Soflusa garante normalidade no serviço Barreiro-Lisboa

“Cesário Verde” diminui caos na zona de embarque

A empresa responsável pela travessia fluvial entre Barreiro e Lisboa admitiu, esta quinta-feira, o regresso à normalidade no serviço devido ao reforço da ligação entre as duas margens com o navio "Cesário Verde", que permitiu efetuar mais três carreiras. Nos últimos dois dias, por força da falta de navios e supressão de carreiras fluviais, os utentes aglomeraram-se no terminal do Barreiro. Na terça-feira, houve necessidade de intervenção policial para serenar ânimos e houve mesmo registo de passageiros magoados e danos na estrutura (porta partida). Na quarta-feira, a administração pediu à população que evitasse usar o serviço entre as oito e nove horas. Esta quinta-feira, de acordo com a empresa, "os compassos de espera não se fizeram sentir, permitindo que os passageiros circulassem com normalidade no Terminal Fluvial do Barreiro, não tendo ocorrido quaisquer incidentes".
Ligações "normalizadas"  entre o Barreiro e Lisboa 

"O navio `Damião de Goes` saiu quinta-feira do estaleiro, já se encontrando devidamente certificado e pronto a retomar a operação. O navio entrará ao serviço pelas seis da manhã desta sexta-feira, permitindo à Soflusa repor a normalidade na ligação fluvial do Barreiro/Terreiro do Paço nas horas de ponta", refere a empresa num comunicado enviado à Lusa.
Depois de a empresa ter estado a operar no início da semana com apenas quatro navios, o que causou diversos problemas aos utentes, desde quarta-feira à tarde que estão cinco disponíveis, com a empresa Transtejo a ceder o navio `Cesário Verde`.
"A empresa aguarda ainda, a todo o momento, pela conclusão da inspeção subaquática do navio `Jorge de Sena`, sendo expectável que o navio retome a operação durante o dia de sexta-feira". Acrescenta.
Fonte oficial da empresa explicou que o navio cedido pela Transtejo vai deixar de ser necessário assim que o `Jorge de Sena` esteja disponível para entrar ao serviço.
"Ficará, assim, reposta a operacionalidade da frota, com os seis navios necessários a assegurar a ligação Barreiro/Terreiro do Paço nas horas de ponta. A Soflusa agradece a compreensão dos seus passageiros para as dificuldades vividas durante os últimos dias", concluiu.

Empresa transporta 7,7 milhões de passageiros por ano  
Outros dois navios da frota Soflusa (total de oito navios) - "Fernando Namora" e "Gil Vicente" - serão submetidos a grandes intervenções. O primeiro entra em estaleiro no dia 19 de Outubro e o processo do segundo encontra-se em fase de adjudicação.
O Ministério do Ambiente garantiu um reforço orçamental de dez milhões de euros para a manutenção das frotas, o que permitiu à Transtejo/Soflusa lançar os concursos públicos para a realização das grandes intervenções de manutenção na atual frota, as quais requerem, em média, 2 a 3 meses de trabalho de estaleiro.
A empresa que transportou no primeiro semestre de 2017 quatro milhões de passageiros entre Barreiro e Terreiro do Paço, mais cem mil que no mesmo período de 2016, confirma ainda que está em curso um estudo de viabilidade económico-financeira para a renovação da frota da Transtejo. Em todo o ano de 2016 foram transportados 7,7 milhões de passageiros nesta ligação fluvial.
A Soflusa faz a ligação entre o Barreiro e Lisboa, enquanto a Transtejo é a empresa responsável pelas ligações do Seixal, Montijo, Cacilhas e Trafaria/Porto Brandão à capital.

Ministro foi ao Parlamento 
Falta de barcos deixou centenas em terra esta semana 
O grupo parlamentar do PCP solicitou esta quarta-feira a presença do ministro do Ambiente e do Conselho de Administração da Transtejo/Soflusa para uma audição, para discutir a situação nas empresas de transporte fluvial no rio Tejo.
Os trabalhadores e os utentes do transporte público estão a viver uma situação caótica na ligação fluvial entre o Barreiro e Lisboa. Os utentes apresentam-se no Terminal do Barreiro para embarcar e são confrontados com a supressão das carreiras, gerando-se aglomerações com mais de mil pessoas, com situações de enorme tensão e até de elevado risco", refere o PCP em comunicado.
No documento, o grupo parlamentar refere que em todo o serviço de transporte fluvial, não só da Soflusa como também da Transtejo, com as ligações de Lisboa a Cacilhas, Trafaria, Seixal e Montijo, se registam "problemas graves".
A situação que atualmente se verifica exige uma abordagem urgente na Assembleia da República",acrescenta.
O grupo parlamentar de Os Verdes também considerou que a situação é "extremamente grave", ao nível do direito à mobilidade das populações, mas também sob o ponto de vista da segurança.
A deputada Heloísa Apolónia entregou na Assembleia da República uma pergunta em que questiona o Governo sobre que medidas está a tomar para resolver os "graves constrangimentos" e para quando prevê a implementação do plano de renovação da frota da Transtejo e da Soflusa.
Os Verdes querem ainda saber quando é que será reposta a normalidade nas travessias no rio Tejo.
Os deputados do PSD também questionaram o Governo, perguntando sobre qual tem sido a sua intervenção para resolver o problema e para quando a normalização do serviço.
O ministro do Ambiente, que tutela os transportes urbanos, penitenciou-se esta quarta-feira e reconheceu ser "muito constrangedor" a situação vivida pelos utentes da ligação fluvial entre o Barreiro e Lisboa, que viram a Soflusa suprimir várias carreiras durante as horas de ponta.
"Não tenham a mais pequena dúvida, que se não estivéssemos a fazer este esforço grande de investimento de dez milhões de euros na recuperação da frota dos navios da Transtejo e da Soflusa, os problemas seriam muitíssimo mais graves num tempo mais próximo", frisou o governante.

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