Autoeuropa, o bom gigante de Palmela há 20 anos

20 anos a construir para todo o mundo 

A Autoeuropa entrou em Portugal há 24 anos como um empreendimento conjunto entre a Volkswagen e a Ford, mas a fábrica de Palmela só foi inaugurada em 1995 e os primeiros carros a saíram – um monovolume da Ford e outro da Volkswagen – logo nesse ano. A Volkswagen assumiu, em 1999, a totalidade do capital da empresa, por essa altura assistia-se ao auge da produção da fábrica (quase 140 mil carros num ano), escreve o jornal online Dinheiro Vivo. A produção saída de Palmela tem variado ao longo destes 20 anos, mas há um dado constante: o que é ali produzido é quase tudo para exportar. O bom gigante de Palmela já tem a garantia de mais um investimento de 677 milhões de euros e de um novo modelo que deve ser apresentado em 2016.
Autoeuropa é um dos maiores exportadores nacionais 

De facto, a  produção saída de Palmela tem variado ao longo destes 20 anos, mas há um dado constante: o que é ali produzido é quase tudo para ir para fora do país. Nasceu como o maior investimento estrangeiro alguma vez feito em Portugal, está nos lugares cimeiros do top geral das mil maiores empresas nacionais e é, sem grande surpresa, uma das maiores exportadoras portuguesas.
A Volkswagen Autoeuropa aumentou o volume de exportações, em 2014 (um ano de má memória para a marca alemã de automóveis), em 142 milhões de euros, e foi a maior exportadora de bens em Portugal. Da fábrica de Palmela saíram, em 2014, mais de 100 mil carros (dos três modelos produzidos: Sharan, Seat Alhambra, Eos e Scirocco) e 99,1 por cento dos quais são para exportação. 
Tem sido assim desde que a empresa foi fundada, em 1995, sendo os seus principais mercados a Alemanha (34,4 por cento), China (15,7 por cento) e o Reino Unido (11,8 por cento). É a terceira exportadora deste ranking (juntando as exportadoras de bens às de serviços), mas, sozinha, a maior fábrica  de automóveis de Portugal representa 3,5 por cento do total das exportações realizadas pelas mil maiores empresas nacionais. No ano passado aumentou em 142 milhões de euros as exportações que hoje significam 80,4 por cento do volume de negócios da empresa. 
Curiosamente, o segundo maior salto no top 10 das exportadoras de serviços verificou-se na Faurecia – Sistemas de Escapes, sediada em São João da Madeira, outra fábrica do ramo e a principal fornecedora da Autoeuropa. O acréscimo, de acordo com a análise da consultora Baker Tilly, “deveu-se essencialmente ao grande crescimento do seu volume de negócios, que ascendeu a quase 30 por cento, em relação ao período anterior”. 
A gigante alemã de que faz parte a fábrica de Palmela, a Volkswagen, enfrentou neste ano o maior escândalo da sua história, com o dieselgate e a manipulação dos resultados dos testes das emissões poluentes de meio milhão de carros a gasóleo. Os resultados de 2015 serão incontornavelmente afetados por este caso que envolveu 11 milhões de carros da marca. A empresa constituiu uma provisão de 6,5 mil milhões de euros para responder ao caso, o impacto vai refletir-se nas contas deste ano.

Os bons exemplos 
Empresa emprega cerca de 3600 pessoas e quer crescer mais 
Há duas décadas foi o maior investimento estrangeiro realizado em Portugal e hoje o grupo já tem a garantia de mais um investimento de 677 milhões de euros e a promessa de mais emprego para a região.  António Melo Pires [que abandona o cargo de presidente da fábrica de Palmela em Janeiro] e António Chora explicam o que está por detrás do sucesso. O presidente da fabricante diz que um dos segredos são as relações laborais: "Não se deve misturar política com relações laborais", sendo que "tem muito que ver com o facto de se negociar na óptica da necessidade da empresa e dos trabalhadores e não na óptica de uma política sindical nacional ou regional". 
Também o representante dos trabalhadores assegura que "há um clima de confiança mútua” entre a administração e os funcionários, “e na maior parte do país, infelizmente, não é assim". A fábrica de Palmela emprega hoje 3600 funcionários (e mais uns quantos indirectamente nas empresas que gravitam à volta do parque industrial), tem um peso superior a três por cento nas exportações portuguesas e representa um por cento do PIB. E quer continuar a crescer. 
Certa da importância – já confirmada há largos anos – deste investimento para a criação de emprego qualificado e para a atração e fixação, quer de investimento complementar no setor, quer de novas populações, a Câmara de Palmela apoiou, desde o primeiro momento, a implantação da Autoeuropa no concelho e "as duas entidades têm sabido trabalhar em conjunto para afirmar o projeto, no âmbito desse objetivo comum que é o desenvolvimento integrado e sustentável do território", refere a autarquia.
Do forte sentido de responsabilidade social com que a Autoeuropa tem sabido colocar-se ao serviço das instituições regionais e participar em estruturas de participação e definição das linhas estratégicas de desenvolvimento (caso do Fiapal – Fórum da Indústria Automóvel do concelho de Palmela) à implementação de projetos educativos conducentes à formação de jovens profissionais especializados no setor (de que a Academia ATEC – uma parceria entre a Volkswagen, a Siemens, a Bosch e a Câmara de Comércio e Industria Luso-Alemã – é um excelente exemplo), a Autoeuropa tem sido um parceiro privilegiado, que faz a diferença. Em Palmela, na região, no país e no mundo.

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