Trabalhadores da Autoeuropa aprovaram pré-acordo laboral

Aumento salarial mais bónus e conversão de contratos a termo em contratos efetivos


Mais de 73 por cento dos trabalhadores da Autoeuropa aprovaram hoje em referendo o novo acordo laboral, que prevê aumentos salariais de 3,2 por cento, com um mínimo de 25 euros, disse à Lusa um elemento da Comissão de Trabalhadores. O pré-acordo aprovado esta quinta-feira abrange um conjunto de questões que faziam parte do caderno reivindicativo da Comissão de Trabalhadores, mas nada adianta em relação aos novos horários de trabalho que serão implementados a partir de Agosto, quando a fábrica entrar num regime de laboração contínua. 
Depois da rejeição de dois pré-acordos sobre os novos horários pela grande maioria dos trabalhadores, a administração e a Comissão de Trabalhadores decidiram deixar para mais tarde - Abril ou Maio - as negociações sobre os horários que deverão vigorar a partir de Agosto.
73 por cento dos trabalhadores aprovam acordo laboral 



Durante os próximos cinco meses deverá continuar em vigor o horário imposto por decisão administrativa da Autoeuropa, que estabelece as normas do trabalho ao sábado e respetivas contrapartidas remuneratórias, uma vez que não foi possível o entendimento sobre os novos horários para este primeiro semestre de 2018, disse a fonte.
Os valores atingidos no acordo ficam aquém do que a Comissão de Trabalhadores pretendia no seu caderno reivindicativo, onde exigia aumentos de 6,5 por cento, com um mínimo de 50 euros. No entanto, são superiores ao que a administração contrapropôs, que era um aumento de três por cento este ano (2018), embora com a promessa de mais dois por cento em 2019.
A Comissão de Trabalhadores não conseguiu este acordo sem dificuldades, tendo mesmo enfrentado um abaixo-assinado que pediu a sua destituição. A fábrica de Palmela tem estado a passar por um período de tumulto desde o verão do ano passado, altura em que uma Comissão de Trabalhadores foi forçada a demitir-se após ter visto chumbados dois pré-acordos com a administração relativamente à implementação de um novo horário de trabalho. O motivo era o T-Roc, o novo SUV da Volkswagen que exigirá que a fábrica produza 240 mil unidades em 2018, o que só é possível, de acordo com a administração, com mais dias de trabalho semanal.
Perante a impossibilidade de atingir um acordo com os trabalhadores, a empresa decidiu impor unilateralmente o trabalho aos sábados e um turno da noite, com uma semana de 17 turnos, em vigor até à pausa anual em Agosto. Agora, o desafio da Comissão de Trabalhadores liderada por Fernando Gonçalves é negociar os horários que entrarão em vigor depois dessa pausa, com a administração a apontar para a laboração contínua, com o domingo como dia de trabalho normal.

O que estava no pré-acordo
Acaba assim a tabela A0 para operadores, bem como o primeiro nível de integração para especialistas que venham a ser contratados. Com isto, quem seja contratado a partir de agora e integrasse o nível A0, irá receber mais 140 euros do que receberia.
Ficou ainda estabelecido que 250 contratos a termo passarão a efetivos, até 31 de Dezembro deste ano.
Os trabalhadores que tiverem saldo positivo relativamente aos down-days (dias em que a fábrica para), receberão em Janeiro do próximo ano o respetivo pagamento.
Entre os benefícios acordados para os funcionários, está o pagamento de seis bolsas de estudo para filhos de trabalhadores no ensino superior e condições especiais para grávidas. Condições que passam pelo pagamento de um subsídio no valor de 10 por cento do salário.
O acordo nada adianta em relação aos novos horários de trabalho que serão implementados a partir de Agosto, quando a fábrica entrar num regime de laboração contínua.
Nos últimos meses, a fábrica de automóveis da Autoeuropa contratou cerca de dois mil trabalhadores, tendo agora um efetivo de 5700 trabalhadores, para dar resposta ao volume de produção previsto para o novo veículo Volkswagen T-Roc, com uma produção estimada de 240 mil  unidades até final deste ano.

Agência de Notícias com Lusa

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