Um tanto... um pouco...

Pena Solta - By Lia Santos
Um tanto... um pouco...
Caminho de mãos estendidas, numa levo a alma noutra a esperança... percorro o meu caminho como um rio no seu leito, espalhando amor e paz e colhendo sabedoria e conhecimento...Nasci uma gota, vou crescendo conforme  a terra me deixa correr, vou-me transformando na imensidão, vou conhecendo vales e prados, vou acolhendo toda a vida que em mim quer existir... Continuo caminhando de mãos estendidas abrindo um caminho para descobrir o meu destino e entregar a minha alma ao descanso, deixando a restia de esperança no final. A todo o momento tento ser mais forte, a todo o instante tento ser diferente, estou me a tornar maior mais forte! Consigo por fim ter em mim um pouco de tudo o que existe, vida, amor, ilusões,amizade, carinho, medo... Mas continuo o meu caminho em busca de algo mais...

Nao sei o que procuro ou onde está! Mas sei que quando chegar irei me sentir serena, irei olhar para traz e ver o quanto mudei aqueles vales e prados por onde passei, a vida que existiu as gerações que um pouco da minha esperança ficou...Continuo o meu caminho cheio de sonhos e pensamentos de mãos estendidas sobre o futuro, com minha alma cada vez mais rica e a esperança mais erguida. Encontro uma montanha pela frente e paro!!Tento saber como continuar o caminho, mas ela é de uma imensidão tremenda, forte e erguida ate aos ceus... Deixo a minha alma ir em direcção ao seu conhecimento e a esperança de forma a deixar me passar sem sua grandeza danificar...
Até que a mesma me retribuiu a confiança para continuar o meu caminho, entao abriu me o seu coração e deixou me continuar por si dentro aconhendo toda a vida e esperança que me acompanhava, quando a passei olhei para traz e vi que ela estava florida cheia de vida e um clima harmonioso se instalava... Ai percebi que a confiança que me deu foi a suficiente para chegar a pedra mais dura porque tudo na vida tem um coração e mesmo que ele não nos queira seguir vai nos deixar passar.
Sigo em frente com um sorriso, pois meu destino deve estar proximo e quero saber o meu lugar na terra, um sitio sereno para descansar e a minha alma poder se erguer a luz... Minhas mãos estão a ficar cansadas de tanto percorrerem estendidas mas a esperança suporta a alma, até que conheço o mar! Enorme... Estrondoso... Imenso... De uma beleza unica, mas salgado! Como se ele é agua também? Como se ele é feito do mesmo que eu? Ele me sorriu quando me viu mas não me deixou passar...Quis que ficasse ao seu lado e que partilha-se todo o meu conhecimento e vida, abraçou a esperança e disse-me... Sabia que ias-me encontrar!
Porque todo o amargo tem um lado doce e tu és o meu! Sorri e fiquei espantada com tal imensidão, em todo o meu caminho sempre pensei em seguir em frente em busca do meu lugar onde tudo era igual a mim, e agora vejo que aqui eu pertenço pois a diferença se completa, a esperança era a mesma a alma vivia da mesma forma e a confiança identica...
Até hoje! Partilhamos da mesma forma de vida mas com sentidos diferentes, temos a mesma beleza mas com bases diferentess, partilhamos a mesma esperança o mesmo sitio os mesmos sonhos, mas sempre lado a lado, pois sabemos que nunca podemos ser um só!minha alma descansa finalmente e vejo então que o meu destino era completar a diferença. Apesar de ter-mos os mesmos sonhos, a mesma confiança, procuramos nos completar e nada do que nos possam inserir em nós pode mudar isso. Felicidade é ter os mesmos objetivos e não a mesma vida, confiança é saber o nosso lugar e não ocupar o que não nos pertence, esperança é saber que todos os dias ela nos vai sorrir e dar um pouco do que não temos... E viver é ter alma para acreditar! Minhas mãos continuam estendidas erguendo a minha alma e a esperança mas agora estão seguras pela confiança para abraçar o salgado do mar...Um tanto, com um pouco... Formam um tudo...


Lia Santos 
Lisboa 


(Lia Santos escreve todas as quartas-feiras a rubrica Pena Solta, pensamentos da alma) 

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