Raríssimas, na Moita, já tem nova presidente

Pais de utentes e funcionários eleitos para direcção da Raríssimas

Sónia Margarida Laygue já foi empossada como presidente da associação Raríssimas, numa cerimónia que decorreu na Casa dos Marcos, o principal centro de tratamento da instituição, na Moita. A nova presidente diz que a sua prioridade é esclarecer a situação financeira da instituição, manter o financiamento e os apoios e retomar a confiança de todos os parceiros. "As nossas prioridades são esclarecer a situação financeira, manter o financiamento e apoios previstos nos próximos meses, fazer o diagnóstico de toda a situação, traçar um plano de ação claro, focado e com metas e transparência", disse a nova presidente da associação. A nova dirigente tem pela frente a tarefa de reabilitar a imagem da associação, depois do escândalo de gastos abusivos da ex-presidente, Paula Brito e Costa. A nova presidente, que pede para ser tratada como Margarida Laygue, quer a associação longe dos holofotes mediáticos: "este é um tempo de retiro", disse. Estiveram na tomada da posse dois funcionários da Segurança Social, que deverão acompanhar a nova equipa de gestão nos primeiros tempos. A nova presidente não quer Paula Brito da Costa na instituição enquanto não estiver concluída a investigação à anterior gestão. Mãe de uma criança com uma doença rara, Margarida Laygue foi eleita numa assembleia-geral extraordinária em que compareceram apenas 22 pessoas, menos de cinco por cento dos associados com poder de voto.
Sónia Laygue assume presidência da Raríssimas 

"As nossas prioridades são esclarecer a situação financeira, manter o financiamento e apoios previstos nos próximos meses, fazer o diagnóstico de toda a situação, traçar um plano de ação claro, focado e com metas e transparência", disse a nova presidente da associação, explicando que assumiu o compromisso "pela continuidade da Raríssimas e por ser mãe de uma menina com uma doença rara".
Na sua curta intervenção, Margarida Laygue reforçou também que é prioridade da nova direção "retomar a confiança de todos os parceiros" referindo-se em concreto a utentes, famílias, associados, colaboradores, Estado, mecenas e "todos os portugueses".
Para concretizar estes desígnios "com concentração e serenidade", a nova presidente da Raríssimas adiantou que agora é o momento de a instituição ter o seu espaço "para agir e conseguir inverter a situação".
"A palavra de ordem para a nossa direção será a transparência para que consigamos todos avançar. Teremos todo o gosto de prestar declarações a todos os órgãos de comunicação social mas numa fase mais tarde. Pedimos a compreensão no sentido de nos deixarem reunir toda a informação e traçar todos os planos para que consigamos avançar", adiantou.
A direção que hoje tomou posse tem ainda como vice-presidente Mafalda Costa e Rui Pedro Ramos como tesoureiro.
A Assembleia-Geral elegeu ainda por voto secreto a nova presidente do Conselho Fiscal, Ana Paula Soares, que é diretora de recursos humanos e mãe de um menino com doença rara.
Esta nova direção visa substituir a que era liderada por Paula Brito da Costa, que se demitiu da presidência da Raríssimas após uma reportagem da TVI em que se levantavam suspeitas sobre a sua gestão.
Paulo Brito e Costa, que criou a Raríssimas – Associação Nacional de Deficiências Mentais e Raras não compareceu na reunião, apesar de ser ainda associada. Está também suspensa do cargo de diretora geral que ocupava na Casa dos Marcos depois de aberto um inquérito interno para apurar se usou indevidamente dinheiros da instituição. Paralelamente, corre um inquérito no Ministério Público, em que a responsável foi já constituída arguida pelos crimes de recebimento indevido de vantagem, peculato (desvio de bens ou fundos públicos) e falsificação de documento.
Na votação participaram 22 associados, com 18 a favor e quatro em branco. Além de Margarida Laygue, foram ainda eleitos: Mafalda Sofia Costa, funcionária da Casa dos Marcos, para vice-presidente. Rui Pedro Alves Ramos, fisioterapeuta da Raríssimas, como tesoureiro. Para secretário, o psicólogo da Casa dos Marcos, António Veiga e como vogal Fernando Alves, pai de uma criança “rara”. Rosalina Alves dos Santos, também mãe de uma criança com doença rara, será vogal suplente.

Mãe de uma menina rara
Margarida Laygue é formada em Sociologia do Trabalho. “Tenho-me dedicado de corpo e alma à causa”, disse na apresentação da candidatura perante os associados. “Fazemos tudo para salvar esta associação”, acrescentou. Já depois de eleita, emocionada e rodeada de jornalistas, a nova presidente disse que tinha deixado a sua profissão há três anos para se dedicar à filha -  que faz tratamentos diários na Casa dos Marcos. Disse ainda que era importante mostrar a todos a importância da instituição e, junto com o Governo, criar um projeto. “Podemos não ter formação técnica, mas vamos à procura de ajuda. Temos perfeita noção que vai ser uma luta”, disse a nova presidente.
Segundo o Jornal de Notícias, Sónia Margarida Laygue chegou à Raríssimas depois de passar meses a "saltar de hospital em hospital" à procura de ajuda para a filha. Trabalhou na seguradora Ageas, mas abandonou a profissão para se dedicar inteiramente à filha. É casada e vive em Alcochete com o marido e a filha. Em declarações aos jornalistas, admitiu que os novos corpos sociais podem não ter a formação necessária para os cargos, mas assumiu que a equipa está empenhada.
A nova presidente considera que é "determinante" que a Raríssimas continue a dar resposta às famílias "que de outra forma não teriam qualquer tipo de apoio e assistência para terem meios de se superarem todos os dias". "É mesmo fulcral na nossa vida. Na minha vida, é essencial. Todos os dias estou aqui a fazer tratamentos com a minha filha", frisou, garantindo "toda a motivação" para continuar o projeto da organização.

Comentários