A semana em três tristes actos!

Criticas Soltas - by Joana Teófilo Oliveira
A semana em três tristes actos!  

Primeiro acto
Gosto de empresários. Não dos especuladores, que não criam riqueza, mas daqueles que investem e geram postos de trabalho e receitas fiscais, contribuindo assim para o progresso do País.


E gosto ainda mais dos empresários que não se limitam a ganhar dinheiro e intervêm na sociedade, com críticas aos desmandos do poder ou com acções que por vezes fazem a diferença. Gostava, por isso mesmo, de Alexandre Soares dos Santos, que fui vendo ao longo da última década, em todos os canais de televisão, prevendo o descalabro, arrasando governações e advertindo que se impunha mudar de vida.
Agora, sinto-me traída, confesso, embora a ele lhe dê igual. Não por ter passado a sede da holding familiar para a Holanda, um acto normal de gestão, que a vida das empresas tem regras e não se compadece com hesitações. Mas apenas pela desilusão. Quando era preciso ser coerente com o discurso apocalíptico de anos e dar ao Mundo um sinal de confiança no futuro de Portugal, o sr. Santos só teve olhos para mais um pingozinho de lucro. E trocou-nos por um prato de lentilhas. Desistiu de Portugal e deixou-nos a mensagem de que não vale a pena investir por cá porque não acredita em nós. Esta é, infelizmente, a realidade. Depois do governo convidar os jovens e os professores a imigrar chegou a vez do Pingo Doce convidar as nossas empresas a imigrarem para paraísos fiscais.

Segundo Acto

Andamos todos esta semana a ouvir fazer da Loja Mozart (quando ouvi pela primeira vez confesso que era uma loja de um qualquer centro comercial dedicada à música), a maçons e outras maçadas com deputados e gentes das secretas que, pelo que leio,  só investigam negócios a favor de si mesmo. Esta nova edição da casa dos segredos não faz sentido. 
Falar de Maçonaria, há tanta coisa que me surpreende a mim e a qualquer cidadão. A primeira advém do secretismo da organização. Estamos em pleno século XXI, no tempo da internet, das redes sociais e da informação instantânea. Vivemos na era da democratização do acesso ao conhecimento e no tempo da transparência. E fazemos parte de um país que há mais de trinta anos vive em liberdade e em democracia. Neste quadro de referências, alguém percebe uma organização que existe, funciona e age de modo secreto? No tempo da ditadura, ainda se compreenderia. Em democracia, desconfia-se.
Alguém me pode explicar, com urgência, o que raio estes senhores se juntam numa loja (e de certo não é para comprar coisas... só se for para comprar influências) a discutir. A discutir o quê? Que segredos existem hoje assim de tão secreto? Será que falam do sexo dos anjos? Ou de... cala-te boca!

Terceiro acto

Mas a semana passada ainda fiquei “assustada” com outra notícia. A seleção portuguesa de futebol é a que mais vai pagar de hotel no próximo Europeu, a disputar na Ucrânia e na Polónia, com uma diária de mais de 33 mil euros, segundo as contas feitas pelo jornal desportivo espanhol AS.
Portugal vai ficar na cidade de Opalenica, na Polónia, ainda que jogue a fase de grupos na Ucrânia. A escolha agradou a Paulo Bento, principalmente, pelo exterior e em particular com o campo nº5, longe da vista dos ‘curiosos’ e com mini-estádio. Do lado oposto está a campeã do Mundo e da Europa, a Espanha, com um valor diário para a estadia de toda a seleção (jogadores, equipa técnica, diretores e todos os outros membros da comitiva) de 4700 euros. A mais poupadinha. Ora, num pais há beira da falência, sem dinheiro para nada, com a fome a as dificuldades sociais a serem notícia cada vez mais frequente é, no mínimo, revoltante saber que os nossos jogadores e respectivos dirigentes irem gastar 33 mil euros por dia para um hotel! Revoltante ainda é pouco. Porque ainda há os prémios para pagar a esta cambada!  



Joana Teófilo Oliveira
Estudante de Ciências da Educação
Quinta do Anjo 


(Escreve todas as segundas-feiras na rubrica Criticas Soltas)






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