Inspeção de Saúde investiga morte no hospital do Montijo

Mulher esteve mais de cinco horas nas urgências à espera de uma ambulância

Uma mulher de 68 anos não resistiu, depois de ter estado cinco horas à espera de uma ambulância. A notícia é avançada pelo Correio da Manhã. O jornal conta que a mulher, que sofria de Esclerose Lateral Amiotrófica, entrou nas urgências do hospital do Montijo pouco passava das seis da manhã. Após vários exames, o marido foi informado de que ia ser transferida para o Barreiro. Isso não chegou a acontecer.A Inspecção Geral de Actividades em Saúde vai averiguar o caso. Em comunicado a Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo diz ter pedido esclarecimentos sobre o assunto ao centro hospitalar, que abriu "de imediato" um inquérito. Foi também solicitada a intervenção da Inspecção Geral de Actividades em Saúde para "cabal esclarecimento do ocorrido". 
Mulher esperou mais de cinco horas nas urgências do Montijo 

Maria Joaquina Borrata, 68 anos, morreu ontem ao meio-dia nas urgências do Hospital do Montijo, após mais de cinco horas à espera de uma ambulância para a transportar para a unidade do Barreiro. A mulher, que sofria de Esclerose Lateral Amiotrófica, entrou na urgência às 6h20, transportada pela ambulância dos Bombeiros Voluntários do Montijo, com dificuldades respiratórias e sem conseguir falar. Foi submetida a exames e pelas 6h50 o marido, José Campos, foi informado de que Maria iria ser transferida para o hospital do Barreiro. Mas tal não aconteceu. 
"O médico devia ter chamado logo a ambulância para levar a minha mulher e não esperar que viesse o colega do segundo turno", disse o homem ao jornal Correio da Manhã. José Campos relatou ainda o desespero que viveu nas horas de espera. "Alertei as enfermeiras e auxiliares para observarem a minha mulher, mas ninguém o fez".  
Só às 10h07, já após Maria ter sido submetida a novos exames, é que um segundo médico pediu ambulância. "Quando a chamaram para ir para a ambulância, já a minha mulher estava inconsciente. Começaram a reanimá-la às 11h30: meia hora depois morreu", recorda. 
José Campos apresentou queixa no livro de reclamações e pondera avançar com queixa-crime contra o Centro Hospitalar Barreiro-Montijo, a que pertence a unidade do Montijo.
A Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo afirma que "já solicitou esclarecimento sobre o sucedido ao Conselho Diretivo" do Centro Hospitalar Barreiro-Montijo, estando já em curso um procedimento interno de averiguações. A Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo diz ainda que "foi também solicitada a intervenção da Inspeção Geral de Atividades em Saúde", para se esclarecer o que aconteceu. 

INEM e Bombeiros não receberam pedido do hospital 
De acordo com o Correio da Manhã, o INEM confirma que às "06h07 foi acionada a ambulância do INEM ao serviço dos Bombeiros Voluntários do Montijo" para transportar Maria Joaquina ao hospital. Já sobre um eventual pedido do hospital do Montijo para transporte de doente, o INEM esclarece não ter recebido qualquer solicitação. 
Também os Bombeiros do Montijo garantem não ter recebido o pedido. O Comandante Américo Moreira afirma que "os Bombeiros do Montijo são totalmente alheios ao processo de transferências Iter-Hospitalares, estando estas sobre a responsabilidade do Centro Hospitalar Barreiro/Montijo, e da empresa transportadora contratualizada previamente para o efeito".

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