Crise ou mudança? Navigator confirma saídas em Setúbal mas recusa pressões

Empresa assegura que apenas 25 das rescisões estão ligadas à reestruturação industrial em curso

A Navigator, com unidade industrial em Setúbal, confirmou que até ao final de 2025 sairão 125 colaboradores. Contudo, a empresa garante que estas saídas decorrem de forma voluntária, rejeitando qualquer tipo de pressão sobre os trabalhadores.
Empresa rejeita acusações de despedimentos forçados

A resposta surge na sequência das acusações feitas pela União dos Sindicatos de Setúbal da CGTP-IN, que denunciou supostas pressões sobre 54 funcionários das fábricas de Setúbal e da Figueira da Foz para rescindirem contrato. A empresa nega o número e assegura que apenas 25 dessas saídas estão relacionadas com a reorganização industrial em curso.
Segundo a Navigator, das mais de três mil pessoas que emprega em Portugal, 84 já deixaram a empresa este ano, por diferentes razões: reformas, acordos mútuos, término de contrato, iniciativas individuais e falecimentos.
A empresa lembra que tem em curso, desde 2014, um programa de rejuvenescimento da força de trabalho, que é “voluntário, compensado e direcionado a trabalhadores com longas carreiras e em regime de turnos”. A Navigator reforça que atua com total transparência, dentro do cumprimento da legislação laboral e no respeito pelos seus colaboradores.
Em relação às acusações de retaliação por participação em greves ou reivindicações salariais, a Navigator também nega qualquer discriminação: “As avaliações de desempenho são objetivas e transparentes, e a progressão salarial depende exclusivamente do mérito”.

Sindicato mantém as acusações contra a empresa 
Por seu lado, o sindicato mantém as críticas. Considera injustificadas as alegadas pressões, sobretudo tendo em conta os lucros elevados da Navigator em 2024 e 2025: 287 milhões de euros em lucro líquido no ano passado e 48,3 milhões apenas no primeiro trimestre deste ano, além de quase 75 milhões de euros recebidos do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).
Para os representantes sindicais, esta gestão lembra “tempos em que a democracia era uma miragem e quem falava era penalizado”.
A Navigator garante, contudo, que mantém um diálogo regular com estruturas sindicais, e que continuará a investir na requalificação de colaboradores e na transição justa para novos perfis profissionais, respondendo às exigências do setor industrial em reestruturação.

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