Bancos chineses vão atrair investimento para Sines

Porto de Sines pode vir a ter um novo terminal marítimo

O China Development Bank e o Haitong Bank vão tentar atrair investidores chineses para investirem em Sines, no âmbito de um memorando de entendimento assinado este domingo, 9 de Outubro, em Pequim com a AICEP. O acordo para o desenvolvimento da Zona Industrial e Logística de Sines foi formalizado durante a visita oficial do primeiro-ministro António Costa à China. Em causa está a atracção de empresas industriais e de logística para Sines, segundo o documento subscrito pelos representantes das três entidades, como Miguel Frasquilho, presidente da AICEP e José Maria Ricciardi, líder do Haitong Bank. O primeiro-ministro afirmou que, em breve, serão dados "passos importantes" nas relações entre Portugal e China no setor financeiro e destacou o acordo para a facilitação da instalação de empresas chinesas no porto de Sines.
António Costa foi à China para  resolver negócios em Sines 

O segundo maior banco de investimento na China e o grupo Haitong, assinaram este domingo com o governo português um acordo para investir em toda a zona logística de Sines. De acordo com a rádio Renascença, José Maria Ricciardi, membro do conselho de administração daquela instituição, sublinha que são mais de mil hectares em causa onde os chineses vão investir.
“Vamos assinar um acordo para trazer o investimento chinês para o desenvolvimento da parte logística”, explica Ricciardi, acrescentando que “há toda a parte logística por trás do porto que vai transformar a região de Sines e Portugal, do ponto de vista estratégico, numa das mais importantes para onde se poderão trazer os investidores”, sublinha José Maria Ricciardi. "O porto tem uma posição estratégica quer para a exportação, quer para a importação”, conta o administrador do grupo Haitong.
O China Development Bank e o Haitong comprometem-se a promover o projecto de Sines junto da sua base de clientes asiáticos, em particular chineses, que pretendem expandir a sua actividade para a Europa, no quadro da política de internacionalização da economia chinesa promovida pelas autoridades locais. Já a AICEP compromete-se a disponibilizar informação sobre oportunidades de investimento e a avaliar os projectos de investimento que venham a ser apresentados pelos potenciais interessados.
E qual o interesse deste entreposto industrial chinês na Europa? É simples. Fazer chegar por barco contentores de produtos chineses semi-acabados, terminar a sua produção em solo europeu, e conseguir dessa forma que esses produtos tenham a marca CE. Contas feitas, ganham as empresas chinesas que se instalarem na zona logística de Sines ao usar o tal carimbo "made in EU", e ganha o governo porque assegura uma frente de crescimento do emprego.
A construção do Terminal 2 do porto de Sines está sobretudo dependente da procura. A esta altura, o projeto lançado em 2008 tem uma taxa de ocupação de 54 por cento, pelo que ainda há espaço e infraestruturas disponíveis para muitas empresas. A intenção do executivo, escreve o Diário de Notícias, é dinamizar a zona logística de Sines dando ao mesmo tempo uma boa possibilidade ao consórcio da China Development Bank e do Haitong Bank. Se o consórcio chinês conseguir atrair empresas para Sines, acaba por ganhar massa crítica em duas frentes. O aumento do tráfego de contentores passa a justificar a construção do Terminal 2, e ao contribuir para o desenvolvimento em Sines, os dois gigantes chineses ficam bem posicionados num futuro concurso internacional.

Costa convida chineses a investirem mais em Portugal 
Perante os empresários chineses, a intervenção de António Costa teve como objetivo defender que "há um novo patamar" na cooperação, "com a criação de novos ativos no país, ou a partir de Portugal para terceiros países".
"Há novas áreas que justificam uma parceria económica entre os dois países", acentuou António Costa, numa alusão ao facto de os investimentos chineses até agora realizados em Portugal se terem limitado à aquisição de ativos empresariais.
Entre as novas áreas de cooperação, o primeiro-ministro disse que Portugal está interessado em corresponder ao "grandes projetos" do Presidente chinês, Xi Jinping, ao nível da interconexão internacional da energia e no sentido de criar uma rota marítima mundial chinesa.
António Costa destacou então as potencialidades do acordo recentemente celebrado entre Portugal e Marrocos no domínio da energia e a localização "estratégia" do porto de Sines na faixa atlântica para as ligações com África e com o continente americano (sobretudo na sequência do alargamento do canal do Panamá).
Com o ministro da Economia, Manuel Caldeira Cabral, ao seu lado, António Costa deixou também uma mensagem política aos empresários chineses: "Os vossos investimentos representaram um sinal de confiança em Portugal e no potencial da economia portuguesa na Europa e ao nível trilateral [com os países lusófonos]". "Mas há novas áreas em que podemos cooperar", insistiu.
António Costa iniciou no sábado uma visita oficial à China que, além de Pequim, o levará também a Xangai e Macau.

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