Palco ADN - Dialecto lançam primeiro álbum

 Música com Aromas de Saudade

A poucas semanas do final do ano e em pleno Inverno, os Dialecto quiseram fazer subir as temperaturas com “Aromas” o álbum de estreia da banda de Pinhal Novo. São 11 canções originais onde misturam letras que nos transportam a vários lugares do sul de Portugal com os instrumentos portugueses mais tradicionais. Voltam ao passado e trazem, com uma nova roupagem, canções de tempos antigos, fazendo-as florescer de novo e contactar com a nova geração. Com uma identidade muito própria, que tem como base a música tradicional portuguesa. Até porque, como dizem, “A música portuguesa é rica em linguagens, tonalidades e fragrâncias…”. Um trabalho onde a banda gostava “que as pessoas apreciassem a forma como a músicas (os vestidos) se adequam bem aos poemas (as máscaras)... e como os temas se complementam na sua diversidade”, disse Álvaro Amaro em entrevista ao ADN.

Banda lançou primeiro álbum antes do Natal 


Certo é que os Dialecto trazem-nos 11 canções originais onde se refletem as suas influências, tais como Aromas da Saudade, Bulia o Baile, Lá Nas Ondas do Teu Pão ou mesmo em Caramela [uma das mais bonitas do álbum] e Cantar de Amor. Não são um projeto, são uma banda. Uma banda de canções portuguesas, como se assumem. São Dialecto com aromas lá dentro. 
Ao vivo, a banda de Pinhal Novo já mostrou do que é capaz. Assume “influências dos mais diversos quadrantes do mundo musical”. Mas, como disse Álvaro Amaro ao ADN, “reconhecem-se, na nossa música, influências de Zeca Afonso, Fausto, Sérgio Godinho ou Trovante,… que muito prezamos e assumimos sem preconceito, embora achemos que temos uma marca própria, descolada desses marcos,… um estilo que faz o seu próprio caminho nos temas, nos ritmos, na linha melódica”.
Como os próprios gostam de dizer: os Dialecto “não se define como pertencente à geralmente designada Música Popular Portuguesa, mas como um grupo que faz música portuguesa”. E música portuguesa, dizemos nós, de elevada qualidade.
Como autores, e para quem ainda não os conhece, onde colocam o registo dos Dialecto? “Temos alguma dificuldade em lidar com etiquetas… estamos cada vez mais convictos que não existem géneros puros, pois toda a produção é um intertexto de outro texto. Consideramos, no entanto, que não somos um grupo de música tradicional portuguesa,… costumamos dizer que somos um grupo que ensaia a fusão entre o popular e outros ambientes musicais”.


Música sem regionalismos bacocos

Os espectáculos ao vivo continuam a ser aposta forte dos Dialecto 

Neste primeiro trabalho, diz Álvaro Amaro, “a nossa preocupação foi divulgar um conjunto de temas que pudessem constituir uma amostra da versatilidade e das potencialidades do Dialecto. Juntámos canções que percorrem várias tendências e temas, mas que se complementam como flores e aromas diversos num mesmo ramo/ bouquet”.
E o resultado é surpreendente. Porque nota-se um grande trabalho de recolha e de arranjos. São das poucas bandas – pelo menos de que há conhecimento – que têm no seu repertório um aroma muito grande e uma referência permanente ao distrito de Setúbal, quer nas letras, quer na própria inspiração. Ora, explica a banda que neste trabalho, “a par de canções com temas e alusões intemporais e universais, quisemos recuperar alguns temas que já experimentaram sucesso nos nossos concertos, inspirados em Festas e tradições da península de Setúbal. São as nossas referências e orgulhamo-nos das nossas origens, embora o façamos sem intenção de promover regionalismos bacocos ou provincianos”.


CD com crítica muito positiva
Aromas bem recebido pela critica musical 

Com um público “muito heterogéneo”, os Dialecto pretendem sobretudo que a sua música “ajude as pessoas a serem felizes, despertando os mais diversos sentimentos…, temos muito prazer e gosto naquilo que fazemos e divertirmo-nos muito em palco, quando o público, de diversas idades, reage bem e também se diverte. Queremos apenas um cantinho no panorama da música portuguesa e contribuir para a sua elevação”, diz Álvaro Amaro ao ADN. 
Com o CD à venda desde dezembro do ano passado, as reacções ao trabalho têm sido, segundo a banda, “muito positivas”. “De surpresa inusitada, mesmo para quem já nos conhecia, com elogios à qualidade do registo, à originalidade e diversidade dos temas. Quem já adquiriu o CD, diz que não se cansa de ouvir todas as canções… Temos também sentido muito interesse e apoio por parte da crítica e dos programas que apostam na música portuguesa” diz Álvaro Amaro.
E até onde podem chegar ninguém sabe. Mas será, de certeza, até “onde o público quiser. Nós apenas queremos tocar para muita gente e fazer com que a música ajude as pessoas a sentirem-se felizes”, sublinha a banda.


Público pode esperar dedicação, humildade e boa música
Dialecto na RTP, no programa Portugal no Coração 

Ao vivo, por diversas vezes, os Dialecto já tiveram em muitas festas e festividades onde mostraram agarrar o público. Nas últimas duas edições das Festas Populares de Pinhal Novo, a banda teve direito ao palco principal. E sempre com bons registos. 
Em 2010, em entrevista ao jornal Impacto da Região, a banda que é uma “ligação entre a música étnica e o popular mais urbano”, como contou Lindolfo Paiva, faz música por diversão pura: “a música é um alimento importante para nos sentirmos bem. Nós somos, essencialmente, um grupo de amigos e, ter um bocadinho um sábado de manhã ou uma noite durante a semana, para poder tocar é, para nós, muitíssimo importante”. A banda de Álvaro Amaro, Carlos Varela, Eduardo Matos, Jorge Pimentel, Lindolfo Paiva, Artur Graxinha e Luís Luís, subiram ao palco principal sem “as bailarinas” mas, revelaram um, segredo: “nos camarins tem de existir sempre um Cascalheira Doc. É o nosso vinho, o nosso fetiche”. Desde essa altura saiu da banda Luís Luís e entrou Paulo Toledo, que agora faz parte da família Dialecto.
Dois anos depois destas palavras, a banda continua a ter o mesmo adn nos espectáculos. “Ao vivo somos um grupo que se transcende e transfigura, de acordo com o espaço, o evento e o público. Cada concerto é único e o alinhamento é pensado em função dos ambientes, ora mais intimistas, ora mais efusivos e festivos. O público pode esperar sempre muita dedicação e humildade e boa música”, contou Álvaro Amaro.
Para já, os Dialecto continuam a promover os “aromas”. Estiveram na RTP na semana passada e no programa Cantos da Casa, da Antena 1. Aroma estará em distribuição nacional dia 5 de março, no entanto, já o encontram à venda na Jukebox (Pinhal Novo); na Cattec informática (Setúbal) e no Retiro Azul e no Espaço Tradições (Palmela). Em março, a banda promete mais novidades.

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Paulo Jorge Oliveira 

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