Ponte 25 de Abril vai ter obras durante dois anos

Relatório aponta problemas na estrutura na ponte que une Almada a Lisboa

A revista Visão diz que um relatório do Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC), a que teve acesso, aponta para graves riscos na Ponte 25 de Abril. Ainda esta quarta-feira, em comunicado, a Infraestruturas de Portugal informou que a ponte que liga as duas margens do Rio Tejo (Almada e Lisboa), vai ser alvo durante dois anos de trabalhos manutenção, orçados em 18 milhões de euros. O concurso público internacional para a adjudicação da obra será lançado em breve. Questionada pela Lusa, fonte da empresa explicou que o prazo de dois anos para a realização das obras só se inicia após a adjudicação da empreitada, na sequência do concurso que será lançado no decorrer deste mês.
Trabalhos de manutenção de 18 milhões



"Esta empreitada tem por objetivo a realização de um conjunto de trabalhos identificados no âmbito das atividades de inspeção e de monitorização do comportamento estrutural da Ponte 25 de Abril, promovidas em contínuo pela Infraestruturas de Portugal, e executadas pelo Instituto de Soldadura e Qualidade e Laboratório Nacional de Engenharia Civil, respetivamente", explica a nota.
A Infraestruturas de Portugal salienta que os trabalhos de manutenção realizar-se-ão durante a noite e aos fins de semana.
"À semelhança das intervenções de manutenção anteriores realizadas na Ponte 25 de Abril, e de modo a minimizar eventuais impactos na normal circulação rodoviária e ferroviária, os trabalhos serão executados em períodos de menor fluxo de tráfego, nomeadamente em período noturno e em dias não úteis", indica a Infraestruturas de Portugal.

Fissuras na Ponte 25 de Abril estão identificadas há vários anos
Há oito anos que estão identificadas as fissuras e outras anomalias na estrutura da Ponte 25 de Abril pela equipa permanente no local do Instituto de Soldadura e Qualidade. As obras de intervenção para reparar as fendas naquela estrutura que liga Almada a Lisboa foram recomendadas há dois anos. Estes dois factos foram confirmados pelo engenheiro Tiago Abecasis, em declarações ao Diário de Notícias,  um dos projetistas da equipa que concluiu a avaliação das falhas da estrutura para a empresa norte-americana Parsons (projetista da Ponte 25 de Abril), no início de 2016. Entretanto as fendas "aumentaram de comprimento".
A equipa que trabalhou para a Parsons estudou e projetou, de 2014 ao início de 2016, "a intervenção que devia ser feita de reparar fissuras e outras anomalias como o bloqueamento dos apoios de umas vigas do tabuleiro rodoviário, que deviam permitir determinados deslocamentos e não permitem", descreveu Tiago Abecasis. Segundo adiantou o engenheiro, a intervenção iria custar 18 milhões de euros, precisamente o valor avançado na quarta-feira pela IP.
"Não precisámos de fazer uma recomendação de obras com urgência porque todos os técnicos da IP envolvidos manifestaram esse desejo de começar rapidamente com as obras", sublinhou o técnico.
"As fissuras estavam identificadas há pelo menos oito anos pelos técnicos.  "Todos os meses o Instituto de Soldadura e Qualidade - que tem uma equipa permanente na estrutura - produz um relatório de inspeção à ponte com as dimensões das fissuras e elas todos os meses estão a aumentar de comprimento".
"É seguro circular na Ponte 25 de Abril desde que se mantenha uma observação permanente da evolução das fendas", garante Tiago Abecasis. Mas "quanto mais demorarem a fazer as obras mais risco há e mais cara fica a reparação". Se a intervenção tardar muito "pode vir a ser necessário fechar os tabuleiros rodoviário e ferroviário". Para já, ainda não é.

O que irá ser feito na ponte 
As intervenções previstas, segundo a Infraestruturas de Portugal, incidem sobre elementos metálicos da ponte suspensa e em elementos de betão armado pré-esforçado do viaduto de acesso norte.
"Genericamente, trata-se da execução de trabalhos de construção metálica, soldadura, reposição localizada da proteção anticorrosiva, substituição de elementos não estruturais, limpeza, tratamento e pintura pontual de superfícies de betão", acrescenta o comunicado.
O projeto de execução de suporte a esta empreitada contempla as soluções técnicas de reparação definidas pela empresa projetista americana Parsons e pela empresa projetista portuguesa TalProjecto, cujo desenvolvimento foi acompanhado e validado ao longo das suas diversas fases pelo Laboratório Nacional de Engenharia Civil.
"De referir que a Parsons é a empresa projetista que detém os direitos de autor do projeto de construção da Ponte que data da década de 60, e que é simultaneamente a autora do projeto de instalação do caminho-de-ferro, alargamento do tabuleiro rodoviário e de beneficiação geral da Ponte 25 de Abril, concretizada na década de 90", refere a Infraestruturas de Portugal.
A Talprojecto é uma empresa projetista portuguesa na área das estruturas metálicas.

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