos não foram taxativos quanto à possível recuperação.
José Fernando Potier, por sua vez, referiu que este é um momento difícil para o Grupo do Aposento da Moita, para a família, mas em especial para Nuno Carvalho, que se estreou como forcado em 2005.

Mundo da tauromaquia une-se para ajudar 
Toiro "esmagou" medula de Nuno Carvalho 

Assim que se soube que deve ficar paralisado na sequência de uma pega que não correu bem na última Corrida TV do Campo Pequeno, a Sociedade Moitense de Tauromaquia disponibilizou a Praça de Toiros da Moita, de que é proprietária, para realizar um festival a favor do jovem de 26 anos.
Na sua página do Facebook, o cavaleiro Rui Fernandes já se ofereceu para participar, enquanto o presidente da Associação Nacional de Grupos de Forcados, José Fernando Potier, diz que nos próximos tempos haverá lugar a muitas iniciativas do género. Até porque o seguro que cobre a maior parte dos grupos de forcados - e que rondará os 25 mil euros - "é muito pouco". "Uma pessoa vale 25 mil euros? E no entanto, é o que o Estado pagou por pessoa no acidente da ponte de Entre-os-Rios", diz.
Mais: "Para uma pessoa que se vê reduzida na sua mobilidade, todo o dinheiro é pouco", acrescenta José Fernando Potier. "Temos o dever de nos associarmos para angariar fundos. Se me acontecesse a mim, eu queria que me fizessem o mesmo".

Aposento garante esforço médico
Forcado terá perdido movimento nos membros imediatamente 
Entretanto, Tiago Ribeiro, cabo do Grupo de Forcados Amadores do Aposento da Moita, que Nuno Carvalho integra, emitiu um comunicado em que confirma o estado delicado em que o colega se encontra, mas acrescentou que ele se encontra "estável, mas com necessidade de suporte médico vigilante".
"Aguarda-se a estabilização do traumatismo da medula espinal para definição do seu compromisso", conclui o cabo do grupo.
Ao mesmo tempo, todo o grupo da Moita elogiou ontem o “profissionalismo e amizade” dos médicos do Hospital de Santa Maria que estão a tratar as graves lesões de Nuno Carvalho.


Paulo Jorge Oliveira 

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