Cinco candidatos à conquista da Câmara de Palmela

Candidatos assumem construção de pavilhão na Escola Secundária de Palmela 

Desde 1976, quando se realizaram as primeiras autárquicas depois do 25 de Abril, a Câmara de Palmela foi liderada pela CDU ou outras coligações encabeçadas pelo PCP. Há quatro anos Álvaro Amaro teve 9255 votos e "agarrou" cinco mandatos, a maioria absoluta que já dura há 41 anos. O PS, desde sempre, tenta destronar a maioria comunista sem grandes resultados. Atualmente tem três mandatos e teve 5010 votantes. A coligação PSD/CDS-PP também quer "entrar" nas contas e aumentar os 2252 votos de 2013. O Bloco de Esquerda nunca elegeu vereador em Palmela. Mas este ano há uma "força estranha" na ordem partidária que pode baralhar as contas dos partidos. Chama-se Movimento Independente pela Mudança, liderado por José Calado, que quer "conquistar" o "velho bastião comunista". Palmela teve, em 2013, uma das mais altas taxas de abstenção do país. Apenas 38,5 por cento dos eleitores foram votar. O apelo ao voto, de todos os candidatos, quer levar mais eleitores às mesas de voto, este domingo. 
Palmela teve cerca de  60 por cento de abstenção em 2013 

A CDU, que governa o município de Palmela com maioria absoluta desde as primeiras eleições autárquicas após a revolução de Abril, tem atualmente um total de cinco eleitos no executivo camarário, o PS tem três e a coligação PSD/CDS-PP apenas um vereador.
A Operação Autárquicas 2017 – que o Diário da Região, a PopularFM e a ADN-Agência de Notícias promoveram em Julho e Setembro  - arrancou em Palmela. Frente a frente, na principal sala do concelho, [o cine-teatro São João] estiveram o atual presidente da autarquia e candidato pela CDU, Álvaro Amaro. Raul Cristóvão, pelo PS, Paulo Ribeiro, candidato da coligação ‘Palmela Merece Mais’ (PSD/CDS-PP), Carlos Oliveira, do Bloco de Esquerda e José Calado, candidato do Movimento Independente pela Mudança (MIM).
A grande novidade do debate? Os cinco candidatos a presidente da Câmara de Palmela foram unânimes com um compromisso; pavilhão desportivo que a secundária e a vila esperam há anos, será construído no próximo mandato, seja qual for a contrapartida de responsabilidade por parte do Governo.
Outros temas em debate foram a economia local, a preservação do património, sobretudo o castelo e o centro histórico de Palmela, o estatuto não rural das freguesias de Poceirão e Marateca. A abstenção, que em Palmela atingiu nas últimas autárquicas um dos valores mais elevados de todo o país (cerca de 60 por cento) foi outro dos principais temas de discussão.
O socialista Raul Cristóvão considerou que a participação nas eleições é uma manifestação “também sobre a obra que foi feita [em cada mandato]” e apontou que quem é “responsável há 41 anos é a CDU e não as outras forças políticas, nomeadamente o PS”, até porque “as pessoas votam para o Governo [legislativas] e não votam para as autarquias”. O candidato socialista diz que os políticos “tem obrigação de ser pedagógicos”.
O candidato PSD/CDS-PP defendeu que “abster-se é a mesma coisa que votar CDU”. Paulo Ribeiro disse que “a abstenção só beneficia, só serve quem está no poder” e acrescentou achar “que pelo candidato da CDU não há grande preocupação com a abstenção”.
Carlos Oliveira, candidato bloquista afirmou-se também empenhado no combate à abstenção e defendeu que “o caminho é sairmos das nossas sedes e irmos ao encontro de quem está na rua”.
José Calado disse que “haverá várias razões” que levam as pessoas a não votarem, não sabendo bem qual será a principal, e acrescentou que o MIM nasceu também porque “com 60 por cento de abstenção haverá muita gente que não se revê nas actuais forças políticas”, e prometeu “fazer tudo para levar esses munícipes a votarem”.
Álvaro Amaro recusa a ideia de que a abstenção esteja relacionada com o partido que governa. “Cascais é de outra força política [PSD] e ultrapassou Palmela em Abstenção”, disse o candidato comunista, que expressou a ideia de que é necessário contrariar a imagem que os políticos e a Politica têm actualmente.

PS quer destronar força que governa a Câmara 
O cabeça-de-lista do PS nas eleições autárquicas para a Câmara de Palmela afirmou-se confiante numa mudança das forças políticas que governam o concelho há 41 anos, defendendo a necessidade de "novas políticas" para o município.
"Espero que seja o momento de mudança das forças políticas que governam o concelho há 41 anos e das políticas seguidas pela autarquia", disse  Raul Cristóvão, defendendo que a autarquia deve ter uma preocupação cada vez maior com o "ordenamento do território, com o desenvolvimento sustentável e com a ligação entre os eleitos e os munícipes".
Presidente da Comissão Política Concelhia e líder de bancada socialista na Assembleia Municipal de Palmela, Raul Cristóvão, de 60 anos, que também é membro da Comissão Nacional do PS, candidata-se à presidência do município de Palmela com a esperança de destronar a maioria CDU.
Licenciado em Geografia e Ordenamento do Território pela FCSH (Faculdade de Ciências Sociais e Humanas) da Universidade Nova e professor de Geografia na Escola Secundária de Palmela há 31 anos, Raul Cristóvão defende também uma aposta na juventude e em políticas que ajudem à criação de mais emprego no concelho.
"Precisamos de atrair mais empresas na área das novas tecnologias, criar condições para haver mais emprego. Temos de conseguir um salto qualitativo na área industrial e no desenvolvimento económico, a exemplo do que já fizeram os jovens enólogos, que, em poucos anos, promoveram um salto qualitativo muito grande dos vinhos da região", disse.
Para conseguir destronar a CDU, força maioritária do concelho de Palmela que governa o município com um total de cinco eleitos no executivo camarário, Raul Cristóvão terá também de conseguir a melhor votação de sempre dos socialistas, segunda força política do concelho, com três vereadores, mais dois do que a coligação PSD/CDS-PP, que tem apenas um eleito.

