826 mil pessoas sem trabalho


Desemprego bate record e ainda  pode piorar

No primeiro trimestre do ano, 207 empresas deram início a processos com vista ao despedimento colectivo de 2037 pessoas, um aumento de 62 por cento em relação ao mesmo período do ano passado, o que contribuiu para que a taxa de desemprego em Portugal tenha atingido os 15 por cento, sendo já a terceira mais alta da União Europeia (UE).

Número de desempregados cresce todos os dias 

O aumento de quase dois terços nos trabalhadores a dispensar ao abrigo da figura do despedimento colectivo é revelado no Boletim Estatístico ontem publicado pela Direcção-Geral do Emprego e das Relações de Trabalho (DGERT). A região com maior número de processos é Lisboa e Vale do Tejo, onde 94 empresas pretendem despedir 1010 pessoas.
Os dados foram divulgados no mesmo dia em que o Eurostat revelou que a taxa de desemprego em Portugal chegou aos 15 por cento em fevereiro. O desemprego entre os jovens com menos de 25 anos está já nos 35,4 por cento. Mas, a esses números, existirão muito mais que não contam nas estatísticas. 
Os números estão acima das previsões governamentais, que apontam para uma taxa de 14,5 por cento no final deste ano, ainda que o primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, tivesse admitido ser expectável que o desemprego continuasse a agravar-se.
A subida no número de pessoas sem trabalho faz com que Portugal seja já o terceiro país da UE onde o desemprego é mais elevado, atrás da Espanha (23,6 por cento) e da Grécia (21 por cento no mês de dezembro).

Desemprego jovem chega aos 153 mil 

O desemprego jovem não dá sinais de abrandamento em Portugal. Em fevereiro cresceu para 35,4 por cento, um novo máximo histórico, sendo mais do dobro da taxa geral que também bateu o recorde. Em apenas 12 meses, o país ganhou mais 33 mil jovens sem trabalho. São já 153 mil num universo de 826 mil. Mas, além dos números contabilizados, há muito mais e os desempregados no país podem chegar ao 1 milhão e 500 mil.   
A taxa que diz respeito aos desempregados abaixo dos 25 anos traduz um aumento de mais três décimas do valor registado em janeiro, quando 35,1 por cento da população ativa estava sem emprego. Em 2011, a percentagem era de 26,9 por cento.
Em Portugal, o desemprego jovem entre os homens está nos 15,1 por cento enquanto nas mulheres atinge os 14,8 por cento.
O gabinete oficial de estatísticas da União Europeia (UE) estima que, no segundo mês de 2012, havia 5462 milhões de jovens desempregados na UE (22,4 por cento), dos quais 3272 milhões na zona euro (21,6 por cento).
Espanha lidera a tabela com 50,5 por cento seguida da Grécia que registava 50,4 por cento os dados disponibilizados referem-se apenas a dezembro de 2011), a Eslováquia (34,2 por cento), Bulgária (32,2), Itália (31,6) e Irlanda (31,6). O valor mais baixo verificou-se na Alemanha (8,2).

Álvaro Santos Pereira quer promover o crescimento do emprego

O ministro da Economia reconheceu a necessidade de se pôr em prática rapidamente as medidas para promover o crescimento e o emprego, numa altura em que o desemprego se está a agravar.
Álvaro Santos Pereira foi confrontado pelos jornalistas, à saída de uma reunião de concertação social, com a subida da taxa de desemprego em Portugal para os 15 por cento no final de fevereiro. "Também por isso é importante pôr rapidamente no terreno todas as medidas para promover o crescimento e o emprego", disse o ministro.
O governante considerou que as medidas previstas no Compromisso para o Crescimento, Competitividade e o Emprego, assinado a 18 de janeiro, "são essenciais para combater o desemprego" e garantiu que muitas delas já estão no terreno.

"Governo tarda a por em prática" 
Portugueses esperam por iniciativas ao emprego 


Mas para os parceiros sociais a aplicação do acordo está aquém do necessário. O presidente da Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP), João Vieira Lopes, considerou que o ritmo de aplicação das medidas económicas do acordo de concertação social está a decorrer de forma "extremamente lenta", o que "está a dificultar a resolução do problema do país".
Também o presidente da Confederação Empresarial de Portugal (CIP), António Saraiva, afirmou que "o Governo tarda a por em prática" as medidas destinadas a promover o crescimento económico e o emprego, incluídas no acordo de janeiro e considerou "imperioso que um conjunto de medidas seja aplicado de imediato, nomeadamente as que dão prioridade ao financiamento das empresas.

UGT e CGTP  também criticam lentidão do Governo para as “políticas de emprego”

O secretário-geral da UGT, João Proença, considerou "dramáticos" os números divulgados sobre a taxa de desemprego em Portugal e exigiu a aplicação de políticas de emprego para inverter a situação.
"É uma situação dramática que exige políticas ativas de emprego", disse o sindicalista à chegada à reunião de concertação social, considerando que "o aumento do desemprego já era esperado" e por isso as medidas ativas de emprego é um dos temas que constam da agenda deste encontro.
Assinalou ainda que o Governo está a tardar na aplicação das medidas acordadas no âmbito do 'Compromisso para o Crescimento, Competitividade e Emprego', assinado a 18 de janeiro.
Criticou, nomeadamente, que o Executivo tenha anunciado "há meses" uma reestruturação dos centros de emprego, entretanto aprovada em Conselho de Ministros há pouco mais de um mês, mas que se prevê concluída só no final do ano.
Joaquim Dionísio, da Comissão Executiva da CGTP, manifestou "uma preocupação muito grande pelo crescimento do desemprego" e considerou que as medidas que estão a ser tomadas pelo Governo não ajudam a promover o emprego "pelo contrário, são medidas recessivas e que agravam as condições de trabalho, como a revisão da legislação laboral".



Paulo Jorge Oliveira 

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