Melo Pires deixa liderança da Autoeuropa em Palmela

Gestor vai assumir a vice-presidência da produção da VW para a América do Sul

O director-geral da Autoeuropa, António Melo Pires, vai deixar a fábrica de Palmela. Cinco anos depois de suceder ao alemão Andreas Hinrichs, o dirigente deixa a unidade portuguesa da Volkswagen para assumir o cargo de vice-presidente de produção da marca germânica para a América do Sul. A notícia de que o primeiro português a liderar a Autoeuropa vai deixar o projecto foi avançada pela TVI. António Melo Pires vai assumir as novas funções em Janeiro e ainda não foi anunciado o nome do seu sucessor. Mesmo numa altura conturbada para a Volkswagen, a braços com um escândalo de manipulação de gases nocivos que afecta cerca de 11 milhões de veículos em todo o mundo, o grupo já garantiu que vai manter o investimento numa das maiores exportadores portuguesas. 
António Melo Pires deixa fábrica de Palmela no final deste mês 

O director-geral cessante entrou nos quadros do grupo Volkswagen em 1992, ainda antes da entrada em actividade da nova fábrica, que apenas viria a iniciar a produção em 1995. Desempenhou depois várias funções em Palmela, sendo uma das quais a de director da área de prensas e carroçarias.
Em 2003, o engenheiro passou para a fábrica de Navarra para assumir o mesmo cargo, passando em 2006 para a actividade da Volkswagen no Brasil, tendo sido colocado como director de produção na fábrica de São Bernardo do Campo, em São Paulo.
Até 2010, antes de ser nomeado para a unidade portuguesa, Melo Pires estava, desde 2007, à frente da fábrica de Curitiba, no Estado do Paraná. Quando assumiu a liderança do projecto, a fábrica de Palmela [sua terra Natal] contava com três mil trabalhadores, sendo que agora emprega cerca de 3500 pessoas.
À Lusa, o coordenador da Comissão de Trabalhadores, António Chora, lamentou que os trabalhadores da Autoeuropa não tivessem sido oficialmente informados da alteração na chefia. Isto apesar de ele próprio ter sido informado no passado mês de Outubro, na Alemanha.
António Chora adianta ainda que a saída do director-geral se enquadra na política de rotatividade da empresa no grupo alemão: "Normalmente, as pessoas estão nestes cargos cerca de três anos. O engenheiro Melo Pires esteve cá cinco anos. Estava na altura de partir para outra aventura", refere o coordenador.
A notícia da mudança de director-geral na Autoeuropa surge numa altura em que está previsto um investimento de 677 milhões de euros na fábrica até 2019 para iniciar a produção de novos modelos.
Mesmo numa altura conturbada para a Volkswagen, a braços com um escândalo de manipulação de gases nocivos que afecta cerca de 11 milhões de veículos em todo o mundo, o grupo já garantiu que vai manter o investimento numa das maiores exportadores portuguesas. 

Bruxelas dá aval a apoio estatal de 36 milhões à Autoeuropa
O plano de execução integra contrapartidas estatais no valor de cerca de 36 milhões de euros, apoio que recebeu entretanto luz verde da Comissão Europeia.
Depois de dissipadas as dúvidas sobre o investimento da Volkswagen em Portugal, a fábrica Autoeuropa, detida pelo grupo alemão e uma das maiores empresas exportadoras do país, vê agora afastados os obstáculos de regulação de mercado. A Comissão Europeia concluiu que o auxílio estatal de 36 milhões de euros prestado à unidade de produção do em Palmela respeita as regras da concorrência da União Europeia.
O Governo tinha justificado a ajuda, que faz parte de um investimento total de cerca de 673 milhões de euros até 2019, com o facto de Palmela estar situada ”numa região desfavorecida de Portugal, registando, na altura da concessão do auxílio, um PIB per capita inferior à média nacional”. O investimento, que já está em curso (e cujo montante exacto tem variado ligeiramente na informação tornada pública), pretende dotar a empresa de tecnologia para a produção de novos modelos do grupo.
Na semana passada, um pouco mais de um ano após ter anunciado que estava a analisar o caso a fundo, a Comissão – que é o regulador do mercado comunitário – deu o aval ao apoio, considerando que a região tem o direito a “benefícios de auxílios de incentivo ao investimento”. Em comunicado, a Comissão considera que “o auxílio regional de 36 milhões de euros concedidos por Portugal à Volkswagen Autoeuropa para investir numa nova tecnologia de produção está em consonância com as regras da UE em matéria de auxílios estatais”.
De acordo com as estimativas apresentadas no ano passado, o investimento significa mais 500 postos de trabalho na fábrica. A estes, e tendo em conta os números verificados em anos anteriores, podem juntar-se outros 1500 empregos nas empresas de Palmela que orbitam a Autoeuropa.
A fábrica de Palmela é, de longe, a maior do género no país. Entre Janeiro e Outubro deste ano foi responsável por dois terços da produção automóvel em Portugal. A grande maioria do fabrico destina-se a mercados estrangeiros. A segunda maior fábrica é a do grupo PSA (da Peugeot e Citroen), em Mangualde, que produziu 29 por cento dos automóveis feitos em Portugal.

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