400 mil passeiros mês cruzam a linha vermelha
Depois de sucessivos atrasos e de várias datas avançadas, chegou a hora dos utilizadores do Metro de Lisboa irem do Centro de Lisboa ao Aeroporto em pouco menos de 20 minutos. A partir das 6.30 horas desta terça-feira já é possível sair do aeroporto e apanhar o metro. A estação no aeroporto é uma das três novas estações da linha Vermelha do Metropolitano de Lisboa que são hoje abertas ao público.
Nova estação de Metro no Aeroporto de Lisboa |
O novo troço Oriente/Aeroporto, e provavelmente o penúltimo da rede a ser inaugurado, entra em funcionamento nesta terça-feira, passando a linha vermelha, inaugurada em 1998, e que até agora ligava São Sebastião ao Oriente a contar com três novas estações: Moscavide, Encarnação e Aeroporto. A obra custou 218 milhões de euros e demorou mais de cinco anos mas vai permitir chegar do Saldanha ao Aeroporto de Lisboa em 16 minutos e do Oriente ao Aeroporto em cinco minutos.
Quem desceu ontem as escadarias da nova estação do Aeroporto do Metro de Lisboa poderia pensar que o novo troço da linha vermelha, com cerca de 3,3 quilómetros, já estava em funcionamento. Só a concentração pouco habitual de elementos da PSP, de homens engravatados, o chão bege ainda imaculado e as brilhantes paredes com 53 caricaturas de personalidade portuguesas feitas pelo artista António Antunes, as cancelas abertas e as cadeiras dispostas para assistir aos discursos permitiam perceber que era apenas uma visita oficial na véspera da inauguração, com os principais responsáveis que estiveram envolvidos na obra.
Troço estratégico para o Metro de Lisboa
O local estava já repleto de gente mas apenas para visitar as instalações e experimentar fazer a viagem entre as três novas estações que se estima que, mensalmente, tragam mais 400 mil passageiros. À margem da visita, o secretário de Estado dos Transportes considerou o novo troço “estratégico” para o país, mas alertou que, de futuro, “os projectos de investimento não mais serão feitos com o recurso a dívida como foi feito até aqui” – em referência aos 18 mil milhões de dívida no sector dos transportes, ainda que um terço diga respeito aos investimentos, o que considera ser “boa dívida”. No discurso oficial, o governante aproveitou também para agradecer o trabalho dos seus antecessores socialistas com a pasta dos Transportes, Ana Paula Vitorino e Correia da Fonseca.
Poupança anual de 2,8 milhões
Sérgio Silva Monteiro explicou, ainda, que “a ligação a aeroporto antecipa uma das medidas que estava preconizada no plano estratégico e no estudo de ajustamento da oferta que era a supressão de alguns serviços da Carris”. Assim, com as três novas estações, os autocarros que serão suprimidos permitirão gerar uma poupança anual de 2,8 milhões de euros. Segundo dados da empresa, as três novas estações vão permitir também reduzir, por ano, cerca de cinco mil toneladas de emissões de CO2 considerando as deslocações de automóvel que assim se poderão evitar.
Apesar de o Governo ter colocado a médio prazo um ponto final no novo aeroporto de Lisboa, questionado sobre a situação do novo troço caso venha a ser construída uma alternativa à Portela, Sérgio Silva Monteiro garantiu que o actual aeroporto é uma “mais-valia para a região, o turismo e a cidade” e que o Governo fará “tudo o que estiver ao seu alcance no sentido de prolongar a vida útil da Portela”.
O ajustamento na rede de transportes da cidade também é bem recebido pelo presidente da Câmara de Lisboa, António Costa, que considerou a “oportunidade única para fazer reformas inteligentes”, eliminando a “acumulação de carreiras na Avenida da Liberdade e na Baixa” e mantendo o serviço dentro de alguns bairros ou servindo melhor zonas como a de Alcântara. Contudo, o autarca salientou que as “resistências corporativas” das empresas têm dificultado as alterações e atrasado as empreitadas.
400 mil por mês
Metro espera mais 400 mil passageiros por mês |
De acordo com o presidente do Metropolitano de Lisboa, Cardoso dos Reis, a empresa estima que as três novas estações movimentem mais 400 mil passageiros por mês. Questionado sobre quais as alterações no número de carruagens e na frequência dos comboios na linha vermelha, o responsável disse que o prolongamento não vai ser acompanhado de um aumento da oferta, defendendo que o que existe “dá uma resposta suficiente”.
Obras da Linha Azul (talvez) para o ano
As obras para a extensão do Metro até à Reboleira, na Amadora, Linha Azul, devem ser retomadas no próximo ano, após o lançamento do concurso para o projecto de acabamentos, afirmou ontem o presidente do Conselho de Administração do Metropolitano, Cardoso Reis. O responsável afirmou que o túnel está a ser feito até à Reboleira e que "faltam os acabamentos". Para completar a obra falta investir 30 milhões de euros, num investimento total de 70 milhões de euros.
Taxistas insatisfeitos
Quem não está satisfeito com a chegada do metropolitano ao aeroporto da Portela são os taxistas. Um dos taxistas afirma que vai perder clientes. "Vou ter muito menos serviços e estarei mais tempo à espera de um cliente porque muitas pessoas vão optar pelo Metro", Outro taxista, Eduardo Quintães, diz que no "Inverno vai ser ainda mais complicado, porque os clientes vão preferir andar de Metro", contou ao Correio da Manhã.
Agência de Notícias
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