Festa do Senhor Jesus das Chagas em Sesimbra

Senhor Jesus das Chagas leva fiéis às ruas da vila 

Milhares de fiéis percorrem, todos os anos, no dia 4 de Maio, feriado municipal, as ruas da vila de Sesimbra para prestar devoção ao Senhor Jesus das Chagas, protetor dos pescadores. A procissão, que se realiza há mais de cem anos, é uma das mais antigas do sul do país e começa desde a Igreja Matriz até à Capela da Misericórdia. Segue-se depois um Sermão no Largo da Marinha e bênção ao mar e às embarcações. A festividade, a mais importante para a comunidade marítima sesimbrense, tem o seu ponto alto com a procissão que percorre as ruas da vila. O programa da Festa, organizado pela Irmandade do Senhor Jesus das Chagas, inclui ainda uma feira, que decorre até 6 de Maio, na Avenida da Liberdade e várias atuações musicais. 
Procissão realiza-se na tarde de 4 de Maio em Sesimbra 

O culto ao Senhor Jesus das Chagas, cujo início a tradição oral coloca em 1534, quando um grupo de pescadores sesimbrenses encontrou uma imagem de Jesus Crucificado, é a festividade mais importante para a comunidade marítima sesimbrense, demonstrada pela enorme devoção que ainda se mantém bem viva nos sesimbrenses, que prestam homenagem ao seu protetor no dia 4 de Maio, Feriado Municipal.
A primeira procissão de que há registo aconteceu em 1895 e nos anos seguintes as comemorações atingiram grande esplendor.
As festividades atingem o seu auge com a procissão que percorre as ruas da vila de Sesimbra, engalanadas para o efeito, com o chão coberto por alecrim e as colchas nas varandas.
Na Baía de Sesimbra, as embarcações saúdam o Senhor que abençoa a terra e o mar, num culminar de emoções que envolve não só a população sesimbrense mas também centenas de crentes que visitam a vila para assistir à procissão.
A Festa, organizada pela Irmandade do Senhor Jesus das Chagas, engloba também uma feira, que decorre até 6 de Maio, na Avenida da Liberdade. 

A lenda do Senhor das Chagas 
No séc. XVI houve uma revolta contra a igreja católica. Nessa altura a rainha mandou encaixotar todas as imagens que estavam nas igrejas e deitá-las ao mar.
Arrastados pelas correntes os caixotes foram levados mar fora e foram ter aos sítios mais diversos. Um deles veio ter à praia de Sesimbra.
Estavam alguns pescadores à beira mar quando viram aquele caixote a boiar junto à pedra que fica do lado nascente da fortaleza.
Trouxeram-no para a praia, abriram-no e viram uma imagem de Jesus Cristo e ficaram muito admirados sem saberem o que fazer com ela.
Pensaram um pouco e trouxeram-no para o terreiro da Misericórdia, onde hoje em dia é um jardim, mas não tinham sítio onde o colocar. A imagem não ia ficar no chão, nem à chuva nem ao vento, por isso resolveram levantar uma tenda e fingir que aquilo era uma pequena capela, pois um dia fazer-se-ia uma a sério.
Todos repararam que faltava um braço à imagem, mas também sabiam que no caixote não estava. E a imagem continuou assim na pequena capela improvisada onde toda a gente ia venerá-la. Ora era costume, e ainda hoje há quem o faça, ir à praia buscar lenha para levarem para a lareira. Naquele dia, uma velhinha apanhava uns pequenos troncos na praia. Ao chegar a casa colocou os troncos no braseiro e sentou-se ali ao pé para se aquecer.
Começou a reparar que toda a madeira ardia menos aquele tronco mais grosso. A ele nem o lume chegava perto.
Intrigada pegou nele e mirou-o com atenção. Viu, então, que aquele pedaço de madeira tinha a forma de um braço.
Correu até à capela, mostrou-o ao padre e concluíram que aquele tronco especial era realmente o braço da imagem do Senhor Jesus.
Todos gritaram “milagre”, prometeram fazer todos os anos uma festa em honra do Senhor e mandaram edificar a capela da Misericórdia onde fizeram um altar para colocar a imagem do Senhor Jesus das Chagas.
Todos os anos no dia 4 de Maio faz-se uma procissão que atravessa as ruas da vila de Sesimbra e que no largo da Marinha abençoa o mar para que este nunca falte com o peixe que era, até há poucos anos, o principal sustento das pessoas de Sesimbra.

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