Casa dos Marcos na Moita em risco de fechar

Trabalhadores da Raríssimas alertam para risco de fecho por falta de dinheiro

Os trabalhadores da “Raríssimas” avisaram, esta quinta-feira, que a associação está em risco de fechar por falta de acesso às contas bancárias e apelaram ao primeiro-ministro para que envie uma direção idónea para permitir o funcionamento. Numa declaração pública realizada na Casa dos Marcos, na Moita, a coordenadora do departamento jurídico da Casa dos Marcos, Manuela Duarte Neves, explicou que a associação “Raríssimas” deixou de ter acesso às contas bancárias desde a demissão da presidente que já foi confirmada pelo presidente da Assembleia Geral da instituição. Apesar de, esta quinta-feira, se ter demitido do cargo de presidente da Raríssimas, Paula Brito e Costa diz que vai manter o cargo de diretora-geral da Casa dos Marcos. Segundo a própria, só abandona a instituição da Moita "com indemnização e com direito a subsídio de desemprego". 
Casa dos Marcos sem dinheiro para funcionar 

A notícia de que Paula Brito e Costa se demitiu da presidência da Raríssimas mas que vai continuar, afinal, como directora-geral do seu principal centro assistencial, a Casa dos Marcos, a não ser que a indemnizem, deixou os funcionários da instituição boquiabertos. “Estamos estupefactos. Apesar de estar a ser investigada pela Polícia Judiciária, decidiu trabalhar a partir de casa para onde levou vários dossiers a que nem os próprios inspectores da Segurança Social têm acesso”, disse uma fonte da associação ao jornal Público.
“Corremos o risco de fechar porque não temos dinheiro por muito tempo para dar comida. Corremos o risco de fechar porque não temos dinheiro por muito tempo para dar medicamentos” aos quase 200 utentes da associação, disse.
A responsável apelou ao primeiro-ministro, António Costa, para que envie para a Casa dos Marcos “uma comissão de gestão ou uma direção provisória que possa fazer funcionar a casa”.
A Casa dos Marcos, afirmou Manuela Duarte Neves, “paralisou por falta de capacidade de tomar decisões”, já que não existe ninguém atualmente que possa “decidir com legitimidade”.
A declaração foi feita ao mesmo tempo que foi publicada uma posição dos trabalhadores nas redes sociais, na qual se demarcam da atuação da ex-presidente da “Raríssimas”.
A “Raríssimas” vive dias muito conturbados por causas completamente alheias e estranhas aos colaboradores da Casa dos Marcos, que correm agora o risco de ver o trabalho posto em causa, referem.
Sublinhando que é preciso “não confundir a causa com atitudes menos lícitas por parte de uma pessoa”, os trabalhadores pedem para não serem os doentes e os trabalhadores a pagar “uma fatura que não é sua”.
Segundo asseguram, a “Raríssimas” tem “todas as condições para continuar a funcionar regularmente, com excelentes serviços” e “com rigor ético”, mas é necessário que o Governo “coloque em funções uma direção isenta, rigorosa e sem conflitos de interesse”.

