Horários impostos vão mesmo avançar em Palmela

Comissão de Trabalhadores volta a reunir-se para a semana com a administração da Autoeuropa 

A Autoeuropa vai mesmo ter novos horários a partir de dia 29 deste mês. O cenário foi admitido na sexta-feira por Fernando Gonçalves, coordenador da Comissão de Trabalhadores da fábrica de Palmela, depois das duas reuniões realizadas na semana passada com a administração. Isto significa que a partir do final deste mês os trabalhadores passam a ter de cumprir uma semana de cinco dias, com apenas uma folga fixa ao domingo e uma outra rotativa a meio da semana. A Comissão de Trabalhadores mantém-se contra esta imposição e recorda que “estes horários deviam ser de adesão voluntária”. No entanto, há muito pouca margem para alterações e as novas reuniões já não vão abordar os horários. Os operários serão unicamente sondados sobre se preferem mudar de turno todas as semanas ou se preferem fazer esta rotação a cada três semanas. O Sindicato afeto à CGTP quer sábados pagos como trabalho extra e mais 250 euros mês por novos horários na fábrica de Palmela.
Novos horários arrancam no final deste mês 

Nas próximas quarta e sexta-feiras os representantes dos trabalhadores voltam a sentar-se com a administração da fábrica e na mesa das negociações estará o caderno reivindicativo onde a CT exige o aumento salarial de 6,5%, num mínimo de 50 euros, e com efeitos retroativos a Setembro de 2017.
Depois destas duas reuniões haverá ainda um plenário que antecederá à greve e que está marcado para a semana de 22 a 26 de Janeiro – a última antes das novas tabelas horárias.
O Sitesul, sindicato afeto à CGTP, quer que a Autoeuropa pague os sábados como trabalho extraordinário e mais 250 euros por mês para os trabalhadores que aderirem ao novo horário de transição.
Estas reivindicações fazem parte de um conjunto de propostas apresentadas na passada terça-feira à administração pelo sindicato mais representativo na Autoeuropa, para ajudar a resolver o conflito laboral sobre os novos horários na fábrica de Palmela.
Segundo um comunicado divulgado esta sexta-feira pelo Sindicato dos Trabalhadores das Industrias Transformadoras, Energia e Atividades do Ambiente do Sul, "a administração tem agora a derradeira oportunidade de se aproximar de uma solução que permita a resolução do conflito".
Entre outras reivindicações, o sindicato defende que a Autoeuropa permita a adesão ao novo horário de transição, que deverá vigorar de finais de Janeiro a Julho deste ano, em regime de voluntariado, e reclama o pagamento do acréscimo de despesas com a guarda dos filhos dos trabalhadores que aderirem a este regime, mediante apresentação do respetivo comprovativo.
Outra reivindicação é o "pagamento dos sábados como trabalho extraordinário, ou seja um acréscimo de 100 por cento em relação ao valor da retribuição diária", mais 250 euros mensais para todos os trabalhadores que aceitem praticar aquele horário de transição, por forma a "compensar a desorganização da vida familiar e pessoal".
O sindicato defende ainda "um aumento salarial mínimo de 50 euros", com efeitos retroativos a Setembro de 2017 ( para todos os trabalhadores) e um aumento para 770 euros do salário aplicável aos trabalhadores recém-admitidos. As pausas laborais devem passar para 15 minutos, (atualmente são de sete minutos) como forma de "prevenir o surgimento de doenças profissionais e contribuir para a melhoria da produtividade".
O documento sindical defende ainda que o "investimentos na fábrica deve continuar, nomeadamente numa nova linha de montagem, por forma a permitir uma melhor organização do tempo de trabalho de segunda a sexta-feira".
Na semana passada, a administração da Autoeuropa reuniu com a Comissão de Trabalhadores, mas nem nenhuma das partes deu conta dos resultados do encontro.
No final de 2017, a administração da Autoeuropa anunciou a intenção de avançar unilateralmente com o novo horário transitório após a rejeição de dois pré-acordos negociados previamente com duas comissões de trabalhadores. Na altura, a empresa anunciou que estava disponível para negociar, mas apenas no que respeita aos novos horários de laboração contínua, que deverão ser aplicados no segundo semestre de 2018.
A administração da fábrica da Volkswagen em Palmela mantém-se fiel à política de só negociar com a Comissão de Trabalhadores, apesar do protagonismo assumido pelos sindicatos nos últimos meses.

Agência de Notícias com Lusa 

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