Parlamento aprova construção do hospital do Seixal

Autarcas do Seixal, Almada e Sesimbra reúnem com ministro da Saúde 

A Assembleia da República aprovou na sexta-feira, duas resoluções a favor da construção de um hospital no concelho do Seixal. Todos os deputados votaram favoravelmente, à exceção do PSD e CDS-PP que se abstiveram. Recorde-se que a petição pública pela construção do hospital no Seixal e por melhores cuidados de saúde no concelho foi discutida na quinta-feira neste mesmo órgão e que a maioria dos deputados frisaram a importância da construção deste equipamento e alertaram para as necessidades que a população dos concelhos do Seixal, Almada e Sesimbra sente todos os dias, provocadas pela falta de equipamentos de saúde no distrito de Setúbal. O deputado do PSD do distrito de Setúbal, Bruno Vitorino, acusou ontem o PS de não ter feito nada em relação à construção do novo Hospital do Seixal durante os seis anos em que foi governo, altura em que o país tinha todas as condições financeiras para o fazer, afirmando que “não fez nada do que prometeu, mas assim que passou para a oposição, exigiu a construção imediata do mesmo”. 
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Com esta votação do dia 18 de Dezembro ficou também assumido pelo partido que suporta o Governo que o processo de construção do hospital no concelho do Seixal será retomado o quanto antes, face à carência de meios na península de Setúbal.
Importa também referir que está agendada uma reunião com o ministro da Saúde, no dia 29 de Dezembro, que irá receber os presidentes das câmaras municipais do Seixal, Almada e Sesimbra e onde lhe será apresentado todo o processo desenvolvido até ao momento.
A Câmara do Seixal "considera que este foi um passo de extrema importância para o avanço da construção deste equipamento que irá permitir que as populações do Seixal, Almada e Sesimbra possam ter melhores condições de acesso aos serviços de saúde, situação que atualmente não se verifica".
Na passada quinta-feira, a autarquia aprovou, em reunião de câmara, uma tomada de posição pela necessidade urgente de construção de um hospital no concelho do Seixal, onde foi exigido "o cumprimento do acordo estratégico de colaboração para o lançamento do novo hospital localizado no Seixal, em toda a sua extensão, em particular no que respeita ao perfil assistencial".

PSD teme que PS queira “vender gato por lebre”
O deputado do PSD do distrito de Setúbal, Bruno Vitorino, acusou ontem o PS de não ter feito nada em relação à construção do novo Hospital do Seixal durante os seis anos em que foi governo, altura em que o país tinha todas as condições financeiras para o fazer, afirmando que “não fez nada do que prometeu, mas assim que passou para a oposição, exigiu a construção imediata do mesmo”.
No âmbito da discussão de uma petição pela construção do Hospital do Seixal e também da apresentação de dois Projetos de Resolução do BE e PCP sobre o mesmo tema, o social-democrata mostrou-se “espantado com aquilo que é o descaramento dos dirigentes do PS”.
“Em 2005 ganharam com a maioria absoluta. O hospital do Seixal já estava na agenda política. Em 2009 com objetivos apenas eleitoralistas assinaram um protocolo com a autarquia. Até 2011 continuaram no Governo e não fizeram mais nada”, sublinha.
Bruno Vitorino realça que durante os seis anos em que o PS foi governo, nada foi feito sobre este assunto, ainda para mais quando ainda existiam verbas para a sua construção e sem os condicionalismos impostos pela troika.
O deputado do PSD disse ainda que o PS “não só não construiu o hospital, como deixou o país na miséria, cheio de dívidas”, enquanto que o governo do PSD/CDS-PP construiu novos centros de saúde em Santo António da Charneca, na Quinta do Conde, Sines e duplicou a oferta na rede de cuidados continuados e paliativos no distrito, aumentando ainda o número de médicos de família.
“Pagámos os muitos milhões de euros da divida socialista também aqui no distrito. Neste momento, temos um governo do PS, BE e PCP. Agora cumpram, deem às pessoas aquilo com que se comprometeram”, refere o deputado social-democrata.
Bruno Vitorino espera ainda que a construção do Hospital do Seixal, “não seja uma daquelas promessas iguais a tantas outras que o PS tem feito na região e no país”, esperando agora que o mesmo seja construído e que se garantam os meios financeiros e de recursos humanos para o seu funcionamento, e que, já agora, possam ser construídos os outros centros de saúde que prometeram na Baixa da Banheira, no Alto Seixalinho (Barreiro), em Corroios e em Foros da Amora.
“Mas não façam é o que é vosso costume fazer. Não construam um centro de saúde para depois lá coloquem uma placa a dizer que é um hospital. Isso seria mentir às pessoas”, conclui.

BE quer reforço do acesso aos cuidados primários de saúde na península 
O Bloco de Esquerda, que apresentou um dos Projetos de Resolução, refere "que as urgências do hospital Garcia de Orta, em Almada, encontram-se em absoluta sobrecarga, uma vez que este hospital foi construído a pensar numa população de 150 mil habitantes, mas actualmente tem um área de influência que corresponde a 450 mil pessoas.
Esta facto leva a que “os serviços estejam muitas vezes sobrelotados obrigando, desta forma, os utentes a esperas muito prolongadas", diz  BE.
“Acresce, pode ler-se no Projeto de Resolução, que devido às características geográficas do distrito de Setúbal, a deslocação entre localidades é muitas vezes dificultada e demorada”, sublinham os deputados do Bloco.
Esta situação leva os bloquistas a considerar a construção de um hospital no Seixal como “pertinente” recordando que em 2009 foi assinado um acordo estratégico entre o Ministério da Saúde e a Câmara  do Seixal.
Nesse acordo, relembra o Bloco, pode ler-se : “ o Ministério da Saúde pretende instalar no concelho do Seixal um hospital, integrado no Serviço Nacional de Saúde (SNS), que irá permitir racionalizar a oferta de cuidados de saúde na península de Setúbal, nomeadamente nos concelhos de Almada, Seixal e Sesimbra através de uma oferta articulada de excelência, organizada em função das aspirações de um SNS moderno, flexível, eficente e efetivamente ajustado às necessidades das populações”.
Para o Bloco os pressuposto então enunciados e que justificavam a construção deste hospital “não se alteraram” embora a construção do hospital tenha vindo a ser sucessivamente adiada.
Em relação aos cuidados de saúde primários, os centros de saúde existentes no distrito carecem, segundo o Bloco dos profissionais necessários para “providenciarem uma correta e atempada reposta aos seus utentes”.
A finalizar, o projecto de resolução sublinha que "o acesso à saúde é um direito fundamental das pessoas e um bem essencial para o seu bem-estar e para a qualidade de vida". 
Este Projeto de Resolução foi aprovado com os votos do PS, Bloco, PCP, PEV e PAN. O PSD e o CDS-PP abstiveram-se.


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