Ex-presidente só sai da Casa dos Marcos se for despedida e com indemnização
Ex-presidente recusa deixar Casa dos Marcos na Moita 
Apesar de, esta quinta-feira, se ter demitido do cargo de presidente da associação Raríssimas, Paula Brito e Costa diz que vai manter o cargo de diretora-geral da Casa dos Marcos.
Segundo relata a SIC, Paula Brito e Costa já comunicou a alguns funcionários a sua decisão e pediu para que lhe fosse enviada documentação para casa, onde se encontra a trabalhar.
Três dias depois de ter avançado ao Expresso que ia demitir-se da presidência da Raríssimas, Paula Brito e Costa tomou uma segunda decisão: sai da associação mas mantém-se na liderança da Casa dos Marcos, infraestrutura assistencial a doentes situada na Moita, da qual é diretora-geral. Trabalhar a partir da residência é, para já, a opção.
"É muito fácil fazer a gestão da Casa dos Marcos. Se não me quiserem, então vamos ter de chegar a acordo", disse ao jornal Expresso. Paula Brito e Costa garante que o afastamento também da infraestrutura assistencial às crianças com doenças mentais ou raras implicará "um despedimento, o pagamento da respetiva indemnização e o subsídio de desemprego".
O presidente da assembleia geral da Raríssimas tomou conhecimento esta quinta-feira da demissão formal de Paula Brito da Costa do cargo de presidente da associação.
Segundo Paulo Olavo e Cunha, a renúncia de Paula Brito da Costa chegou através de carta digitalizada.
Em consequência desta medida, Paulo Olavo e Cunha vai aguardar que "os diretores remanescentes solicitem a convocação de uma assembleia geral para proceder à designação dos membros dos órgãos sociais em falta, até ao final do mandato em curso (2016-2019)".
"Caso tal não aconteça até ao final desta quinta-feira, procederei à convocação direta da assembleia geral para esse efeito", adiantou, referindo.
Uma fonte da instituição disse anteriormente á Lusa que a associação Raríssimas vai realizar a sua assembleia geral "nos primeiros dias de Janeiro", da qual deverá sair uma nova direção.
Segundo a mesma fonte, a informação sobre a data da realização da assembleia geral foi fornecida a elementos da atual direção pelo presidente da assembleia geral da instituição de solidariedade social.

Um Ministro "absolutamente tranquilo"
Referindo-se pela primeira vez à polémica que motivou a demissão do secretário de Estado da Saúde, Manuel Delgado - que recebeu 63 mil euros da Raríssimas, enquanto consultor -, o primeiro-ministro, António Costa, diz que mantém a confiança política em Vieira da Silva. Na véspera de assumir o cargo como ministro da Segurança Social, Vieira da Silva participou na assembleia-geral da Raríssimas, da qual foi vice-presidente entre 2013 e 2015, que aprovou as contas que agora estão sob investigação. “[É] um ministro com muita experiência e que em todos os momentos em que exerceu a sua actividade demonstrou grande capacidade como governante”, elogiou Costa, prometendo que o Governo se vai empenhar para “assegurar a continuidade do funcionamento” de uma instituição que reputou como “essencial”.
Por seu turno, Vieira da Silva, que continua “absolutamente tranquilo” com o seu comportamento e quanto à forma como a instituição foi tratada segundo o princípio da equidade, predispôs-se a responder a todas as perguntas que os deputados lhe queiram fazer, segunda-feira, pelas 15h30, no Parlamento.

Reportagens põem gestão da Raríssimas em causa
A TVI divulgou no sábado uma reportagem sobre a gestão da associação Raríssimas - Associação Nacional de Doenças Mentais e Raras, financiada por subsídios do Estado e donativos. A investigação mostra documentos que colocam em causa a gestão da instituição de solidariedade social, nomeadamente da sua presidente, Paula Brito e Costa, que alegadamente terá usado o dinheiro em compra de vestidos e vários gastos pessoais.
Na segunda-feira, a Procuradoria-Geral da República (PGR) informou que o Ministério Público está a investigar a Raríssimas, após uma denúncia anónima relativa a alegadas irregularidades na gestão financeira e ao uso indevido de dinheiros da associação pela sua presidente.
Também na segunda-feira, o Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social anunciou que vai “avaliar a situação” da Raríssimas e “agir em conformidade”, após a denúncia de alegadas irregularidades na gestão financeira e de uso indevido de dinheiros da associação pela sua presidente.
Antes da posição do ministério, a direção da Raríssimas divulgou um comunicado na rede social Facebook no qual diz que as acusações apresentadas na reportagem são “insidiosas e baseadas em documentação apresentada de forma descontextualizada”, afirmando que as despesas da presidente em representação da associação estão registadas “contabilisticamente e auditadas, tendo sido aprovadas por todos os órgãos da direção”.
A direção da Raríssimas destaca ainda que, “contrariamente ao que foi dito na reportagem, não está em causa a sustentabilidade financeira” da associação.
Quanto aos valores de vencimentos que a reportagem mostra, diz a Raríssimas que “foram artificialmente inflacionados” e que os ordenados que paga se baseiam na “tabela salarial definida pela Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade Social”.

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