Há apenas quatro barcos na ligação Barreiro a Lisboa

Soflusa pede aos passageiros que evitem deslocação Barreiro-Lisboa entre as 8 e as 9 horas

A administração da Soflusa apelou aos passageiros para evitarem as deslocações entre as oito e as nove horas, período durante o qual se verificaram, nesta terça-feira, vários incidentes no cais do Barreiro. "Fazemos um apelo aos passageiros para tentarem coordenar as deslocações, para não haver um tão grande aglomerado de pessoas àquela hora", disse a administradora da empresa de transporte fluvial, Marina Ferreira. Segundo a responsável, houve várias pessoas que se sentiram mal, uma mulher desmaiou e outros utentes magoaram-se na sequência das tentativas de forçar a entrada de acesso ao barco, tendo mesmo partido uma porta. A venda de navios e os “atrasos propositados” na renovação dos Certificados de Navegabilidade culminaram na supressão de carreiras anunciada para esta semana pela Soflusa, que liga Barreiro a Lisboa, denunciou, esta segunda-feira, o sindicato do setor.
Falta de barcos tem sido uma constante no Barreiro 


A empresa fez, nesta terça-feira, este apelo, em conferência de imprensa, em Lisboa, depois de várias pessoas terem tentado forçar a entrada na zona de embarque. Segundo a responsável, houve várias pessoas que se sentiram mal, uma mulher desmaiou e outros utentes magoaram-se na sequência das tentativas de forçar a entrada de acesso ao barco, tendo mesmo partido uma porta. "Felizmente, não aconteceu nada de grave, mas é uma preocupação para a empresa porque é uma questão de segurança dos passageiros", declarou.
O apelo é para que os passageiros tentem fazer as deslocações entre o Barreiro e Lisboa antes das oito e depois das nove da manhã, para evitar que fiquem aglomeradas 1500 pessoas numa sala de espera, quando não é possível assegurar todas as ligações previstas. "Basta falhar um barco e nós falhámos dois", justificou.
Cada barco tem capacidade para 600 pessoas. Estavam previstas nove carreiras entre as oito e as nove horas e circularam sete, quando se verificaram os incidentes. Entre as seis e as nove estavam previstas 20 ligações e foram cumpridas 17.
Durante a semana, e em especial a esta hora, continuarão a haver falhas e, por isso, de modo a evitar mais incidentes, foi pedida compreensão por parte dos passageiros.
O navio Damião de Góis está na iminência de sair dos estaleiros de Peniche, enquanto que a embarcação Jorge Sena espera apenas a verificação do casco e o consequente certificado de navegabilidade para voltar a estar operacional.
A empresa espera, tal como já tinha anunciado, que estas embarcações estejam operacionais no final desta semana, mas alerta ainda que a Transtejo poderá também ter falhas nas carreiras caso haja algum problema na frota. Ambas as empresas estão sem capacidade de resposta para a procura.
A frota da transportadora é composta por oito navios, mas apenas quatro estão a funcionar, porque os restantes não reúnem as condições necessárias.
Marina Ferreira referiu que as restrições orçamentais dos últimos anos impediram a regular manutenção dos barcos, que está agora a ser feita. 
Na segunda-feira, a Soflusa suprimiu oito carreiras durante a hora de ponta da manhã. 
A Soflusa é a empresa responsável pelas ligações entre o Barreiro e Lisboa, enquanto a Transtejo faz as ligações do Seixal, Montijo, Cacilhas e Trafaria/Porto Brandão com a capital.

Atrasos nos Certificados de Navegabilidade deixam utentes com poucos barcos
“Os necessários 96 Certificados dos oito navios foram acabando” e, esta semana, “o caos vai ser maior do que nunca” com a circulação de apenas quatro navios, referiu o Sindicato dos Transportes Fluviais, Costeiros e da Marinha Mercante em comunicado.
Para um navio conseguir fazer o transporte regular de passageiros são necessários 12 Certificados de Navegabilidade e “com os atrasos e pedidos de prorrogação dos mesmos houve uma junção de todos os pedidos de renovação, com as respetivas docagens e reparações também a ficarem prolongadas no tempo”, revelou em comunicado enviado à Lusa.
Afirmando que esta semana haverá uma “sobrecarga” das embarcações, o sindicato lembrou que os navios são máquinas muito complexas, podendo avariar “quando menos se espera”.
As manutenções dos pontões - onde se fazem as atracações nos terminais - foram passadas para segundo plano, e estes estão sem “as devidas reparações e limpeza aos fundos”, mencionou.

Menos barcos esta semana afeta passageiros no Barreiro 
Na sexta-feira, a Soflusa anunciou que não vai conseguir assegurar esta semana todas as carreiras por "indisponibilidade da frota".
"A empresa está a desenvolver todos os esforços para repor a normalidade das carreiras, aguardando que o navio 'Damião de Góis' regresse do estaleiro e retome o serviço público", refere a Soflusa, em comunicado enviado à Lusa.
No documento, a administração "lamenta o incómodo que esta situação causa aos seus passageiros".
Os sindicatos e comissões de utentes reuniram-se a 3 de Outubro com o secretário de estado do Ambiente para discutir a situação do transporte fluvial no rio Tejo, referindo que os problemas na Transtejo e Soflusa "se têm vindo a agravar".
"Não ficámos satisfeitos com a reunião, porque queremos a frota operacional, mas mais aliviados. O secretário de Estado informou que está a ser preparado um plano, que está em estado avançado, para a renovação da frota", disse, na ocasião, à Lusa Carlos Costa, da Federação de Sindicatos de Transportes e Comunicações (Fectrans).
Carlos Costa referiu que a renovação da frota será um processo que "vai levar o seu tempo", mas defendeu a importância de serem incluídas verbas já no próximo Orçamento do Estado.
"O secretário de Estado compreendeu a aflição das tripulações que ficam em terra sem meios para trabalhar. Foram as reduções dos horários, as supressões de carreiras e a situação em que a frota se encontra, que motivaram esta reunião, pois, no caso da ligação do Barreiro com Lisboa, corre o risco de ficar com apenas quatro navios", frisou. José Mendes, garantiu ainda aos sindicatos que está a preparar um plano de renovação das frotas da Transtejo e Soflusa. 
Os trabalhadores da Soflusa já anunciaram que vão avançar com uma greve ao trabalho extraordinário.

Agência de Notícias com Lusa

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