Santiago do Cacém em Madrid ao ritmo do Alentejo

Cante alentejano estreou-se na capital espanhola

O Cante Alentejano foi ouvido em Madrid, pela primeira vez. O prestigiado Círculo de Belas Artes, no centro da capital espanhola, recebeu as vozes e a viola campaniça do Baixo Alentejo, a cargo dos cantadores de Vila Nova de São Bento, [de Serpa], d’Os Ganhões de Castro Verde e dos Moços D`uma Cana. O presidente da Câmara de Santiago do Cacém, Álvaro Beijinha, foi um dos autarcas alentejanos que marcou presença em Madrid. Um convívio que se imagina adequado ao espírito do pretexto desta estreia do cante na mítica sala espanhola, o festival de música sacra do Baixo Alentejo Terras Sem Sombra, que cumprirá este ano a sua 12.ª edição.  E porquê com o cante? Através do cante mostra-se uma componente importante do espírito alentejano e, dado que parte das suas raízes se encontram na música sacra, estabelece-se relação directa com o festival. 
Cante Alentejano conquistou capital espanhola  

As vozes pertencem aos Ganhões de Castro Verde, ao Rancho de Cantadores de Aldeia Nova de São Bento e aos Moços d’Uma Cana, que subiram a palco na Sala das Colunas do Círculo de Bellas Artes. “Nunca se viram tantos alentejanos em Madrid”, brincou José Abreu, dos Moços d’Uma Cana, de Castro Verde, quando, no final das apresentações de cada grupo, todos se juntaram, as violas campaniças e as vozes dos Moços, os coros dos Ganhões e do Rancho, para a despedida: “Vamos nós saindo/ por esses campos fora/ que a manhã vem vindo/ dos lados da aurora”, entoaram ao abandonar o palco, atravessando a plateia perante os aplausos dos 550 espectadores que sobrelotaram a sala (500 era o número de lugares sentados disponíveis).
Os alentejanos estavam ali para que, já este mês e até Junho, se vejam muito mais espanhóis no Baixo Alentejo. A iniciativa madrilena serviu, de forma abrangente, para promover o Alentejo – ofereceram-se vinho, enchidos, queijo e doçaria no hall da sala, o que transformou o final do concerto num outro tipo de celebração: entre golos de branco e tinto ou dentadas nas queijadas, ouviram-se mais versos cantados ao improviso. Um convívio que se imagina adequado ao espírito do pretexto desta estreia do cante em Madrid, o festival de música sacra do Baixo Alentejo Terras Sem Sombra, que cumprirá este ano a sua 12.ª edição.

Santiago do Cacém marca presença 
À saída, as cerca de 550 pessoas que enchiam a sala tiveram a oportunidade de provar os sabores do Alentejo, com a degustação de produtos regionais de Almodôvar, Sines, Santiago do Cacém, Ferreira do Alentejo, Odemira, Serpa, Castro Verde e Beja, os oito municípios por onde vai passar a 12.ª edição do Festival Terras Sem Sombra – festival de música sacra do Baixo Alentejo – cuja apresentação decorreu dia 11 de Fevereiro, na Embaixada de Portugal, e na qual estiveram inseridas estas atividades ligadas ao Alentejo.
O Município de Santiago do Cacém deu a conhecer as suas alcomonias, os seus rebuçados de pinhão e o seu mel, tendo também mostrado o seu artesanato para acondicionamento e decoração de mesa. Foram ainda distribuídos, pelos presentes, folhetos de promoção turística do Município em espanhol.
O Festival Terras Sem Sombra vai decorrer entre Fevereiro e Julho, numa organização do Departamento do Património Histórico e Artístico da Diocese de Beja. Santiago do Cacém volta este ano a fazer parte do roteiro deste Festival, que conjuga a música sacra com atividades ligadas à preservação do ambiente e à biodiversidade. 

Terras Sem Sombra passa por Sines e Santiago do Cacém 
A passagem do Festival Terras Sem Sombra por Santiago do Cacém está agendada para os dias 2 e 3 de Abril. Na Igreja Matriz de Santiago Maior. Antes, a 12 de Março, o Terras Sem Sombra, passa por Sines. 
A edição 2016 terá como convidado o Brasil, estando programadas uma ópera para crianças, Oheama, que desloca lendas nórdicas aproveitadas por Wagner para o cenário amazónico (21 de Maio, Cineteatro de Serpa), ou uma leitura de Heitor Villa-Lobos pelo quarteto de guitarras paulista Quaternaglia (7 de Maio, Igreja de Santa Maria, Odemira). Abrindo-se ao mundo, ou não fosse o Terras Sem Sombra organizado este ano sob o tema Torna-Viagem, dará também a ouvir músicos da Guiné Conacri e dos Camarões fazerem a ponte entre Ligeti e as polirritmias africanas (4 de Junho, Basílica Real de Nossa Senhora da Conceição, Castro Verde).
Destaca-se ainda a presença do grande maestro rossiniano Alberto Zedda (2 de Abril, Igreja Matriz de Santiago Maior, Santiago do Cacém) ou a apresentação de uma obra peculiar: Sempre/Ainda, de Alfredo Aracil é apresentada como “ópera sem vozes” (12 de Março, Centro de Artes de Sines).

Comentários