Hospital de Almada declara guerra às falsas urgências

"Projeto High Users" reduz falsas urgências no Garcia de Orta 

Um projeto inovador que identifica universo de utentes que vão dez ou mais vezes por ano à urgência da unidade, aos quais é agora atribuído um plano alternativo de assistência pelos Cuidados Primários, está a ter um êxito surpreendente na redução do uso abusivo do serviço de emergência, em Almada, escreve a revista Visão. O projecto agora em evidência, promove a gestão integrada da doença (efetividade da prestação de cuidados), potencia uma adequada e eficaz articulação e integração das diferentes estruturas prestadoras de cuidados, promove atitudes preventivas e procura melhorar a capacidade e qualidade de resposta do Serviço de Urgência aos utentes urgentes ou emergentes e, de acordo com Daniel Ferro, do Conselho de Administração do Garcia de Orta, "na primeira fase do projeto foram sinalizados e trabalhados cerca de 200 utentes, que em 12 meses tinham recorrido dez ou mais vezes à urgência do hospital", o que representa uma redução de 56 por cento nas idas às urgências de Almada.
Projecto inovador quer reduzir falsas urgências em Almada 

Quando há seis meses o Hospital Garcia de Orta, em Almada, iniciou o "Projeto High Users" (utilizadores frequentes/muito frequentes), que visa identificar os utentes que, em conjunto, se dirigem à sua urgência três a quatro mil vezes por ano, sem que a gravidade das situações o justifique, a direção da unidade não imaginava o êxito que seria alcançado num período tão curto. A surpresa é admitida à revista Visão pelo presidente do Conselho de Administração do Garcia de Orta, Daniel Ferro: na primeira fase do projeto foram sinalizados e trabalhados cerca de 200 utentes, que em 12 meses tinham recorrido dez ou mais vezes à urgência do hospital. "Através do 'Projeto High Users', já conseguimos reduzir em 56 por cento as idas dessas pessoas à urgência, percentagem que, confesso, espantou-nos", diz Daniel Ferro à revista.
O projeto em causa, explica o presidente do  Conselho de Administração do Garcia de Orta, resulta de uma parceria multidisciplinar entre o hospital e o Agrupamento dos Centros de Saúde de Almada-Seixal, designada GRHU, ou Grupo de Resolução High Users. 
Em concreto, "é redesenhado para esses utentes um percurso alternativo, com um plano de assistência que passa por um maior apoio das equipas de família dos cuidados primários e da Segurança Social", diz Daniel Ferro.
O uso excessivo ou inadequado dos Serviços de Urgência Geral é um problema a nível mundial e Portugal não é exceção. Em 2015, a média nacional de utilizadores frequentes foi de 8,6 por cento e representou cerca de 28 por cento do total de episódios de urgência.
Neste início de Inverno, tal como outros hospitais do país, as urgências enceraram-se e muitos foram casos de falsas urgências. Segundo os últimos números consolidados, relativos a 2016, o "uso inadequado" da urgência do hospital representou 45 por cento das admissões, sendo estes utentes de todas as faixas etárias. Foram realizados 97 039 "episódios de urgência", um acréscimo de 9,8 por cento em relação a 2015, mas as falsas urgências, na mesma comparação, aumentaram 17 por cento. "São situações que comprometem os atendimentos realmente urgentes e que originam uma subida de custos desnecessários", sublinha Daniel Ferro.
Por isso arrancou o "Projeto High Users", que entra agora numa segunda e mais ambiciosa fase. Abrange 3200 utentes identificados como tendo recorrido à urgência do Hospital Garcia de Orta entre quatro a dez vezes em 12 meses. No final de 2018, informa Daniel Ferro, a meta que a unidade pretende alcançar passa por reduzir pelo menos em 50 por cento as falsas urgências.
O Grupo de Resolução de High Users do Garcia de Orta e do ACES Almada Seixal venceu no final do ano passado na categoria de "Melhor Poster", da 11ª Edição do Prémio de Boas Práticas em Saúde.

Agência de Notícias

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