Cultura - Teatro

O Solário em cena amanhã, em Pinhal  Novo

Amanhã, 3 de Dezembro às 21h30,  no Auditório Municipal de Pinhal Novo, há teatro de qualidade. A companhia de Teatro Poucaterra, do Entrocamento  leva à cena “O Solário”. A peça está integrada no espaço de programação cultural "Artimanha Convida". Trata-se de uma das melhores peças de teatro do grupo do Encontramento e galardoada com vários prémios:
Nomeações no Festival Nacional de Teatro – 2009, Melhor Espectáculo – Melhor Encenação – Melhor Interpretação Masculina. Prémio no Festival Nacional de Teatro – 2009 e Melhor Interpretação Feminina – Rute Lourenço. Boas razões para sair de casa e ir até ao Auditório de Pinhal Novo, assistir a bom teatro.
Rute Lourenço,a melhor interpretação feminina de teatro em 2009  



A cena desenrola-se no jardim de um hospital que trata doentes do foro psicológico. Na década dos anos setenta eram designadas casas de repouso, para onde os filhos de pais abastados eram enviados com o intuito de repousar e recuperar as suas forças.
“O Solário” é o espaço no jardim onde todas as tardes a Sra. Enfermeira Elvira e três pacientes jovens dum piso duma ala do Hospital vão tomar um pouco de sol até ao anoitecer, o lanche e conviver. O solário é marcado pela rotina dos pacientes e das conversas até que, certa tarde, as conversas estabelecidas entre os três pacientes tornam-se mais agressivas que o normal. Exorcizam os seus medos, os seus pavores e as suas memórias.
A ironia do paciente Eduardo, marcado pela missão na guerra colonial, desponta a agressividade verbal da Adriana que, com a protecção da sua amiga Carolina e da enfermeira, impõe o suicídio ao Eduardo pelo entardecer desse dia. Quer a ironia do destino que esse entardecer seja o do dia 24 de Abril de 1974, claramente marcado pela voz de Paulo de Carvalho, na música de José Calvário e letra de José Niza “E depois do adeus”.
Eduardo é a “ponte” para a ligação à história recente de Portugal, nomeadamente da guerra do ultramar e da ditadura salazarista vivida e suportada pelos portugueses.

Um texto intenso

De acordo com o encenador, Rafael Vergamota, “há temas que contêm tamanha força que nos impelem, arrastam, perseguem como trevas na nossa perfeição. Ou porque nos revemos neles como espelho da nossa essência, ou porque nos encantam, fascinam, seduzem ou enfeitiçam. Ou ainda por razões que a própria razão desconhece”.
Por isso, o texto de Fernando Augusto “O Solário”, “desponta inevitavelmente no nosso trilho, porquanto a necessidade de o compartilhar, é muito mais forte que nós.
Alguns excertos do teor são espontaneamente reconhecidos. Para mim são incessantemente autênticos, arrepiantes, eternamente únicos e entretanto estamos perante um espectáculo de teatro, indissociável da vertente estética e artística que sempre nos norteou”, escreve Vergamota.
A peça, brindada e saudada pela crítica, “reporta a acção para um período recente da nossa história ainda presente na memória dos mais velhos e no entanto tão distante dos mais jovens, que parece ter sido dactilografado unicamente para nós, mesmo que o planeássemos, não conseguiríamos libertarmo-nos dele”, conclui Rafael Vergamota 

Ficha Técnica

Adaptação livre e encenação: Rafael Vergamota
Interpretação:
Adriana: Catarina Pinto
Carolina: Rute Lourenço
Elvira: Goreti Meca
Eduardo: Rafael Vergamota
Cenografia: Teatro da Trindade
Ambiências sonoras: Rafael Vergamota
Desenho de luz: Rafael Vergamota
Sonoplastia: Tiago Reis
Luminotecnia: Ana Capela Alves
Desenho Gráfico: Jorge Bilreiro
Fotografia: Rui Canto
Produção: CTP / 2008
Classificação etária M/6

Espectáculo em um acto, com duração aproximada de setenta minutos sem intervalo.

Companhia de Teatro Poucaterra: http://www.poucaterra.pt/

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