Inês de Medeiros já tomou posse na Câmara de Almada

Nova presidente promete uma “nova atitude política” na gestão da autarquia

Inês de Medeiros tomou posse como presidente da Câmara de Almada, numa cerimónia realizada, este sábado, no Teatro Municipal Joaquim Benite, em Almada. A autarca do PS que nas últimas eleições de 1 de Outubro ganhou uma autarquia governada, desde sempre, pelos comunistas. Inês de Medeiros torna-se assim na quarta presidente da Câmara de Almada em funções desde as primeiras eleições autárquicas, em 1976. A nova presidente promete uma “nova atitude política” na gestão da autarquia e uma presidência de proximidade, com “presidenciais abertas”, inspiradas em Mário Soares, todos os meses, pelas diversas freguesias do concelho. Inês de Medeiros, eleita pelo PS, apresentou, como “prioridades estratégicas”, as áreas da reabilitação, mobilidade, turismo e higiene e limpeza. Sem maioria na autarquia para governar, e sem o apoio da CDU, o PS vai "coligar-se" com o PSD para conseguir gerir uma das maiores câmaras do Distrito de Setúbal. 
Nova presidente quer estar próxima da população 

Não há como disfarçar: a perda de Almada foi o maior rombo da noite eleitoral da CDU. Nunca uma pequena diferença de 313 votos foi tão grande no saldo final das contas. O PS conquistou a autarquia que, desde o 25 de Abril nunca tinha conhecido outra cor política, mas também levou a mais rica câmara comunista. Com um orçamento de 103 milhões de euros anuais, o PCP sai de cena, deixando pronto a executar um megaprojeto com que os comunistas sonham pelo menos há oito anos: a reabilitação urbana dos 53 hectares de terreno da antiga Lisnave. O projeto está avaliado em 1,5 mil milhões de euros.
O PS tentou, em Almada, uma grande gerigonça, entregando pelouros aos vereadores de todas as forças políticas, mas à última hora esse entendimento falhou. Na véspera da tomada de posse de Inês de Medeiros, que ocorreu no sábado, o PCP fez mais exigências que os socialistas recusaram, escreve o Diário de Notícias. Sem acordo, o PSD foi o único partido a aceitar pelouros.
Os socialistas estavam dispostos a entregar a gestão da Casa da Cerca, Espaços Verdes, Mercados e SMAS (serviços municipalizados de água e saneamento) aos comunistas - que perderam para o PS as eleições autárquicas de dia 1 deste mês por 313 votos. As negociações que estariam bem encaminhadas mas caíram no fim: o PCP, escreve o DN, terá pedido "pelouros impossíveis", como definiu fonte conhecedora do processo, incluindo a Cultura, que o PS já tinha indicado que fica nas mãos da nova presidente da câmara.
Socialistas e comunistas elegeram quatro vereadores cada, os sociais-democratas dois e os bloquistas uma. Como o BE não faz a diferença, perante o não acordo com o PCP, Joana Mortágua (a quem o PS poderia entregar a Habitação Social) preferiu ficar de fora da equação.
Já os vereadores do PSD (Nuno Matias e Miguel Salvado, ficarão com a rede viária e a iluminação pública e poderão ainda receber outros, depois de comunistas e bloquistas não terem funções executivas.

As prioridades da nova presidente 
Inês de Medeiros quer, “liderar a reabilitação” do Cais do Ginjal e da Margueira, estender essa “dinâmica de reabilitação” à Almada velha, Trafaria, Romeira, Cova do Vapor e Costa da Caparica. Para fazer da costa um “polo turístico da Região de Turismo de Lisboa” vai lançar o programa ‘Costa todo o ano’, disse a autarca na tomada de posse. No domínio da mobilidade, pretende aproveitar a oportunidade de novos concursos, no final dos actuais da Fertagus e Transportes Sul do Tejo (TST) em 2019, para introduzir um novo sistema tarifário que integre comboio e autocarro, a extensão da linha do norte a Roma/Areeiro até ao Oriente e ligar a linha do sul à linha do Sado.
Quanto a higiene urbana, a nova presidente diz que Almada pode e deve garantir uma “maior qualidade” dos serviços municipais. Um compromisso que reafirmou “como presidente da Câmara Municipal”.
Inês Medeiros afirma querer uma "presidência de proximidade, às pessoas e aos seus problemas, e fazer uma cidade mais solidária, inclusiva e acessível".
A autarca quer ainda a criação dos programas de arrendamento inter-geracional “a baixo custo”, para estudantes universitários e idosos, e ‘cuidar de quem precisa’, para apoio domiciliário e às famílias. Promete ainda uma rede de “flexibus” para transporte dos mais isolados entre as freguesias, e “trazer à discussão pública” medidas de combate ao abandono escolar como a promoção do estudo acompanhado, troca gratuita de manuais e criação de um sistema de incentivos e bolsas de estudo para jovens de famílias de baixos rendimentos.
Na relação com o movimento associativo, a nova maioria vai elaborar um regulamento municipal de apoio, com “critérios de avaliação” e “métricas de execução” que “valorizem a actividade regular das associações”, para “maior eficácia e transparência”.
A presidente socialista promete ainda promover um “verdadeiro orçamento participativo”, dotado de uma “verba anual relevante” e criar uma agência para o desenvolvimento.
Para primeira medida, Inês Medeiros, revelou pretender assinar “ainda hoje” o despacho para a construção de uma rampa de acesso a pessoas com mobilidade reduzida que prometeu, durante a campanha, no espaço jovem do Bairro Amarelo.

Os reparos à CDU
Autarca deixou criticas à CDU
Nas referências que fez aos 41 anos de poder comunista em Almada, Inês Medeiros agradeceu e criticou a gestão comunista que dominava a autarquia desde 1976. “Temos consciência dos progressos conseguidos nestes mais de 40 anos de democracia, e não esquecemos a quem devemos esses progressos, ao PCP. E por isso com a mesma frontalidade, sem qualquer dogmatismo, também somos forçados a reconhecer que o modo de governar, que tão importante foi nos anos 80 e 90, nos momentos mais duros do nosso concelho, é hoje um modelo esgotado", sublinhou a autarca.
Na Assembleia Municipal, as contas serão igualmente complicadas: há 11 deputados para PS e PCP, cinco do PSD, quatro do BE e um do PAN e outro do CDS-PP. Logo após a tomada de posse, realizou-se a primeira reunião da Assembleia Municipal, que elegeu os três membros do órgão para o novo mandato. O socialista José Joaquim Leitão foi eleito presidente, substituindo o comunista José Manuel Maia no cargo. Para secretários foram eleitos Paulo Viegas (PS) e Ana Paula Silva (PS). Esta lista obteve 23 votos. Uma segunda lista, apresentada pela CDU, teve 14 votos. Houve um voto em branco.

Agência de Notícias 

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