Moita está contra projecto da Lusoponte

Lusoponte propõe ponte entre Barreiro e Montijo

A Lusoponte quer construir um novo acesso à Vasco da Gama, mas os autarcas apontam os impactes ambientais da nova ponte e temem que esta via ponha em causa a terceira travessia do Tejo. Se o Barreiro e o Montijo estão “a favor” da obra, os autarcas da Moita estão frontalmente contra. Diz o município presidido por João Lobo, a nova ponte traria impactes ambientais na zona da bacia Moita-Sarilhos e preferem a construção da Terceira Travessia do Tejo e a conclusão da Circular Regional Exterior da Moita. Se avançar, a nova ponte pode custar 86 milhões de euros. 

Lusoponte quer ligar o Barreiro a Montijo por ponte 


A Lusoponte está disposta a investir mais de 80 milhões de euros na construção de uma via rápida de 11 quilómetros que ligue a península do Barreiro à Ponte Vasco da Gama. O projeto, no entender da empresa, permitiria desviar trânsito da saturada 25 de abril para a Vasco da Gama e constitui uma alternativa à estudada, mas nunca concretizada terceira travessia do Tejo (TTT) na zona do Barreiro. Esta nova ligação Barreiro-Montijo tem, contudo, a oposição do município da Moita, que rejeita o traçado proposto, sobretudo pelo impacte ambiental e social que teria na chamada "bacia Moita-Sarilhos", para onde prevê uma ponte de quatro quilómetros com 76 pilares e apenas um vão com condições de navegabilidade.
Os autarcas da Moita preferem a construção da Estrada Regional 11-2, também conhecida por Circular Regional Exterior da Moita (CREM), há muitos anos prevista no Plano Rodoviário Nacional, que dizem que cumpre praticamente os mesmos objetivos de ligação à Vasco da Gama com muito menores custos e sobretudo com a vantagem de não afetar aquele plano de água do estuário do Tejo e de assentar "em meio terrestre, segundo uma topografia suave e sem constrangimentos de maior".

Obra para desviar carros do 25 de Abril para a Vasco da Gama

Certo é que a Lusoponte apresentou, em janeiro, aos municípios do Barreiro, Moita, Montijo e Alcochete um programa preliminar de construção desta ligação Barreiro-Montijo, também conhecida por "Circular do Arco Ribeirinho Sul".
A ideia será construir uma estrada com duas vias de circulação em cada sentido, entre a Rotunda 25 de abril (junto à antiga Quimiparque no Barreiro) e um novo nó de ligação à A12 (acesso à Vasco da Gama) na zona do Montijo. O trajeto proposto de 11 quilómetros inclui um troço de quatro quilómetros totalmente sobre água da bacia Moita-Sarilhos, que passaria a sul da ilha do Rato, a partir da zona da nova Estação de Tratamento de Águas Residuais Barreiro-Moita, e até ao cais fluvial do Seixalinho, a sul da Base Aérea do Montijo. Os estudos já efetuados pela Lusoponte apontam para um investimento que pode situar-se entre os 54 e os 83 milhões de euros que, segundo os autarcas, a Lusoponte estará disposta a suportar.
E está disposta a pagar sobretudo porque esta nova estrada poderá levar muitos utentes da península do Barreiro a optarem pela travessia da Vasco da Gama em vez de pela saturada 25 deabril. A empresa concessionária destas duas pontes considera que a Vasco da Gama está "claramente subutilizada e muito aquém da sua capacidade máxima, gerando menos receitas do que à partida seria expectável", refere um parecer da Câmara da Moita. Por isso tem a "expectativa" de que esta nova estrada possa "vir a captar um maior número de utilizadores para a Vasco da Gama" para as ligações a Lisboa e à restante margem norte do Tejo, porque reduz também a distância entre o Barreiro e zonas da capital.

Alternativa à TTT 

Ao contrário do município liderado por João Lobo, a autarquia do Montijo, numa primeira abordagem, mostra-se favorável à proposta e a Câmara do Barreiro defende um envolvimento do Governo na discussão, porque percebe que o eventual desenvolvimento desta via iria colidir com a aspiração da construção da TTT. Essa é também a leitura do município da Moita, que entende que esta proposta da Lusoponte é "explicitamente" de uma infraestrutura alternativa à componente rodoviária da TTT e conclui que estará completamente afastada a hipótese de um novo atravessamento do Tejo em rodovia no eixo do Barreiro. 
A Câmara da Moita interroga-se mesmo se isto significa que estará também excluída em definitivo a concretização da TTT no respeitante às componentes ferroviária e de alta velocidade e sustentam que isso deverá ser claramente esclarecido pelo Governo antes de se equacionarem estas alternativas.

Agência de Notícias 

Comentários