Secil, em Setúbal, em greve por aumentos

Trabalhadores querem aumento de 40 euros por mês. Empresa ainda não respondeu 

Os trabalhadores da fábrica da Secil do Outão, em Setúbal, iniciam à meia-noite uma greve de três dias por aumentos salariais e pela reposição de direitos laborais inscritos na contratação coletiva, disse à Lusa fonte sindical. Esta greve arrancou esta terça-feira e poderão aderir ao protesto os cerca de 120 funcionários da unidade fabril da empresa de cimentos. A greve prolonga-se até dia 1 de Junho. 

Trabalhadores da Secil em greve até 1 de Junho 

Segundo Nuno Gonçalves, do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias de Cerâmica, Cimentos e Construção, afeto à CGTP, no ano passado cerca de 80 trabalhadores fizeram um abaixo-assinado exigindo à empresa um aumento salarial de 40 euros por mês, além do cumprimento de outros direitos laborais.
Contudo, a empresa não respondeu e não aceita negociar o caderno reivindicativo, nomeadamente o acordo de empresa, que os trabalhadores acusam de não estar a ser cumprido, pelo que decidiram avançar para a paralisação.
O dirigente sindical disse que esta greve pode mesmo pôr em causa a produção da fábrica, desde logo consoante a adesão do primeiro turno, que assegura o funcionamento do forno.
A Lusa contactou fonte oficial da Secil, que recusou comentar a paralisação e remeteu qualquer informação para terça-feira.
A Secil é detida pela Semapa, que tem como acionista maioritária a família Queiroz Pereira.

A Secil em números 
Por cada euro gasto pela fábrica da Secil no Outão em Portugal são gerados 2,4 euros a nível nacional, concluiu um estudo da consultora KPMG sobre o impacto socioeconómico daquela unidade na região e no país, que foi apresentado em Outubro do ano passado.
De acordo com o documento, a actividade do complexo fabril do grupo cimenteiro detido por Pedro Queiroz Pereira contribui com um total de 120 milhões de euros anuais para o PIB nacional, o que representa 0,1 por cento.
Por outro lado, a fábrica, que emprega directamente 169 trabalhadores [números de 2016], tem um impacto a nível nacional de 1689 postos de trabalho. Desta forma, segundo a KPMG, por cada colaborador do complexo são gerados 10 empregos em Portugal.
O estudo revela que onde é induzida a criação de mais emprego é nos serviços de administração pública, defesa e segurança social, estimando-se um total de cerca de 305 postos de trabalho, sendo este efeito "resultado em grande parte dos impostos pagos", explica a consultora.
O impacto no emprego também se faz sentir nos serviços de reparação e instalação de máquinas e equipamentos, no sector das borrachas e matérias plásticas, nos combustíveis e no transporte terrestre.
Já para a península de Setúbal, a actividade da fábrica da Secil contribui com um total de 44 milhões de euros anuais para o PIB da região e gera, de forma directa e indirecta, 672 postos de trabalho, ou seja, por cada colaborador do complexo do Outão são gerados cerca de quatro empregos na região.
O estudo refere ainda que o contributo da Secil do Outão para as exportações é de 65 milhões de euros, representando esta unidade 31 por cento das exportações do porto de Setúbal. "Por cada euro importado, o complexo do Outão exporta cerca de três euros", aponta ainda o documento.
Por outro lado, 65 por cento das compras desta unidade industrial foram realizadas a fornecedores nacionais, sendo que 44 por cento das compras nacionais foram feitas a fornecedores da península de Setúbal.
A consultora refere ainda o investimento de 9,7 milhões de euros de investimento em inovação e desenvolvimento pelo grupo cimenteiro e, no capítulo ambiental, a redução das emissões de CO2 em dois por cento.

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