Sesimbra recuperou Casa da Água no Cabo Espichel

"Um trabalho de recuperação notável de um local cheio de história" 

A obra de requalificação da Casa da Água do Cabo Espichel, em Sesimbra, foi apresentada publicamente na semana passada. O acontecimento, testemunhado por dezenas de pessoas, incluiu uma visita ao edifício, restaurado pela Câmara de Sesimbra, que voltou a dar a dignidade àquele que é um dos símbolos do Santuário."Agradeço a todos os que contribuíram para esta grande intervenção", referiu o presidente da autarquia, Augusto Pólvora, após o descerramento da placa alusiva à obra. A intervenção, orçada em perto de 140 mil euros, incluiu a recuperação e reconstituição do Zimbório, o arranjo do revestimento da abóbada, com a colocação de azulejos de fabrico artesanal, semelhantes aos existentes e limpeza e recuperação dos azulejos ainda remanescentes.
Centenas de pessoas já visitaram o novo espaço 

A satisfação pelo trabalho realizado no edifício foi igualmente partilhada pela vice-presidente da autarquia, Felícia Costa, que depois de agradecer aos que se envolveram no restauro, e à família de António Xavier de Lima, que passou o edifício para a posse do município em 2008, vincou a vontade em continuar a recuperar o edificado do santuário. 
"Estamos perante uma magnífica obra de restauro. Esperemos que este seja o primeiro momento de uma recuperação mais abrangente, que será possível quando a Ala Norte, que atualmente é propriedade do Estado, passe para a posse da autarquia, no âmbito do acordo com a Direção-geral do Tesouro e das Finanças", afirmou a autarca, lembrando que este objetivo vem no seguimento da estratégia de valorização do património, que já permitiu revitalizar outros espaços emblemáticos no concelho, entre os quais a Fortaleza de Santiago e a Moagem de Sampaio.
A excelência da intervenção foi também reconhecida por Heitor Pato, investigador e especialista no Cabo Espichel, que colaborou no processo de restauro, e que fez uma contextualização histórica, religiosa e civil do edifício. 
"É um trabalho de recuperação notável de um local cheio de história que se encontrava bastante danificado", disse, lembrando que a Casa da Água foi mandada construir por D. José em 1770, depois de visitar o Santuário durante uma visita o círio da Ajuda, ao qual pertencia. "A alameda, as janelas, que serviam de conversadeiras e também para os namoriscos, a escadaria, o edifício; tudo isto é arquitetura aristocrática, de corte. Do muro para lá havia a horta, construída depois do aqueduto e da Casa da Água, que simbolizava a parte rural, onde existia uma horta com alecrim e ervas de cheiro", contou Heitor Pato.
As caraterísticas da obra foram, por seu turno, explicadas por Armindo Pombo, arquiteto da Câmara Municipal que foi responsável pelos trabalhos de restauro. "A recuperação da Casa da Água foi um trabalho complexo porque o edifício estava muito degradado, nomeadamente as cornijas, cantarias, frisos, abóbada, que foi objeto de um tratamento especial, e sobretudo o pequeno zimbório, que se pensa ter ruído na sequência do sismo de 1858, e que foi possível reconstituir na sua morfologia original por termos encontrado duas peças de cantaria aparelhadas no recinto durante os trabalhos da primeira fase", sublinhou.
A apresentação da obra incluiu a visita à Casa da Água, onde Heitor Pato explicou os temas representados nos azulejos, parte dos quais ainda visíveis, "que simbolizavam cenas de caça, corte e festa", e a uma exposição sobre a história e processo de recuperação do edifício.

A história da Casa da Água
A Casa da Água do Cabo Espichel é um edifício construído pelo Rei D. José, por volta de 1770, por ocasião da estadia da corte no santuário.
O imóvel recebia a água a partir da Azoia, através do aqueduto ainda existente, que abastecia todo o conjunto. A Casa da Água apresenta um traçado hexagonal, e no interior existe uma fonte em pedra lioz que recebia a água do aqueduto, construída em forma de nicho, de onde sobressai uma figura de um leão. As paredes interiores eram revestidas por painéis de azulejos azuis e brancos, que representavam cenas cortesãs e de caça, cujos vestígios são ainda hoje visíveis.

Agência de Notícias com Câmara de Sesimbra

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