Credores aprovam insolvência da Herdade de Rio Frio

Trabalhadores de Rio Frio podem ficar sem empregos e sem as casas onde sempre viveram 

Cerca de 20 trabalhadores da Sociedade Agrícola de Rio Frio, nos concelhos de Palmela e Alcochete, manifestaram-se na baixa lisboeta, em frente às instalações do Banco Millennium BCP, credor da empresa, contra o plano de insolvência que é votado pela assembleia de credores. “Não desistiremos. Preocupa-nos o futuro dos trabalhadores, quase todos numa idade já avançada para conseguir novo emprego, e as cem famílias que estão em casas da empresa”, cedidas no âmbito dos contratos de trabalho, explicou à Lusa Helena Cardoso, do Sindicato da Alimentação, Restauração e Bebidas de Portugal.
Trabalhadores manifestaram-se em Lisboa e em Setúbal  

Os manifestantes entregaram folhetos informativos a quem passava na rua Augusta, enquanto gritavam palavras de ordem como “o trabalho é um direito, sem ele nada feito“, “É preciso, é urgente, um plano diferente” ou “Não nos deixem na miséria, queremos uma solução séria”.
No inicio deste mês, no Tribunal de Comércio de Setúbal, a Assembleia de Credores da Casa Agrícola da Herdade de Rio Frio aprovou a insolvência da empresa,
ao Millennium e a Parvalorem, os principais credores das empresas, os trabalhadores pedem que viabilizem uma solução que salvaguarde a situação dos trabalhadores.
A Herdade de Rio Frio – onde se explora cortiça e produz vinho, gado e cavalos – chegou a ser a que era considerada a maior vinha contínua do mundo, mas entre 2009 e 2010 recorreu a fundos comunitários para melhorar as instalações e recentemente a dois Planos Especiais de Revitalização (PER) que foram rejeitados pelos credores BCP e Parvalorem, que detêm 90 por cento das dívidas da empresa.
Segundo a sindicalista Esmeralda Marques, do SIESUL, Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Actividades do Ambiente do Sul, dezenas de trabalhadores da herdade estão em risco de perderem os postos de trabalho e as habitações devido à insolvência da Casa Agrícola e da Sociedade Agrícola de Rio Frio, nos concelhos de Palmela e Alcochete. 
Antes da manifestação em Lisboa, os trabalhadores também já se manifestaram na capital no distrito, no inicio de Junho. 
“Os trabalhadores concentraram-se aqui junto ao Tribunal do Comércio de Setúbal em protesto contra a Assembleia de Credores da Casa Agrícola da Herdade de Rio Frio, que acabou por aprovar a insolvência da empresa, o que implica o despedimento de dois trabalhadores”, disse.
A Sociedade Agrícola da Herdade de Rio Frio, que abrange mais 42 trabalhadores, alguns dos quais residem em habitações da Herdade de Rio Frio que lhes foram cedidas no âmbito dos contratos de trabalho.
De acordo com dados disponibilizados pelo SITESUL, para além dos 35 trabalhadores que residem na herdade, há mais 55 famílias de ex-trabalhadores que também vivem em casas que lhes foram cedidas pela Herdade de Rio Frio, alguns dos quais ao longo de toda a vida.
O SITESUL salienta ainda o facto de a Herdade de Rio Frio ter recebido fundos comunitários no âmbito do PRODER, Programa de Desenvolvimento Rural, que possibilitou a modernização da vinha da herdade, que terá sido toda substituída há cerca de quatro anos, e a construção de um centro equestre.
“Também estava prevista a reabilitação de algumas casas para turismo rural, mas essa parte já não foi concretizada porque, entretanto, as empresas da Herdade de Rio Frio começaram a entrar em dificuldades financeiras”, disse Esmeralda Marques.

Agência de Notícias com Lusa 

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