Produção do T-Roc pode ficar comprometida em Palmela

Falta de acordo na Autoeuropa mantém ameaça de greve para 30 de Agosto

Uma maioria esmagadora dos trabalhadores da Autoeuropa rejeitou sexta-feira o pré-acordo alcançado pela Comissão de Trabalhadores para a implementação de novos horários por turnos mediante uma compensação financeira de 175 euros acima do valor previsto na legislação. A comissão de trabalhadores e a administração da fábrica da Volkswagen tinham acordado as condições para Palmela trabalhar ao sábado, garantindo a produção do novo veículo T-Roc, mas os funcionários discordam dos termos negociados. "Receio que os trabalhadores que votaram pelo ‘não’ ao pré-acordo não tenham percebido que pode estar em causa, pelo menos, uma parte da produção do novo veículo", diz a comissão de trabalhadores. 
Trabalhadores rejeitam acordo com a administração da Autoeuropa  

Segundo disse à agência Lusa fonte da Comissão de Trabalhadores da Autoeuropa, 74,8 por cento dos trabalhadores rejeitaram o pré-acordo alcançado com a administração da empresa para a implementação dos novos horários por turnos, que obteve apenas 23,4 por cento de votos favoráveis num universo de 3.472 votantes.
“Conseguimos negociar uma compensação financeira para os horários que a empresa pretende implementar para assegurar a produção do novo veículo T-Roc, sendo que esses horários são legais e deverão ser aplicados pela empresa, apesar desta votação”, disse à agência Lusa o coordenador da Comissão de Trabalhadores da Autoeuropa, Fernando Sequeira.
“Receio que nos trabalhadores que votaram pelo `não´ ao pré-acordo não tenham percebido que pode estar em causa, pelo menos, uma parte da produção do novo veículo T-Roc na Autoeuropa”, acrescentou o coordenador da Comissão de Trabalhadores, que se escusou a explicar até que ponto a recusa do pré-acordo poderá comprometer o futuro da fábrica de Palmela.
Em comunicação enviada sexta-feira aos funcionários da Autoeuropa, o responsável pelos Recursos Humanos e Produção da Volkswagen, Jürgen Haase, lembrava que a Volkswagen tinha investido muito dinheiro para produzir o novo veículo T-Roc na fábrica de Palmela, advertindo também que os níveis de produção previstos exigiam novos horários, de três turnos, e trabalho aos sábados.
Não é a primeira vez que os trabalhadores da Autoeuropa rejeitam um pré-acordo negociado pela Comissão de Trabalhadores, situação que já tinha ocorrido em Julho de 2009.
Resta saber se, tal como aconteceu no passado, administração e trabalhadores serão capazes de encontrar forma de ultrapassar as divergências.
Os trabalhadores da Autoeuropa anunciaram a realização de uma greve de 24 horas para o próximo dia 30 de Agosto.

Sindicato quer trabalho de segunda a sexta 
O novo veículo começa a ser produzido em Palmela (Setúbal) na semana que vem, tendo a Europa como principal mercado. Fonte oficial da empresa liderada por Miguel Sanches afirmou ao jornal Público que os próximos passos serão “comunicados oportunamente”.
De acordo com a Fiequimetal, federação de sindicatos afecta à CGTP, o Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Actividades do Ambiente do Sul (SITE Sul) vai reunir-se no início desta semana com a administração da Autoeuropa.
Num comunicado com data desta sexta-feira, a Fiequimetal diz que foi “reafirmada a decisão de fazer greve a 30 de Agosto e foi entregue um abaixo-assinado à administração, subscrito por 1500 trabalhadores”. Segundo esta federação, “o horário deve ser de segunda a sexta e todo o trabalho extraordinário deve ser pago como tal”.
De acordo com as informações prestadas pela Autoeuropa na quinta-feira, o acordo estabelecido com a Comissão de Trabalhadores previa “um pagamento mensal de 175 euros adicional ao que está previsto na lei, 25 por cento de subsídio de turno e a atribuição de um dia adicional de férias”. Isto, diz a empresa, representava “um incremento mínimo de 16 por cento no rendimento mensal dos colaboradores abrangidos” pelo novo modelo de trabalho.

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