Arte percorre Túnel do Quebedo em Setúbal

Câmara renovou túnel central da cidade com arte 

A nova intervenção artística do Túnel do Quebedo, promovida pela Câmara de Setúbal, com painéis de azulejos concebidos por Andreas Stöcklein e colocados pela Ratton Cerâmicas, foi inaugurada na passada sexta-feira. “Nestas paredes prestamos homenagem à vida e obra de poetas e artistas que amaram a nossa cidade. Nestes reside boa parte da nossa riqueza enquanto comunidade. Setúbal está-lhes para sempre grata”. São estas as palavras, escritas pela presidente da Câmara  de Setúbal, Maria das Dores Meira, que podem ler-se na placa que descerrou no Túnel do Quebedo.
Arte refresca quem passa pelo principal túnel da cidade 

“Esta placa vai perpetuar o nome dos artistas que estão retratados na intervenção artística do Quebedo. São pessoas que nos dizem muito”, salientou a autarca na cerimónia, referindo-se a Bocage, Sebastião da Gama, Vasco Mouzinho de Quevedo, Luiz Pacheco e José Afonso.
A conceção dos painéis de azulejos, numa área de trezentos metros quadrados ao longo dos muros do túnel, tem como mote a referência a personalidades de diversas expressões artísticas ligados à cidade de Setúbal, por nascença ou vivência.
“Os azulejos do Túnel do Quebedo serão uma marca perene na paisagem urbana setubalense, uma marca que fala dos nossos poetas e escritores, que recorda os melhores de nós. São, acima de tudo, um património de uma cidade que se respeita e que exige ser respeitada e que assim também se faz mais cidade”.
Para Maria das Dores Meira, o Túnel do Quebedo é uma das vias de circulação mais importantes da cidade, “porque a une” e “porque impede a distinção entre os que estão acima da linha e os que estão do outro lado”, daí a importância da nova obra de arte pública como “símbolo de união entre dois lados de uma urbe”.
A presidente da Câmara Municipal deixou ainda o apelo para que todos cuidem do novo “símbolo de união” que a autarquia entregou aos setubalenses, pois “a cidade só se apropria verdadeiramente das suas obras de arte quando delas cuida, impedindo que haja quem queira fazer delas mais propriedade sua do que de todos os outros, seja danificando, seja conspurcando o que é nosso”.
Os trabalhos de requalificação do Túnel do Quebedo contemplaram, ainda, a pintura das paredes, do corrimão metálico ao longo da passagem pedonal e do poste de iluminação pública, bem como o preenchimento de uma parte do piso com seixo rolado, de dimensões diferentes, por forma a criar uma superfície irregular e permitir o escoamento das águas pluviais.

"A arte pública é gratificante para os artistas porque dirige-se às pessoas em geral" 
Poesia marca a nova imagem do Quebedo 
Presente na cerimónia de inauguração, Andreas Stöcklein, que concebeu os painéis de azulejos no âmbito do projeto encomendado pela autarquia à Ratton Cerâmicas, acredita que os setubalenses já se apropriaram e já cuidam dos painéis de azulejos do Túnel do Quebedo.
“A arte pública é gratificante para os artistas porque dirige-se às pessoas em geral e quando há uma boa adesão, como a que testemunhámos nesta obra, a recompensa ainda é maior. As pessoas apropriaram-se do lugar. Alguém colocou cartazes publicitários, durante a instalação dos painéis, e as pessoas vieram logo avisar-nos para os tirarmos”, contou Andreas Stöcklein.
Durante cinco meses de “intenso trabalho”, Stöcklein idealizou, concebeu e desenhou os painéis que hoje podem ser admirados.
A primeira inspiração foi Bocage, devido às comemorações dos 250 anos do nascimento do poeta, mas concluiu que eram “muitas paredes para fazer uma homenagem a uma só pessoa”.
Foi então que decidiu escolher cinco autores, quatro poetas e um músico, ligados à cidade de Setúbal, e fazer-lhes uma homenagem.
Bocage, Sebastião da Gama, Vasco Mouzinho de Quevedo, Luiz Pacheco e José Afonso estão agora perpetuados, em palavras retiradas de poemas, nas paredes do Túnel do Quebedo.
“Não eram necessárias muitas palavras ou frases, bastava que fossem significativas. Por exemplo, de Vasco Mouzinho de Quevedo escolhi apenas a palavra Arzila”, adiantou Andreas Stöcklein.
Satisfeito com o resultado do trabalho, o artista lembra ainda a dificuldade de escolha da nova cor de fundo das paredes do túnel, que acabou por recair sobre uma que “comunica com os azulejos, pois é a cor dos jacarandás da avenida e do céu”.
Tiago Monte Pegado, da Ratton Cerâmicas, empresa responsável pelo fornecimento dos azulejos, agradeceu à presidente da Câmara Municipal de Setúbal o convite para participar “nesta boa e merecida transformação que a cidade tem vindo a ganhar”, pois “este era o lugar dos carros por onde as pessoas passavam e passa a ser a partir de hoje o lugar das pessoas onde também os carros passam”.
A inauguração da intervenção artística da Ratton Cerâmicas com o artista Andreas Stöcklein contou ainda com o espetáculo “Poetas do Sado”, dinamizado pela Lisbon Poetry Orchestra, que revisitou a obra dos poetas representados nos painéis de azulejos, num misto de música e declamação de poesia.

Agência de Notícias

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