PSD/CDS-PP quer ganhar eleições em Palmela
O candidato da coligação PSD/CDS-PP à presidência da Câmara de Palmela, Paulo Ribeiro, afirmou que quer ganhar as próximas eleições autárquicas, apesar de reconhecer que não é tarefa fácil num concelho de maioria CDU.
"O objetivo é ganhar as próximas eleições", disse à agência Lusa Paulo Ribeiro, ex-deputado e atual presidente da Comissão Política Concelhia do PSD, que, tal como há quatro anos, se recandidata ao cargo pela coligação PSD/CDS-PP.
"Sabemos que é muito difícil, mas Portugal também nunca tinha ganho o Campeonato da Europa de Futebol e o Festival da Eurovisão", disse Paulo Ribeiro.
Convicto de que a mobilização dos abstencionistas pode fazer a diferença nas eleições autárquicas deste domingo, Paulo Ribeiro recorda que PSD e CDS-PP obtiveram melhores resultados quando houve maior mobilização dos eleitores e que o PSD até já ganhou eleições de âmbito nacional no concelho de Palmela.
"A CDU tem perdido votos, mas, infelizmente, tem perdido esses votos para a abstenção e não para outros partidos", disse, reiterando a ideia de que a coligação PSD/CDS-PP poderá beneficiar de uma diminuição da taxa de abstenção.
Eleito vereador nas últimas eleições autárquicas, num concelho onde o PSD e o CDS-PP não tinham representação no executivo camarário, Paulo Ribeiro diz que a "coligação tem apresentado algumas propostas, muitas chumbadas pela atual maioria CDU", mas acrescenta que "foi graças à coligação PSD/CDS-PP que houve um alívio fiscal, em termos municipais, no concelho de Palmela".

MIM acredita na mudança 
O desenvolvimento do concelho e a melhoria dos serviços prestados aos munícipes são alguns dos objetivos da candidatura do Movimento Independente pela Mudança (MIM) à Câmara  de Palmela, disse  o cabeça-de-lista José Calado.
Empresário do setor imobiliário, atual presidente dos Bombeiros Voluntários do Pinhal Novo e vice-presidente do Clube Desportivo Pinhalnovense, José Calado, de 59 anos, acredita que poderá obter um bom resultado nas próximas eleições autárquicas de 1 de Outubro.
"Inicialmente o meu objetivo era, apenas, retirar a maioria absoluta à CDU, mas, com os apoios que tenho recebido, julgo que tenho algumas possibilidades de vencer", afirmou à agência Lusa José Calado, que diz candidatar-se para "combater a estagnação do concelho na última década e promover o desenvolvimento económico do município".

Bloco de Esquerda à espera de um bom resultado
O Bloco de Esquerda, que nunca elegeu um vereador,  apresenta-se a votos com uma lista composta por cerca de 80 homens e mulheres residentes no concelho respeitando a paridade de género quase a 50/50.
O Bloco de Esquerda sublinha que “ nesta candidatura estão representadas as cinco freguesias, com a participação de todos os grupos etários, de diferentes classes profissionais desde trabalhadores não especializados até trabalhadores especialistas das actividades intelectuais e científicas, sem esquecer os estudantes do ensino superior e os trabalhadores em situação de desemprego. Acresce o facto de que os candidatos são na sua maioria independentes estando nesta qualidade os cabeças de lista para a Assembleia Municipal e também para a Assembleia de Freguesia de Palmela”.

CDU com 400 compromissos para o mandato 
A reeleição para um novo mandato é o objetivo do atual presidente da Câmara de Palmela e cabeça-de-lista da CDU às autárquicas, Álvaro Amaro, que está confiante no reconhecimento dos eleitores pelo trabalho dos últimos quatro anos.
"Sinto que há um reconhecimento das associações, das instituições pelo trabalho que temos desenvolvido nos últimos anos, assente na valorização dos nossos produtos, dos nossos valores naturais e patrimoniais, do turismo, do desenvolvimento económico e na atratividade do concelho", disse à agência o candidato da CDU.
Por isso, sublinhou, é sentida uma responsabilidade de continuar o trabalho que tem sido feito, até porque estão definidos projetos estratégicos importantes.
"A construção do novo centro de saúde do Pinhal Novo, a regularização da vala da Salgueirinha, a recuperação das encostas do castelo e muitos outros projetos de desenvolvimento social e requalificação urbana", apontou o autarca comunista que apresentou 400 compromissos para os próximos quatro anos, convicto de que poderá ser reeleito para um segundo mandato.
Veja aqui o vídeo da ADN-Agência de Notícias do Debate de Almada

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