Teatro: Janis e a Tartaruga chega amanhã a Almada

Janis Joplin está de volta

Este não é um espectáculo biográfico, nem sequer uma homenagem. Mas permite-nos recordar uma das figuras mais carismáticas dos conturbados anos 60 e, acima de tudo reviver o espírito inconformista que caracterizou uma geração. ‘Janis e a Tartaruga’, que estará no Teatro de Almada até domingo. É um monólogo protagonizado por Carla Galvão. Para ver esta sexta-feira e sábado, às 21h30 e domingo às 16h na Sala Experimental, do teatro Municipal de Almada.
Janis Japlin interpretada por Carla Galvão 

Primeiro foi a paixão. A encenadora Luísa Pinto confessa que sempre nutriu um grande interesse por Janis Joplin – tanto como artista como como mulher. O desejo de fazer um espectáculo sobre o ícone tinha-o desde há muito. Simplesmente ainda não se tinha deparado com o texto certo.
 “Li vários livros, várias biografias, mas não queria contar a história da Janis Joplin. Queria uma peça que partisse dela e da sua história mas que construísse um universo que nos recordasse os anos 60, essa geração que tanto admiro e esses tempos que gostaria de ter vivido”, contou.
 Assim, decidiu encomendar a peça a dois jornalistas e argumentistas – Pedro Pinto e Filipe Pinto – e deu-lhes o prazo de um ano para escreveram a peça, que teve uma primeira versão com Filomena Cautela.
 No entanto, repetidamente requisitada para apresentações em todo o País – e não estando a actriz/apresentadora de televisão disponível – Luísa Pinto desafiou Carla Galvão a retomar a personagem e a torná-la sua. O que ela fez.





Onde acaba a realidade e começa a ficção

Um espectáculo sobre Janis Japlin? Quem  é que sabe que ela é? Morreu em 1970, com 27 anos, com uma overdose “invulgarmente pura”. Enfim, para muitos mais uma hyppie drogada nos anos 60. Mas na verdade, Janis Joplin se fosse viva hoje, 2011, tinha 68 anos. Era senhora de uma voz forte e cheia de força com trabalhos do mesmo vigor. Divertida mas infeliz. Foi vítima dela própria ao abraçar uma causa de rebeldia em que ela acreditava demais. Curioso é que numa das canções mais divertidas, "Mercedes - Benz", percebe-se a sua tomada de consciência em relação ao mundo de mentira que a rodeava de perto.
Aos 17 anos, saiu de casa, no Texas, para se dedicar aquilo que lhe dava mais prazer: a folk music e os blues. Este é o facto real... O facto faccionado, a menina sai de casa só com uma mala, apanha boleia um comboy, um padre racista e uma universitária sensual, que a ajudaram a construir as ideias que seriam também os ideais dos anos sessenta: a libertação sexual, as drogas, o anti-racismo, o pacifismo e o viver intensamente tudo o que houvesse para viver. 

Visita guiada à geração 60

E é entre a realidade e a ficção que se estende a peça. Em cena, num palco nu – à excepção de um baú decorado com motivos psicadélicos – Carla Galvão é uma mulher ‘on the road’, uma jovem que anda à boleia e se vai cruzando com personagens que, no seu conjunto, formam o retracto de uma América em crise de crescimento. Uma mulher que tem o sonho de cantar e que sabe, apenas, que não quer nada daquilo que os outros parecem perseguir com tanta veemência. 
Janis é a voz de uma juventude que procurou encontrar-se a si própria através do excesso e que procurou na diferença um manifesto para a auto-afirmação. O espaço-tempo desta peça encontra frente-a-frente as drogas e a libertação sexual, a música rebelde e os sentimentos antiguerra, a luta anti-racista e o alcance de uma existência mais verdadeira. Muitos, verão em Janis a figura lendária de Janis Joplin, mas Janis e a Tartaruga não é uma biografia. É apenas uma visita à geração de sessenta, escrita na actualidade.
Para ver esta sexta-feira e sábado, às 21h30 e domingo às 16h na Sala Experimental, do teatro Municipal de Almada.



Ficha Técnica
Janis e a Tartaruga estará em cena até domingo
Texto Pedro PINTO e Filipe PINTO
Encenação e Figurinos Luisa PINTO
Interpretação Carla GALVÃO
Direcção Musical e Canção Original Carlos TE
Produção Musical Miguel FERREIRA
Guitarras Marco NUNES
Baixo Nuno SIMÕES
Bateria Sérgio NASCIMENTO
Slide Guitar e Gravação André INDIANA
Cenografia Cátia BARROS
Desenho de Luz Bruno SANTOS
Sonoplastia Pedro Lopes MOREIRA
Design e Operação de Vídeo Miguel MIRANDA
Fotografia de Cena Miguel MIRANDA
Assistente de Encenação Teresa LEAL
Maquinaria Rogério MARINHO
Produção Cine-Teatro Constantino Nery/Câmara Municipal de Matosinhos

Presidente da Câmara Dr. Guilherme PINTO
Vereador da Cultura Dr. Fernando ROCHA
Directora do Departamento da Cultura e TurismoDra. Clarisse CASTRO
Directora Artística do Cine-Teatro Constantino Nery Luisa PINTO


SALA EXPERIMENTAL
9 a 11 DEZEMBRO 2011
Sex e Sáb 21h30, Dom 16h

M/16

Paulo Jorge Oliveira 

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