BE alerta para violência no namoro no distrito

“No Namoro só bate o Coração” é o lema da campanha bloquista 

No passado fim de semana, por iniciativa da Comissão Coordenadora Distrital de Setúbal do Bloco de Esquerda, foi feita na cidade de Setúbal uma pintura mural no âmbito da campanha “No Namoro só bate o Coração”.  Esta campanha que decorreu ao longo do mês de Março é dirigida aos alunos e alunas do ensino secundário, tendo sido feita a distribuição de um folheto em diversas escolas de todo o distrito, alertando-os para alguns sinais de violência que ocorrem no namoro e indicando-lhes números de apoio a que poderão recorrer.
Mural contra a violência foi inaugurado em Setúbal 

Dada a grande recetividade desta campanha, quer por parte da população escolar, quer de docentes e encarregados de educação, a campanha vai ter continuidade, tendo já sido enviadas propostas de realização de debates nas escolas já abrangidas pela distribuição do folheto.
Esta segunda-feira, 11 de Abril, a deputada do Bloco de Esquerda Joana Mortágua e uma delegação de autarcas composta por Pedro Oliveira da Assembleia Municipal de Almada e Nuno Moreira da Assembleia de Freguesia da Trafaria-Caparica, visitaram e reuniram com a direção do Agrupamento de Escolas da Trafaria.
O objetivo desta visita visa conhecer o trabalho da escola junto da comunidade da Trafaria com algumas dificuldades sócio-económicas e que está integrada num território que ao longo dos tempos tem sido abandonado pelos poderes públicos.
Sendo uma escola TEIP - Programa Territórios Educativos de Intervenção Prioritária, esta conseguiu criar uma equipa composta por um educador social e uma psicóloga que têm feito um trabalho de ligação à comunidade muito importante, substituindo-se por várias vezes a serviços de apoio social que deviam ser prestados à comunidade.
O Bloco de Esquerda "valoriza a experiência de uma escola aberta à comunidade que consegue através da ligação aos pais e famílias criar oportunidade de sucesso para os alunos e nas suas intervenções na Assembleia da República irá continuar a defender que haja uma capacidade de autonomia pedagógica e investimento nestas escolas que cumprem o objetivo da igualdade no acesso e da igualdade de sucesso escolar para todos, sendo que a garantia do direito à educação passa também por prestar estas condições de igualdade com recursos e investimento em escolas que estejam integradas em territórios como este", explicou ada Joana Mortágua ao ADN.

UMAR revela dados preocupantes entre namorados
No estudo da UMAR, no que diz respeito à legitimação da violência, ou seja à não-aceitação de determinado comportamento como violência no namoro, os dados revelam que quase um quarto dos jovens considera "normal" a violência no namoro.
"É ainda uma percentagem mesmo muito alta haver 22 por cento a considerar normal algumas das formas de violência", considerou a criminóloga Cátia Pontedeira, referindo que nesta violência geral está incluída a "violência física, sexual e ou psicológica".
A criminóloga adiantou que o estudo, realizado no âmbito do projeto Artways - Políticas Educativas e de Formação contra a Violência e Delinquência Juvenil e que contou com adolescentes entre 12 e 18 anos, indica que "7 por cento dos jovens já tinham sofrido algum tipo de violência nas suas relações de namoro" e que a maior parte da violência descrita é psicológica.
A violência física no namoro foi assumida por cinco por cento do total de jovens inquiridos e a violência sexual foi reportada por 4,5 por cento dos jovens.
"Estes dados de prevalência de violência são preocupantes", considerou a criminóloga da UMAR, lembrando que se está a falar de um grupo de jovens cuja idade média é de 14 anos.
A UMAR, que faz estudos sobre violência de namoro desde 2009, indica que com estes dados recentes se verifica que a "vitimização tem subido ligeiramente", o que não significa necessariamente que haja mais vítimas no namoro.
Para a UMAR, este aumento de violência no namoro é importante, no sentido de que os jovens estão cada vez mais a ficar informados do que é a violência no namoro, que é crime, e que, portanto, é importante os jovens saberem que podem procurar ajuda especializada.
"Os dados deste estudo levam-nos a afirmar e defender que há ainda uma grande necessidade de trabalhar estes temas com os jovens", alertou Cátia Pontedeira, lembrando que a UMAR está a desenvolver um trabalho de "prevenção primária na violência de género e que está a decorrer nas escolas há mais de 12 anos.
Na violência sexual está implícito a violação, mas também pressões verbais como dizer "se não fazes sexo, não gostas de mim ou estás a perder o interesse em mim". Já na violência psicológica a maior incidência são as proibições de estar ou falar com amigos.




Comentários