Hospital de Santiago do Cacém pode perder valências

Utentes e enfermeiros contra encerramento de serviços no Hospital do Litoral Alentejano

Mais de uma centena de utentes e de enfermeiros protestaram, esta terça-feira, junto ao Hospital do Litoral Alentejano, no concelho de Santiago do Cacém, "contra o encerramento da Unidade de Convalescença" e o "despedimento de profissionais". "O conselho de administração da Unidade Local de Saúde do Litoral Alentejano quer fechar dois serviços no Hospital de Santiago do Cacém, a Unidade de Convalescença e a de Cuidados Paliativos", disse à agência Lusa Dinis Silva, porta-voz da Coordenadora das Comissões de Utentes do Litoral Alentejano. 
Perda de valências no hospital do Litoral Alentejano preocupa 

Segundo o mesmo responsável, a Unidade de Convalescença está atualmente a prestar cuidados a "cerca de 25 utentes" que "estão em risco de sair dali e ir para zonas fora da sua área de residência"."Como está integrado na Rede de Cuidados Continuados, tanto podem ir para o Porto, como para o Algarve", alertou Dinis Silva, que espera que o protesto leve a voz dos utentes "a Lisboa, ao Ministério da Saúde e ao restante Governo, para dizer que estes serviços não devem encerrar", diz Dinis Silva.
Além da Unidade de Convalescença, em risco está também o serviço de Cuidados Paliativos, destacou Zuraima Prado, dirigente do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses, que visitou na terça-feira,  as duas unidades no Hospital do Litoral Alentejano, em Santiago do Cacém, antes de participar no protesto, onde verificou "que continua a intenção de encerrar serviços e de diminuir o número de vagas".
"O que foi dito é que haveria uma intenção de dar alta ou de transferir todos os utentes sem condições de terem alta para a Unidade de Cuidados Continuados de Serpa [distrito de Beja], o que obviamente não serve as populações desta região", criticou Dinis Silva.
Segundo a dirigente sindical, a Unidade de Cuidados Paliativos não encerrou até ao momento, "mas já está integrada noutro serviço", tendo sido "retirado pelo menos um enfermeiro", o que significa que "a qualidade dessa resposta dada aos utentes já está colocada em causa neste momento".
"[A Unidade de Cuidados Paliativos] saiu do serviço onde estava originalmente, que sofreu obras de melhoria precisamente para receber essa unidade, e foi neste momento para outro espaço que não está adequado aos utentes de cuidados paliativos", apontou.

Enfermeiros temem despedimentos 
Além dos serviços prestados aos utentes, outra preocupação do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses é o "despedimento de trabalhadores", incluindo "quatro enfermeiros a tempo inteiro e mais dois a meio tempo, em regime de recibos verdes, que deixaram de estar afetos à unidade".
"Por que é que foram admitidos cerca de 44 enfermeiros no Hospital do Barreiro e aqui não são admitidos, porque é que há uma bolsa de recrutamento para o Hospital Garcia da Horta, em Almada, e aqui não são admitidos enfermeiros", questionou Zuraima Prado, em declarações aos jornalistas no final do protesto.
Solidário com a manifestação, o presidente da Câmara de Santiago do Cacém, Álvaro Beijinha, que solicitou este mês ao secretário de Estado da Saúde uma reunião sobre o tema, também participou no protesto que concentrou na portaria do hospital mais de cem utentes e profissionais ao final da tarde.
No final do protesto foi aprovada uma moção, que vai ser remetida ao Presidente da República e ao Governo, a reivindicar a manutenção dos serviços em causa, a admissão de mais profissionais de saúde, a ampliação do serviço de urgência e o cumprimento dos tempos máximos de resposta garantidos nas consultas e cirurgias.
A Unidade de Convalescença e a de Cuidados Paliativos, que integra o Hospital do Litoral Alentejano e os centros de saúde dos concelhos de Alcácer do Sal, Grândola, Santiago do Cacém e Sines, no distrito de Setúbal, e Odemira, no distrito de Beja, abrange uma população residente de cerca de cem mil habitantes.

Agência de Notícias com Lusa 
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