Rescaldo do incêndio de Setúbal irá durar vários dias

Armazém ficou totalmente destruído mas produção continua

O incêndio que deflagrou esta terça-feira, 14 de Fevereiro, em dois armazéns da Sapec Agro, em Mitrena, Setúbal, foi controlado, mas as operações de rescaldo deverão prolongar-se por vários dias, disse o coordenador da Protecção Civil de Setúbal. O incêndio, ainda de origem desconhecida, foi dominado ontem à tarde e causou seis feridos ligeiros que já tiveram alta hospitalar. A empresa admitiu esta terça-feira que o armazém de produtos de enxofre onde deflagrou um incêndio ficou completamente destruído, mas garantiu que a laboração da fábrica não foi afetada e prossegue normalmente. O fumo tóxico inundou a cidade e a zona de Palmela, Pinhal Novo e Vila Franca de Xira, mas de acordo com a Agência Portuguesa do Ambiente, os valores observados nas estações fixas de qualidade do ar “decresceram significativamente, encontrando-se a situação controlada”.
Coluna de fumo arrastou-se até Vila Franca de Xira 


"O incêndio nos armazéns da Sapec Agro, em Setúbal, está já em fase de rescaldo e a situação está completamente controlada. O segundo armazém que sofreu o incidente está a ser demolido por razões de segurança", refere a empresa, num comunicado divulgado à imprensa ao fim da tarde de ontem. 
No comunicado, a empresa refere que os "seis feridos ligeiros já tiveram alta hospitalar e encontram-se bem".
"O dia decorreu na completa normalidade em termos de laboração da fábrica e dos laboratórios", salientou.
A empresa recorda também que segundo a "Direção-Geral de Saúde a qualidade do ar está dentro dos valores de referência e as populações locais não correm qualquer tipo de riscos inerentes à ocorrência".

Qualidade do ar restabelecida
Em declarações à Lusa, Anabela Santiago, engenheira de Saúde Ambiental da DGS, disse que, segundo o que foi transmitido pelos técnicos da Agência Portuguesa do Ambiente (APA), as estações de medição da qualidade do ar não ultrapassaram os valores de referência.
“Aquilo que me foi transmitido é que, de acordo com a informação registada nas estações ali à volta e as estações que medem o SO2, o dióxido de enxofre, os valores registados não ultrapassam os valores de referência”, afirmou Anabela Santiago.
A APA explica que a fábrica onde ocorreu o incêndio se situa na zona de qualidade do ar de Vale do Tejo e Oeste e que devido ao incêndio foi libertado dióxido de enxofre para o ar.
O poluente foi “monitorizado em contínuo através das estações de qualidade do ar existentes no território nacional”, diz a APA, explicando que devido aos ventos a nuvem poluente foi arrastada para norte, atravessou a Reserva Natural do Estuário do Sado e atingiu a zona de Vila Franca de Xira.
Em Vila Franca, na estação de Alverca, registaram-se entre as oito e as 12 horas, de ontem, valores elevados de concentração de dióxido de enxofre, com um pico às 11 horas. A situação de aumento de poluição foi corroborada pelas estações da Valorsul localizadas em Póvoa de Sta. Iria e Sta. Iria de Azóia, “estimando-se ser esta a área de influência da nuvem poluente”, acrescenta-se no comunicado.
A APA estima que os níveis elevados de dióxido de enxofre na proximidade da fábrica aconteceram durante a noite (o incêndio deu-se às três da madrugada), o que terá diminuído a exposição das pessoas ao poluente.
Durante a tarde de ontem os valores observados nas estações fixas de qualidade do ar “decresceram significativamente, encontrando-se a situação controlada”.
A APA “está a acompanhar a sua evolução em permanência com a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional de Lisboa e Vale do Tejo, entidade gestora da qualidade do ar desta região, com a Autoridade Nacional de Proteção Civil e com as demais autoridades locais”, refere o comunicado.

Fábrica continua a trabalhar 
Ao final da tarde, em declarações aos jornalistas, o diretor-geral da SAPEC, sublinhava que "a prioridade é controlar a nuvem de fumo, que não sendo um perigo para as populações, não é simpático".
Sabíamos, desde o primeiro momento, que a perigosidade não era um problema", assegurou João Martins, garantindo que o enxofre "estava devidamente armazenado, dentro das condições de segurança e normas de armazenamento deste produto".
João Martins, admitiu esta terça-feira que o armazém de produtos de enxofre onde deflagrou um incêndio ficou completamente destruído, mas garantiu que a laboração da fábrica não foi afetada e prossegue normalmente.

Câmara de Setúbal lamenta situação
O incêndio nos dois armazéns com enxofre teve início na madrugada desta terça-feira. Seis bombeiros ficaram feridos, com queimaduras ligeiras, no combate ao incêndio. A Proteção Civil Municipal apelou aos residentes das localidades de Praias-do-Sado e Faralhão para não saírem de casa e para calafetarem portas e janelas até que desapareça a nuvem de fumo.
A presidente da Câmara de Setúbal, Maria das Dores Meira, lamentou a ocorrência do incêndio numa das maiores empresas da região, mas congratulou-se com o facto de a empresa não ter interrompido a laboração e prosseguir a sua atividade normalmente.
Em declarações à Lusa, a autarca disse, contudo, estar preocupada “com os prejuízos numa empresa de referência nacional e internacional situada no concelho e que contribui de forma significativa para o PIB nacional”. 
As aulas no politécnico de Setúbal foram suspensas de manhã e algumas escolas perto do local foram fechadas por precaução. A aulas nestes estabelecimento de ensino devem de voltar à normalidade nesta quarta-feira. Nas localidades próximas, nomeadamente nas freguesias de Praias do Sado e Faralhão, freguesia de Gambia, Pontes e Alto da Guerra, as autoridades aconselharam os habitantes a permanecerem em casa e a vedar as portas, janelas e fachadas com panos húmidos, devido à possível exposição e inalação do fumo.

Agência de Notícias

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