Contrato recupera Forte de Albarquel em Setúbal

Instituição de beneficência com sede em Londres vai financiar a intervenção

A Câmara de Setúbal aprovou no dia 21, em reunião pública, a minuta de um contrato a celebrar com a fundação The Helen Hamlyn Trust para a recuperação do Forte de Albarquel. A instituição de beneficência com sede em Londres vai financiar a intervenção de recuperação e restauro do Forte de Albarquel até ao limite de 686 mil libras esterlinas, cerca de 770 mil euros, no âmbito da Lei do Mecenato e das Leis Inglesas e do País de Gales.  O Forte de Albarquel vai ser utilizado como sala de visitas de Setúbal com vista à receção de individualidades, corpos diplomáticos, delegações estrangeiras, investidores e empresas, procurando-se, desta forma, "capitalizar" o seu "enquadramento natural", diz a autarquia sadina. 
Autarquia já tem luz verde para avançar com a obra 

A fundação inglesa contratou diretamente, na zona de Setúbal, uma equipa de arquitetos e uma empresa construtora especialista em recuperação de imóveis antigos, que elaboraram o projeto de arquitetura e execução da recuperação do forte, o qual aguarda aprovação final na Câmara de Setúbal.
De acordo com a deliberação camarária, o processo de recuperação do Forte de Albarquel esteve parado cerca de um ano por razões relacionadas com a decisão do Reino Unido de deixar a União Europeia, o que originou “restrições muito complexas à saída de divisas” por parte de fundações inglesas, nomeadamente para países fora da comunidade britânica.
Após uma “avaliação legal muito rigorosa do apoio da Helen Hamlyn Trust à reconstrução do Forte de Albarquel”, o processo encontra-se concluído, tendo sido remetido à autarquia o contrato final a celebrar entre as partes.
O contrato prevê que a Helen Hamlyn Trust é diretamente responsável pela contratação da empresa que executará a recuperação do forte e o município de Setúbal fica com a fiscalização e o acompanhamento da obra.

A grande sala de visitas da cidade
A fortificação, que estava sob a tutela do Estado português, foi, em Janeiro de 2015, cedida, gratuitamente, à Câmara  de Setúbal, por um período prorrogável de 32 anos.
O objetivo da "devolução" desta estrutura, localizada junto à Praia de Albarquel, em pleno Parque Natural da Arrábida, ao município setubalense, é valorizá-la e colocá-la "ao serviço dos munícipes e dos visitantes", bem como promover a qualidade urbanística "dos espaços exteriores envolventes".
Na altura, a autarquia revelou que o forte vai ser alvo "de um projeto de reabilitação geral" no valor de mais de dois milhões de euros que será impulsionado pela Câmara em parceria com a fundação inglesa The Helen Hamlyn Trust, que já apoia, também, a realização do Festival de Música de Setúbal.
"Estamos perante um momento histórico para a cidade", assegurava Maria das Dores Meira, presidente do município. Segundo a autarca, o protocolo assinado com o Estado fica registado "na história da cidade e deste monumento seiscentista, fechado, degradado e abandonado há largas décadas", porque assinala "o início de uma transformação que era exigida pelos setubalenses".
A reabilitação da fortificação vai dividir-se em três componentes, a primeira das quais é de índole museológica e expositiva, envolvendo "a instalação de um núcleo museológico permanente e temporário" dirigido "aos cidadãos em geral, mas sobretudo aos alunos dos diversos níveis de ensino", adianta a autarquia.
Uma segunda valência do espaço prevê, por outro lado, a realização de manifestações culturais e artísticas de caráter mais restrito, incluindo concertos de música de câmara, recitais de poesia, apontamentos teatrais, apresentações de obras literárias e mostras de artes plásticas.
Finalmente, o Forte de Albarquel vai ser utilizado como sala de visitas de Setúbal com vista à receção de individualidades, corpos diplomáticos, delegações estrangeiras, investidores e empresas, procurando-se, desta forma, "capitalizar" o seu "enquadramento natural".

Helen Hamlyn é conhecida por trabalhos filantrópicos
Lady Helen Hamlyn, que vai apoiar a reabilitação do forte setubalense, é uma das mais célebres filantropas britânicas. Em parceria com o marido, começou por desenvolver trabalhos de filantropia no campo das artes, da educação e da justiça social, aumentando, depois, o seu âmbito de intervenção com a criação da sua própria fundação.
A The Helen Hamlyn Trust tem como principal missão o apoio ao desenvolvimento de projetos inovadores nas áreas da medicina, artes, cultura, educação, bem-estar, envelhecimento ativo, relações internacionais e conservação patrimonial que estejam associados aos interesses de Helen Hamlyn e do falecido marido, Lord Paul Hamlyn.
A inglesa tornou-se particularmente famosa nas décadas de 80 e 90 pelos esforços que conduziu no sentido de aumentar o acesso de todos à Royal Opera House, no Reino Unido. Em 1999, fundou, também no seu país, o The Helen Hamlyn Centre for Inclusive Design com o objetivo de financiar projetos de design que queiram melhorar vidas.
Agora vai ajudar a "reerguer" uma fortaleza que estava à décadas esquecida em plena praia de Albarquel, às portas de Setúbal. A população agradece. A cultura e a arte também.

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